segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Eram 10 horas da manhã quando desembarquei na Estação da Campanhã.
Dois amigos esperavam-me.
- Levem-me por favor ao jardim do Monte Tadeu. Ou agora ou depois do almoço.
Efectivamente antes de partir tinha decidido visitar o local. Ir ao Porto e não ir ver o Pinheirinho seria um sacrilégio. Ainda o carro não tinha parado já o avistava festivamente engalanado para a quadra do Natal.
Aproveitei e tirei algumas fotografias.
Voavam por ali alguns pombos. Um deles tentou poisar-me no ombro.
Uma simpática senhora, moradora naquele bairro, que passava naquela altura, informou-nos que dias antes tinham roubado o presépio que estava junto à pequena árvore. Conversámos mais algum tempo e toca de ir à comezaina.
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Ora bem, cada um só é responsável pelo que diz e pelo que faz.

No meu caso, tendo iniciado uma espécie de folhetim, para combater a atitude deveras reprovável do Sr. Mário de Sousa, de que, estou convencido, ele tem plena consciência, decidi, depois do episódio relatado, interromper definitivamente o “Solidão, solidão”.

Mais. Pode o Sr. Mário de Sousa fazer uma máquina que automaticamente, à simples pressão sobre um botão, despeje durante 24 horas catadupas de mensagens iguais, de comentários clonados uns nos outros, que eu, não voltarei a criticá-lo.

Não lhe dirigirei nem mais uma única palavra.
Não por ele, pobre Mário Solitário, mas pela simplicidade e simpatia daquela senhora, que não nos conhecendo, foi tão atenciosa connosco.

Ela não tem culpa do seu comportamento, Mário de Sousa.
A.M.

domingo, 20 de dezembro de 2009

aqui
http://www.youtube.com/watch?v=HbBjOs8gE5w

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Parece não haver remédio para isto. Que avancem os bichos-de-conta!

Desde 2003 que este lugar, colocado à disposição dos cidadãos, leitores ou não leitores do JN e que deveria merecer o cuidado de todos, não atingia um nível tão baixo. Este Fórum onde nos movemos e que dá pelo nome de “Blogues do Leitor” é propriedade da Controlinveste.

A Controlinveste estabelece as regras a que os utilizadores devem obedecer e reserva-se o direito de cercear comportamentos que violem determinadas formas de conduta.

Consultando, em rodapé, os “termos de uso e política de privacidade” encontramos, por exemplo, um comportamento “terminantemente proibido”:

“Colocar a mesma mensagem, ou séries de mensagens semelhantes para uma ou mais secções ou posts (excessivo "cross-posting" ou "multiple-posting").

Como é possível, que ao longo de meses, um senhor que se intitula engenheiro, consultor de comunicação, projectista e investigador, licenciado como técnico superior em avaliação da qualidade de estudos de pacto ambiental, responsável pelo pelouro do ambiente da secção de residência de Bonfim-Porto do partido socialista, de nome Mário de Sousa, mais conhecido por Mário Tadeu porque também diz ser sócio fundador e presidente da comissão de moradores do Monte do Tadeu, venha sistematicamente empastelando (termo usado na guerra aérea para definir o bloqueamento dos radares) todos os espaços reservados para posts e comentários, multiplicando incansavelmente velhos e velhíssimos textos que o 1º de Janeiro, não sei porque razão lhe vai publicando.

Hoje, dia 16 de Dezembro de 2009, às 19H30 minutos o referido sujeito, com os nicks de Transparente, Abelha Manuela Leite e Rosas no Jardim atafulhou completamente os dois espaços referidos, com a repetição exaustiva dos seus trabalhos.

Afinal o que significa “cross-posting” e “multiple-posting”?

E de que serve afirmar que se tem poder para anular estes comportamentos se na realidade este exemplo dura há tantos meses, pondo os nervos em franja aos já poucos residentes que ainda resistem?
A.M.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Entre a delicadeza e a grosseria

Não deve haver ninguém que sendo convidado para jantar em casa de amigos não tenha sido confrontado, durante o repasto, com a sacramental pergunta da anfitriã:
- Então? Está bom?
- Está uma delícia, minha amiga! Divinal!
Manda a delicadeza, a boa educação e o respeito pelo sentimento dos outros que respondamos deste modo, mesmo que a paparoca esteja um pouco menos do que intragável.
Há, todavia, quem defenda que a mentira piedosa não tem razão de ser e, sejam quais forem as circunstâncias, a verdade nua e crua deve ser dita. Não proceder deste modo, é sinal de cinismo e embuste – acrescentam.
Se eu criticar a sopinha porque está salgada, ou pedir um serrote para cortar o bife, o mais certo é nunca mais ser convidado para jantar por estes amigos. E terei muita sorte se o episódio não circular rapidamente contribuindo de modo decisivo para o meu isolamento.
Todavia, também podem surgir alguns problemas se eu mostrar algum apreço pelo menu.
Há uns anos, durante um jantar em casa de um amigo com quem tenho alguma confiança, serviu-me um vinho, que tinha comprado numa passagem por Pias, (e que bela pinga ali há). Este, contudo, era uma zurrapa sem classificação possível.
Lá veio a sacramental pergunta:
- Gostas deste vinho?
- Não é mau. É agradável.
- Comprei um garrafão dele, mas não me sabe bem.
Tempos mais tarde veio a minha casa e trazia o garrafão do dito:
- Como gostaste, lembrei-me de o trazer.
Raios, não se pode ser bom – pensei com os meus botões.
No dia seguinte lembrei-me que tinha comprado na feira das Caldas meia dúzia daquelas estupendas e inovadoras caixas que se usam para embalar o vinho e que têm a enorme vantagem de não o deixar oxidar à medida que o vamos usando e… zás, toca a trasfegá-lo
Foi parar à arrecadação onde ficou esquecido durante mais de dois anos.
Precisamente até ao dia em que depois de uma visita que me fez, lhe resolvi oferecer um vinho que tinha comprado na cooperativa agrícola de Alenquer, com fama de ser uma pomada de se lhe tirar o chapéu.
E lá foi ele, de regresso a casa, carregando o mesmo vinho que me tinha oferecido anos atrás.
Quando voltei a encontrá-lo não resisti a perguntar-lhe:
- Então o briol? Que tal?
- Olha, já não resta nada! Que espectáculo!

Ainda hoje não sei se a zurrapa se tinha regenerado, ou se esse meu amigo também pertencia ao grupo das pessoas delicadas, que não gostam de ferir susceptibilidades.
A.M.

sábado, 12 de dezembro de 2009

DAVID

Estátua de David, obra prima de Miguel Ângelo, permaneceu
durante 2 anos em exposição nos EUA

Regressa dois anos depois à Academia em Florença


COM O PATROCÍNIO DE

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Espelho meu, haverá pessoa mais caridosa do que eu?

Quase todos os dias vejo a minha cara ao espelho.
Apalpo os queixos para sentir o tamanho da barba, olho para as dentuças enquanto as esfrego com toda a genica, avalio o prazo para cortar o pouco cabelo que ainda me resta e de modo perfeitamente automatizado reajusto o que vejo com o tempo que tem, para não ser surpreendido mais tarde.
Conheço gente que acordou velha um certo dia. Uns porque não se viam ao espelho, outros porque tinham o sistema automático avariado.
Lembro-me de um colega da tropa que olhava deliciado para a sua figura no espelho e exclamava para que todos ouvissem:
- Meu Deus, porque me fizeste tão belo!?
Sei que morreu cedo o que me leva a pensar que o vaticínio de vida curta que Tirésias fez a Narciso se aplica a todos os narcisos.

Como é evidente quando aparece alguém dizendo que aquilo que eu vejo no espelho todas as manhãs é o resultado das decisões que tomei ao longo da vida, não se está referindo ao aspecto físico mas sim ao meu comportamento em sociedade.
Não acredito que isso se veja ao espelho. Admito, contudo, que seja uma figura de estilo procurando introduzir a consciência na jogada.

“Somos o resultado das nossas ofertas” - dizem-nos também.
Claro, que não são só ofertas financeiras (mas também, digo eu) porque essas são as mais fáceis de dar e qualquer um pode dar, temos, principalmente, de dar a vida, o nosso tempo, a nossa dedicação, os nossos esforços e o nosso amor.

Pois.

Pergunto com toda a candura que me inunda neste glorioso momento de concentração e meditação, o que vê o Bispo Edir Macedo, quando se mira ao espelho.
Será que não se envergonha de ter adquirido bens de enorme sumptuosidade à custa da boa-fé, da ingenuidade e caridade de pessoas tementes a Deus, usando, por exemplo, textos bíblicos para incitar os fiéis a pagar dízimos?
O que reflectirá tal espelho?
Talvez o ar preocupado de quem está indiciado por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil e Edir Macedo descobriu Portugal.
Será vingança?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Este tem 174 anos e está de boa saúde

Há dois ou três meses, creio eu, o nosso JN noticiava que o mais antigo jornal da região do Porto (o mais antigo é o Açoriano Oriental) tinha sido alvo de uma acção de penhora, havia trabalhadores com salários e subsídios em atraso e os jornalistas despedidos ilegalmente há um ano continuavam à espera de receber as devidas quantias.
Precisando a gravosa situação informavam que tinham sido confiscados 12 computadores, duas impressoras e um televisor por um credor da Nort Press na presença de um oficial de justiça, com a finalidade de saldar uma dívida de 3000 euros.
Por sua vez o Sindicato dos Jornalistas já tinha denunciado que os 5 (cinco) jornalistas que se encontram a “aguentar” o jornal já não recebiam vencimento há três meses, e a Autoridade para as Condições de Trabalho já tinha feito uma visita às instalações.
O JN terminava dizendo que as tentativas para contactar a direcção de “O Primeiro de Janeiro” tinham sido infrutíferas.

Porque voltar a falar deste assunto três meses depois?

Ora adivinhai.

Algumas pistas:
Terá o Jornal de Notícias de suportar as incursões no seu espaço de um jornalista frustrado, que apensa umas coisas nas “Opiniões” do moribundo Primeiro de Janeiro?
Numa análise "Causa/efeito" : o jornal afunda-se por ter jornalistas deste jaez ou pelo contrário, afundando-se, proporciona que se lhe agarrem ao casco os parasitas gastrópodes que proliferam naquelas águas?

sábado, 5 de dezembro de 2009

Belo exemplo

Muito bem!
Através dum artigo publicado no 1º de Janeiro no dia 4 de Dezembro de 2009 pelo Sr. Eng. Mário de Sousa, fiquei a conhecer o Sr. José de Sousa, que morando na freguesia de Vilar de Maçada, se levanta todos os dias à 7 horas da manhã e confortavelmente agasalhado com um belo sobretudo de lã, avança a pé para a sua empresa de estudos e projectos na cidade de Alijó. Belo exemplo de cidadão que participa activamente nos destinos do seu concelho, sem faltar uma vez que seja às assembleias de câmara ou de freguesia.
Todavia o Sr. Eng. Mário de Sousa que certamente gostaria expandir o seu artigo pelo JN, DN, Sol, Correio da Manhã, Expresso e, atravessando fronteiras, ocupar um pequeno espaço no Le Monde, El País ou Corriere della Sera, procura, por uma questão de equilíbrio emocional, expandir o mesmo artigo 544 vezes no “Blogues do Leitor” do Jornal de Notícias, empurrando para fora do painel todos os comentários dos outros cidadãos.
Deste modo, um trabalho limpo, bem elaborado, que podia sensibilizar os leitores, transforma-se numa autêntica praga que só com doses maciças de carrapaticida, como o Butox, poderá eliminar.

Este comportamento do Sr. Eng. Mário, que afirma ser militante do PS, é conhecido de toda na gente que frequenta este espaço e creio que também dos responsáveis que em nome do JN o controlam, dado que devem ter recebido muitas queixas.
Todavia, tudo continua na mesma.
O Sr. Mário atafulha o Blogues do Leitor com a repetição exaustiva do mesmo comentário como se não houvesse cura para tal praga.

Numa altura em que a corrupção está na ordem do dia e os portugueses começam a exigir medidas que a combatam, vemos o PS a “patinar” na Assembleia da República, procurando anular as propostas que se fazem nesse sentido.
Ou seja, sendo a corrupção condenada por toda a gente, há ainda quem procure reduzir ou anular as contra medidas.

Ora, façam o favor de distribuir um cargo público por este sr. Eng. que ele não deixará certamente de reclamar por causa dos buraquinhos que existem nas vossa ruas, embora, podem contar com isso, vos ultrapasse pela direita para ganhar alguns lugares na fila de carros, ou se meta á vossa frente na bicha para o pão.

Porque isto é tudo uma questão de educação, sem a qual, o sentido de cidadania não existe.

O Sr. Engenheiro Mário de Sousa é o exemplo típico da maioria dos políticos da nossa praça – servem-se dos cidadãos anónimos para atingirem objectivos pessoais.
Para além de não lhes votarem a mínimo respeito até dá a impressão que os odeiam.

Por mim pode continuar a gozar connosco.
Farte-se até apanhar uma indigestão que o fulmine num ápice.
São os meus votos,
A.M

domingo, 22 de novembro de 2009

Mutatis mutandi

Se por acaso os comunistas fossem aquilo que muitos pensam e corajosamente debitam aqui neste espaço, eu escolheria ser outra coisa qualquer.
Outra coisa de que a intolerância, a agressividade, a má educação, a falta de respeito e mesmo alguns laivos de filosofia fascista, estivessem arredados.
Perdoai-me a irritação,
A.M.

Sr. Joaquim Freixo,

Muito haveria a dizer a respeito do seu comentário “Vicissitudes do Comunismo”. Tentando ser o mais sucinto possível apenas digo o seguinte:

Ao relatar que Heliodoro Frescata veio a Portugal logo depois do 25 de Abril e regressou a Moçambique um mês depois, no meio de grande tristeza, devido ao clima de terra queimada que os comunistas pretendiam implantar, está a usar esta passagem da sua vida para criticar o 25 de Abril em especial e os comunistas em particular.
Omitiu, propositadamente, que Heliodoro Frescata regressou definitivamente a Portugal em 1977 e leccionou no Centro de Instrução Militar da Força Aérea sito na Base Aérea nº 2, na Ota, até 1988, quando se reformou.

Omitiu este facto para que ficasse a pairar a ideia de que o Dr. Frescata ficara tão decepcionado com o 25 de Abril que fugira a sete pés para o seu tugúrio em Moçambique. Simultaneamente, com esta omissão, criou o espaço necessário para lhe atribuir as duas vertentes em que ele dividiria os comunistas.
Só quem não conhecesse o Dr. Frescata lhe assacaria essas frases, cujo conteúdo, aliás, envergonharia qualquer filósofo.

A 1ª vertente: “comunistas sinceros, aqueles que ainda não atingiram a maturidade para perceber que o comunismo é utópico e impraticável, etc.

Aos 73 anos fico a saber que não estou maduro.
Se estou verde, é de raiva ao ouvir tais considerações.

A 2ª vertente: Comunistas oportunistas, todos aqueles que atingiram a maturidade e percebendo aquilo que os não sazonados ainda não descobriram, continuam comunistas aproveitando em benefício próprio, lugares de relevo na sociedade e no partido.

Se aos 73 anos, eventualmente atingi a maturidade, não sou militante do partido, não desempenho nenhum lugar remunerado governamental ou autárquico também não me enquadro neste grupo.

Logo, não existo, penso eu..?!

Parafraseando uma alocução muito usada pelo nosso saudoso Dr. Frescata que na Ota leccionou durante 10 anos, eu diria:
“Mutatis mutandi” … a sua história, caro Sr. Freixo, é efectivamente honesta.
A.M.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Oremos!

Rezar, rezar, rezo eu todos os dias, quando confrontado com as inconformidades duma sociedade onde os melhores valores humanos vão perdendo significado como se essa fosse a evolução natural do homem.
Vale tudo!

A palavra dada deixou de ser certificado de garantia; a tramóia engendrada entre duas bicas à mesa do café passou a ser um negócio respeitável; as falências, que antigamente, originavam suicídios por desonra, são agora programadas e aconselhadas;
o conto do vigário está de boa saúde; o canto da sereia ganha discos de platina; a história do "lá vem o lobo" deixou de fazer sentido porque a mentira já tem peso positivo no currículo das pessoas e cada um por si, procura "passar a perna ao seu semelhante.

E por isso rezo. Não orações, mas resmungos. Entre dentes... de raiva.

De raiva por ver que em pleno século XXI a ignorância e a simplicidade de um mar de gente ainda é suficiente para alimentar exércitos de vigaristas que sem qualquer pejo, abordam as pessoas com a mais seráfica máscara que conseguem afivelar, para lhes sacarem os últimos tostões que têm na carteira.

Aparecem por todo o lado, entram em tudo que é sítio fazendo promessas, não só de salvação eterna e lugar no paraíso, mas principalmente de sucesso, riqueza e luxo nesta vida, agora, já.

Até já passam certidões de garantia!

A.M.

domingo, 15 de novembro de 2009

Filmado em África, Amazónia, Croácia e New York. Emocionante!

Conheceis este canção de Michael Jackson?

O vídeo é do single de maior sucesso de Michael Jackson no Reino Unido, que não foi nem "Billie Jean", nem "Beat it", e sim a ecológica "Earth Song", de 1996.

Dizem que não foi editado nos EUA.

Por vergonha?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A proliferação de seitas

Os católicos chamam-me ignorante por não acreditar em Deus.
Porque odeio os livros, porque não tenho capacidade para entender o que está escrito nos manuais religiosos, porque sou teimoso como um burro, porque sou preguiçoso e nunca me preocupei em averiguar, estudar, aprofundar e vasculhar as bibliotecas á procura da verdade suprema, que numa simples equação me demonstre a razão da minha existência, sou considerado um náufrago mergulhado até ao nariz no mar da ignorância.
Não façam ondas!

Depois batem-me à porta as testemunhas de Jeová, tentando salvar-me a alma. Vêm regularmente. Eu pergunto-lhes se não têm um ficheiro onde eu esteja catalogado como ateu para evitarem a caminhada até à minha porta, mas eles respondem que, entretanto, eu posso ter sido atingido por um raio de luz que fragilize o meu estado de não crente.
Um desses apóstolos, que por acaso também era bombeiro, ainda sugeriu que na hora das aflições é que a gente invoca Deus e vai de me contar alguns episódios da sua longa prática assistindo sinistrados em acidentes rodoviários.
Como isto se passa “vis à vis” não há insultos, mas calculo que ao virar da esquina já vão comentando sobre a minha ignorância.

Também sou uma grande besta por não acreditar nas naves espaciais que circulam pela nossa atmosfera, carregadinhas de extraterrestres que vigiam e zelam pelas nossas vidas às ordens de Ashtar Sheran, Comandante da Frota dos Homens do Espaço.

Das discussões neste espaço sobre o celebérrimo Allan Kardec e o Espiritismo também levei umas bordoadas de um nosso amigo que mais tarde tivemos o prazer de conhecer pessoalmente e verificar que afinal era uma pessoa igual à gente. Que lhe terá acontecido? Gostava de revê-lo no próximo convívio.

Temos agora a Grande Fraternidade Branca, cujos mestres nos querem ensinar a assumir a nossa espiritualidade. Como parece que ainda não têm uma sede, precisam de caroço para se organizar. Somos deste modo solicitados para comprar alguns dos seus vários produtos que nos permitirão progredir na compreensão dos ensinamentos dos “Mestres Ascensos” e da importância da “Chama Violeta”.
Temos na montra das compras o livro “Razão de Viver” da psicóloga alquimista Maria Lúcia Vieira; o livreto de orações “Comandos de Luz”; “Japa-Malas de cores diversas; uma imensa variedade de CD’s sobre as 108 “Ave Marias” e “Pai Nosso” e até nada mais do que 25 mantras, para além de um variado stock de músicas alusivas a este ramo da espiritualidade. Branca com alguns laivos violetas.

Confesso que não tenho tempo e se o tivesse também não teria disposição para me embrenhar em mais redes da nebulosa místico-esotérico, redes que nascem um pouco por todo o lado mas principalmente na América do Sul e também na do Norte.
O Brasil deve bater todos os recordes.

Pronto!
Atirem agora. Já instalei a defesa anti-aérea.
A.M.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Corrupção

Alguns amigos simpatizantes do partido que ganhou as últimas eleições legislativas sem obter maioria absoluta, teceram aqui alguns comentários criticando toda a oposição por tender a obstaculizar a aprovação do programa do Governo que será votado na Assembleia.
Foram culpados, segundo dizem, por não quererem fazer coligações, nem acordos de qualquer espécie, que permitisse ao PS, a quem os eleitores retiraram a maioria, governar o país como se a tivesse. Não sabendo - parece que ninguém sabe - o que se passou nas reuniões promovidas pelo Sr. Primeiro Ministro, partiram do princípio que rejeitaram óptimas propostas e algumas cedências para integrarem o executivo.
Orgulhosos, é o que eles são! E mal agradecidos.

O nosso sistema político está organizado por partidos como está definido constitucionalmente. Cada partido elabora os seus programas e sujeita-os a sufrágio popular. Se alguns são parecidos, há outros muito divergentes. Por mais obsoletos ou inexequíveis que sejam, se tiverem apoio popular que permita eleger deputados, podem, mas não devem, rasgar os compromissos que assumiram.
Tudo bem, nunca serão governo, e a única hipótese que lhes resta é poderem ser úteis para impedir que governos minoritários façam o que lhes apetece.

Depois, temos ainda um outro aspecto a considerar.
Sou defensor de pactos de regime em matérias como a educação, as obras públicas ou a saúde, para evitar os custos nos recuos, anulações de contractos, mudanças de política nalguns sectores, que acabam sempre por recair sobre os pobres contribuintes. Não tem pés nem cabeça que depois de alguns milhões gastos em estudos de projectos, venha um governo alternativo e anule tudo para aplicar a sua alternativa.
Acontece que os partidos que se têm alternado no poder são o PS e o PSD pelo que devem ser eles a estabelecer pactos de regime. Não tem pés nem cabeça fazer pactos de regime com quaisquer outros partidos da oposição. Ou tem?

Depois de algumas leituras feitas neste espaço creio que posso concluir que existe um largo consenso sobre os malefícios da corrupção entre os simpatizantes dos diversos partidos políticos. Se isto se passa no meio de grupos sociais tão heterogéneos como este, porque razão existe tanta reticência nos diversos governos que se têm alternado no governo em aceitar propostas que possam combatê-la?

E agora, já foi entregue outra na Assembleia, por deputados de uma minoria acusada de obstaculizar este governo.
Será que Sócrates, tendo-se exaurido a oferecer lugares e a fazer cedências aos partidos da oposição em reuniões à porta fechada, estará agora disposto a aceitar e a discutir esta proposta, dando, então sim, um sinal claro do seu interesse em fazer acordos.
Sim, porque um acordo, neste contexto, significa: harmonia de vistas, concordância colectiva, conformidade. O que implica cedências de parte a parte.

Houve algumas? Ora digam cá.
A.M.

domingo, 1 de novembro de 2009

Ena tantos gigas de triliões de Quilómetros!!!!

O Telescópio Espacial Hubble numa órbita a cerca de 600 km da Terra, vai observando o Universo usando comprimentos de onda que vão dos ultra violetas aos infravermelhos.
A melhor fotografia feita por este telescópio mostra a galáxia do Chapéu
(M104).

Situa-se a 28 milhões de anos luz do nosso sistema solar.

1 ano luz representa:
9.460.000.000.000 km

Deste modo esta galáxia está a: 194.880.000.000.000.000.000 kms da Terra.

Caramba! Definitivamente não vou discutir problemas passados há 2000 anos.

E não me importo que me desanquem pelo meu ateísmo.

Perante esta enormidade eu nem sequer existo!

A.M.

sábado, 17 de outubro de 2009

Livralhada

Não é todos os dias que um Conde, colocado a meio da tabela hierárquica da nobreza, se digna comentar um electricista metido a encadernador. Ou será que um curto-circuito te danificou a instalação.
Aqui tens a situação sob a forma fotográfica. Está no topo.
Só lhe falta meter os arreios na lombada, (tal como os outros) mas como te disse não estou apto para fazer esse trabalho. Na primeira oportunidade tratarei do assunto. Tem calma.
Abração,
A.M.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sobre a amizade - Uma curta reflexão

Nunca me passou pela cabeça pegar numa picareta e numa pá e desatar a cavar à procura de amigos. E conhecendo a lenda de Diógenes também não vou de lanterna acesa em pleno dia à procura deles. Não uso armadilhas para os caçar ao virar da esquina, nem possuo, sequer, qualquer manual que me ensine a conquistá-los.

A amizade é sempre espontânea. Solidifica-se com o tempo. É um afecto que não está sujeito a vicissitudes. A franqueza, lealdade, confiança e compreensão estão sempre presentes, mesmo entre pessoas de temperamentos, culturas e opiniões diferentes.

A amizade, contudo, muito dificilmente escapa à poluição de sentimentos.

Numa tentativa para esclarecer algumas dúvidas que possam existir no espírito dos residentes deste espaço que tive o enorme prazer de contactar pessoalmente distingo uma das seguintes citações:

De Lincoln: “Amigo é um homem que tem os mesmos inimigos que nós.”

De H. Hubbard: “É uma pessoa que nos conhece a fundo e que, apesar disso, nos estima.”

Creio que a conduta que tenho usado desde que entrei neste espaço desvendará facilmente que discordo de Lincoln e apoio com energia a definição de Hubbard.

A.M.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um peixe chamado Juliana

Título:
Um peixe chamado Juliana

Este era o título de um artigo no Ípsilon, suplemento do Público.
A primeira coisa que me veio à caixa do encéfalo foi a sopa Juliana. Em primeiro lugar porque gosto muito de sopa e desta em particular, mas também por ter lido qualquer coisa a respeito da origem deste nome para baptizá-la.
Segundo consta foi um cozinheiro francês que a inventou tendo resolvido apelidá-la com o nome da vila onde morava o seu patrão – Julienne.

Afinal para além da sopa também temos o peixe. Mas desta vez é o articulista a apelidar a cantora lírica Juliana Snapper de peixe. A referência é óbvia dado que ela se prepara para cantar na piscina do Clube Fluvial Portuense, acompanhada por cerca de 60 figurantes em “You Who Will Emerge from the Flood”.

Adivinho que vai ser um espectáculo memorável e tenho muita pena de morar tão longe.
Aconselho os meus amigos do norte a estarem presentes e, caramba, parece que só se pagam 5 euros da entrada.

Depois mandem notícias comentando o evento.

Prevejo que a célebre letra “foi um peixinho do mar que me ensinou a nadar”, vai passar a ser “foi um peixinho do mar que me ensinou a cantar”.

Sem complexos, claro está!
A.M.


terça-feira, 6 de outubro de 2009

O regresso das melgas

Caro Adriano Pedro,

Ao falar de cavernas e esconderijos teleguiou-me para Luanda, 1966.
Ocupando as minhas folgas de serviço com a leitura, adquiri ali muitos livros, entre os quais a Campanha Alegre I e II, que entretanto estou em vias de abater ao meu espólio dado que parece não ser possível reavê-los da pessoa a quem os emprestei.
Eça de Queiroz, numa das suas mais conhecidas e verrinosas críticas, comenta os diversos textos publicados na imprensa da época sobre a visita que D. Pedro II do Brasil fez a Alexandre Herculano, que vivia na sua quinta de Vale de Lobos.
Diz:
“Sua Majestade Imperial visitou o Sr. Alexandre Herculano. O facto em si é inteiramente incontestável. Todos sobre ele estão acordes, e a História tranquila.

No que, porém, as opiniões radicalmente divergem - é acerca do lugar em que se realizou a visita do Imperador brasileiro ao historiador português.

O Diário de Notícias diz que o Imperador foi à mansão do Sr. Herculano.

O Diário Popular, ao contrário, afirma que o Imperador foi ao retiro do homem eminente que...

O Sr. Silva Túlio, porém, declara que o Imperador foi ao Tugúrio de Herculano; (ainda que linhas depois se contradiz, confessando que o Imperador esteve realmente na Tebaida do ilustre historiador que...)

Uma correspondência para um jornal do Porto afiança que o Imperador foi ao aprisco do grande, etc.

Outra vem todavia que sustenta que o Imperador foi ao abrigo desse que...

Alguns jornais de Lisboa, por seu turno, ensinam que Sua Majestade foi ao albergue daquele que...

Outros, contudo, sustentam que Sua Majestade foi à solidão do eminente vulto que...

E um último mantém que o imperante foi ao exílio do venerando cidadão que...

Ora, no meio disto, uma coisa terrível se nos afigura: é que Sua Majestade se esqueceu de ir simplesmente a casa do Sr. Alexandre Herculano!”

Na verdade, caro Adriano, para evitar as melgas e a sua infecciosa “injecção” não há retiro que nos salve. Só há uma solução. Colocar mosquiteiros em portas e janelas de nossas casas para impedir a sua entrada. Se alguma conseguir passar por descuidada frincha, ter à mão um bom insecticida, é aconselhável.
Como sabe a melga é animal hematófago e se lhe faltar paparoca, fenece e morre naturalmente.
Vá por mim!

PS. Já me esquecia. Saindo à rua devemos fugir de pantanais ou poças de água putrefacta. Corremos o risco de levar bicada. O Fenistil é óptimo para esfregar na parte ferida. Agora até existe sob a forma de batom. Muito prático.


domingo, 4 de outubro de 2009

C'um catrino!

Cafarnaum?
Porquê?
Porque sendo uma das mais prósperas cidades da Galileia, colocada num extraordinário ponto estratégico, foi escolhida (usada) para instalar o principal ministério Jesus Cristo.
Os mais extraordinários milagres foram ali realizados!
Caramba!
Até um ateu se comove com a ressurreição da filha do chefe da Sinagoga.

C’um catrino!

Agora, passados mais de sessenta anos, dá-me para esta desafogo, pronunciado amiúde entre a moçada do meu tempo, quando era surpreendida por algum acontecimento.
- Ena, c’um catrino, que belas pernocas tem a professora de português!

Hoje, contudo, apetece-me averiguar o que é esta coisa de catrino, quanto mais não seja porque o género oposto, embora com K, foi dado a um devastador furação.
Aliás, levei muito tempo a interrogar-me a razão de darem nomes femininos aos furacões (termo do género masculino, cujo feminino o Marquês de Sade não desdenharia usar como cognome), até que li uma explicação (creio que num blogue): “Porque quando chegam, são selvagens e molhados, e quando se vão, levam sua casa e seu carro junto.”

Nas Beiras, “catrino” é um eufemismo para diabo. Mas também para termos incisivos ou pornográficos.
Ou seja,”c’os diabos!” é a exclamação equivalente. Mas também o é, “isto é que está um car…!”
Aliás, mais acima, em Trás-os-Montes, catrino é usado em lugar do palavrão que ficou aí, seguido de três pontinhos.

Catrina é uma roldana, o que, dada a sua forma redonda com um buraquinho no meio se conjuga muito bem com o catrino transmontano.

Mas c’um catrino, porquê?

Por causa de me ver obrigado a usar o Cafarnaum para oferecer a minha janela em Blogues do Leitor a quem não teve a sorte de passar por ali na mesma altura.
Com todo o carinho,
A.M.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Duas vezes é para o segundo andar

Uma história, curta que talvez sirva para ilustrar a minha experiência neste tipo de discussões.
Quando após o 25 de Abril, apareceram os LCI, os AOC, os MRPP, as UDP, os PCPR, os POUS, etc., etc., que não sei onde andavam antes, e eu ainda era apenas delegado sindical do Sindicato dos Electricistas do Sul e Ilhas,vi-me confrontado com este tipo de situações:
Nas reunião do sindicato para discutir qualquer assunto, alguns grupos, como por exemplo os militantes do MRPP, impediam que se marcassem tempos para discutir os diversos pontos da agenda de trabalho com o argumento de que a mesa queria sufocar a voz da classe operária.
Cedendo, os trabalhos prolongavam-se até às cinco ou seis da matina e muitas vezes alguns de nós íamos d'ali directamente para a fábrica, sem que os assuntos ficassem definitivamente resolvidos.
O pormenor mais interessante é que o elemento do MRPP que iniciava a reunião, era substituido por outro duas horas depois e este por um terceiro, quando não um quarto, ainda.
Claro que se entendia muito bem qual era a táctica, mas como a democracia estava no início e não se podia cortar a palavra a ninguém que não se fosse logo acusado de fascista ou social fascista, ali ficava a Mesa da Assembleia amarrada a esse preconceito.
Lembrei-me destes episódios depois de mais de trinta e tal anos, porque já não sei a quem responder.
Ao Fortunato Rigueira, ao Victor Simões, ao Pablo de Andrade, ao Marco Pratas ou à Carla Brunhoso?
Caramba, 33 anos depois, uma dose igual?
Gaita eu sou só um e vocês fazem turnos.
Ora deixem cá o velhote com as suas recordações que tenho mais que fazer.
Tá, Fortunato? Tá Carla? Tá Victor? Tá Pablo? Tá Marco?
A.M.


domingo, 13 de setembro de 2009

Grão Debate

Logo a seguir ao debate, ouvi alguns comentários, entre os quais o de Luís Delgado e o de Ricardo Costa e fiquei convencido que ainda há gente que julga que povo português é estúpido.


Manuela Ferreira Leite foi absolutamente cilindrada. Meteu os pés pelas mãos, mostrou que não estava preparada para o debate, não apresentou dados estatísticos nem para fundamentar as suas críticas, nem para contrariar as de Sócrates.

Também ouvi mais do que uma opinião afirmando que ela não tinha perfil para ser PM.
E o que afirmaram estes senhores?
Que Manuela Ferreira Leite tinha vencido porque superou as expectativas.

Realmente “a minha alma fica parva” ao ouvir tal argumentação.

Raciocinando:

Se alguém excede as expectativas é porque teve um desempenho melhor do que o esperado. Não se definindo qual o grau de exigência para alinhar à partida, pode-se admitir que um concorrente que conseguiu somar 2+2 teve um bom desempenho porque ninguém esperava que ele chegasse tão longe.

Mas aquilo não foi propriamente um exame. Era um debate, um anglicismo que só não foi contestado porque Graça Moura ainda não era vivo na altura. A gente já tinha a “discussão” para referir aquilo que ontem se passou e não precisava nada do “debate” (di’beit).
Não importando a origem de um e de outro vocábulo, qual o seu significado?
- Acto em que se esgrimem razões a favor ou contra determinado tema.

Como é lógico, depois de terminado, a apreciação é muito subjectiva dado que a formação e simpatias políticas concorrem para a formação das diversas opiniões.

Se por acaso tivesse havido algum equilíbrio naquela discussão, aqueles senhores nunca teriam referido que ela vencera por exceder as expectativas.

Isto digo eu, que não vou votar em nenhum dos dois, dado que, como isto anda lá por Bruxelas, só vamos escolher um gestor para gerir a coisa sem dissonâncias de maior com as regras da EU.
Todavia, a escolher entre os dois ainda preferia Sócrates a não ser que defendesse a teoria do “quanto pior, melhor”, caso em que votaria M.F.L.

Para amenizar, dado que esta coisa de eleições é repetitiva e nos provoca algum sono, deixo aqui uma graçola brasileira a propósito de debates, neste caso, parlamentares.
Um deputado brasileiro ao ouvir um seu adversário acusá-lo de ser um autêntico purgante, respondeu-lhe:
- E vossa excelência é o efeito!

Inté,
A.M.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Serafim e Malacueco

Durante algum tempo tentei compreender a razão deste súbito e irreprimível desejo de recordar os tempos de infância.
Quando o motor já fumegava e corria o risco de gripar, descobri.
Foi devido à associação de ideias, sempre muito útil nestas circunstâncias.
Já tinha passado em revista uma série de lugares, como o rio, a maracha, a escola, o Estádio da Caganita, o pontão, o Salgueiro e o Largo das Festas com os seus centenários plátanos, quando surge ao longe o Anselmo com a sacola dos jornais ao ombro.
Será que traz o meu “Mosquito”?
Trazia.
Mas não foi o Capitão Meia-Noite, nem o Tarzan, nem o Rip Kirby, nem os Flibusteiros nem o Cuto que determinaram esta rápida viagem às origens.
Foi o Serafim e o Malacueco.
Mais o Malaqueco do que o Serafim como está bem de ver.

Por causa da doação de órgãos

O termo "doação de órgãos" sugere que é necessário fazer uma declaração nesse sentido, mas na verdade julgo não ser assim.
Para não aproveitarem o meu rico coração e enfiá-lo num bilioso qualquer, é necessário que eu declare que não doo as minhas vísceras, seja para estudo, seja para transplante, para nada nem para ninguém.
Não fazer a declaração implica que me podem esvaziar o arcaboiço, o que certamente me tornaria mais leve para subir ao céu, mas que por outro lado me podia impedir de lá entrar, principalmente se já não levar coração.
Como sou ateu e por tal muito pragmático até acho que a lei, embora matreira, ainda fica aquém do que eu proporia: a disponibilidade absoluta dos corpos dos defuntos pelas unidades de transplantes e laboratórios de investigação para benefício de todos os viventes.
Porque te ris?
Sim, sim, para teu benefício, também!
Mas cuidado, como já informei aqui neste espaço quando da discussão sobre o mesmo tema, podemos sempre, deixar uma declaração orientadora do destino a dar aos nossos órgãos ou tecidos.
Ainda estou a pensar que recomendação deixar para o uso dos meus rins, do meu coração ou da minha figadeira.
Mas porque minha mente tortuosa ainda admite que depois de morto me possa vingar de alguns inimigos de estimação, já tive o cuidado de manifestar que desejo ver os meus ossos transformados em pipos de irrigador.
A.M.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

"South of the Border"

O cineasta Oliver Stone é um realizador americano, mais precisamente novaiorquino.
Diz-se que é controverso mas eu acho que deve ser comunista encapotado.
Isto é, quando produz “World Trade Center” está em mangas de camisa, quando executa Platoon veste uma samarra alentejana, quando lança Wall Street usa smoking, em W. vai em cuecas e agora enverga capote quando produz “South of the Border", que acaba de estrear em Veneza com a presença do presidente venezuelano Chávez.
Este director de cinema afirma que os meios de comunicação nos EUA e o próprio governo norte-americano procuram “demonizar” o presidente venezuelano para além de outros chefes de estado da América do Sul.
No filme ele é apresentado como o herói do povo que não teme confrontações com os mais poderosos.

Claro, o Oliver já tinha sido preso quando tinha 21 anos por causa da passa e portanto não merece crédito, é certamente um tresloucado, drogado até à medula.
Bem, um outro personagem que saiu de cena há pouco tempo dependia do álcool e chegou a presidente da maior nação do mundo.
Ali, tudo pode acontecer!
A.M.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Tamiflu

Tenho por hábito, se me dão tempo, de considerar todas as hipóteses possíveis (e até impossíveis) de uma história, de um acontecimento ou de uma notícia.
Creio que se tivesse adquirido bagagem suficiente quando andei a roçar o rabo pelas cadeiras das escolas, havia uma característica fundamental da pesquisa científica que me teria permitido chegar mais longe do que o tu cá tu lá com os electrões – a formulação de hipóteses.
A minha mulher já nem me pode ouvir, mesmo depois de quase 50 anos de convívio, quando ao ouvir uma notícia na TV eu disparo: Esta história está mal contada.
Ela diz que eu digo: esta história tá mal contada
Mas caramba quem é que não diz tá ou mesmo tá tá?

Na verdade esta história da gripe suína nunca me cheirou muito bem.
Hum…, havia qualquer coisa que me fazia arrebitar as orelhas.
Muito tempo antes de se falar deste tipo de gripe já eu tinha chamado o 112 duas vezes para levar o meu indispensável complemento ao hospital que sofrendo de deficiência respiratória fica bloqueada com qualquer tipo de H N, seja ele 2, 3, 4 ou mesmo 5, apesar da injecçãozinha antigripal que toma todos os anos no início do inverno.

O que sabemos é que a indústria farmacêutica, tal como a de computadores, de pronto-a-vestir, de enlatados ou de transportes o que pretende é ganhar o máximo dinheiro possível e por vezes não havendo limites jurídicos, éticos ou morais para travar a ganância dos gestores que principescamente pagos procuram agradar aos accionistas, se entra numa espiral do “vale tudo menos tirar olhos”.

Toda esta conversa tem como objectivo introduzir “esta coisa” que se calhar a maior parte de vós já conhece e circula há algum tempo por tudo o que é sítio.
Também tenho direito a uma transcrição.
Ou não tenho?
Cá vai.


Sabe que o vírus da gripe suína foi descoberto há 9 anos no Vietname?

Sabe que desde então morreram apenas 100 pessoas EM TODO O MUNDO durante estes 9 anos?

Sabe que os americanos foram os que informaram acerca da eficácia do TAMIFLU (antiviral humano) como preventivo?

Sabe que o TAMIFLU apenas alivia alguns sintomas da gripe comum?

Sabe que a sua eficácia no tratamento da gripe comum está a ser questionada por grande parte da comunidade científica?

Sabe que perante um SUPOSTO vírus mutante como o H5N1, o TAMIFLU apenas aliviará alguns sintomas?

Sabe quem comercializa o TAMIFLU? Laboratórios ROCHE.
Sabe a quem a ROCHE comprou a patente do TAMIFLU em 1996? À GILEAD SCIENCES INC.

Sabe quem era o presidente da GILEAD SCIENCES INC., principal accionista?

DONALD RAMSFELD, ex-secretário da Defesa norte americana no governo Bush.

Sabe que a principal base do TAMIFLU é o anis estrelado?

Sabe quem é que detém 90% da produção da árvore de anis estrelado? ROCHE.

Sabe que as vendas do TAMIFLU passaram de 254 milhões em 2004 para mais de 1.000 milhões em 2005?
Sabe quantos mais milhões pode ganhar a ROCHE nos próximos meses se continuar este negócio do medo?

O resumo do negócio é o seguinte: os amigos de Bush decidiram que um fármaco como o TAMIFLU é a solução para uma pandemia que ainda não ocorreu e que causou 100 mortos no mundo inteiro desde há 9 anos.

O vírus não afecta o ser humano em condições normais.

Ramsfeld vende a patente do TAMIFLU à ROCHE e esta paga-lhe uma verdadeira fortuna.

A ROCHE adquire 90% da produção do anis estrelado que é a base do anti-viral.

Os governos do mundo inteiro sentem-se ameaçados por uma pandemia e compram à ROCHE quantidades industriais deste produto.

Nós acabamos por pagar o medicamento, e Ramsfeld, Cheney e Bush fazem um belo negócio.

SOMOS TODOS IDIOTAS ou é apenas mais uma gripe?


A.M.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A coerência

Talvez não seja boa altura para falar desta coisa cuja definição simplista encontrada nos dicionários não esclarece cabalmente.
Afinal, quantas coerências existem?
Li algures que se um ladrão abrir uma pastelaria e vender os cafés a 1 euro e os pastéis de nata a 3 euros, isso é um claro sinal de coerência.

Em determinada altura, sendo encarregado da área de manutenção electrónica numa fábrica, fui avaliado pelo encarregado geral, que me deu óptimas classificações em quase todos os parâmetros. Contudo havia um que mera claramente desfavorável – o relacionamento com os meus subordinados.
Procurando esclarecer a situação com o intuito de poder emendar a minha conduta nesse particular aspecto, fiquei a saber que se devia ao facto de ser “muito macio” para com eles. Ainda tentei defender a teoria de que ser mais duro não é sinal de que se obtenha um melhor desempenho da equipa. Em vão.
Alguns anos depois, como responsável pelos Laboratórios de Trabalhos Práticos de Electrónica numa unidade militar, fui chamado à pedra pela mesma razão. O director chegou mesmo a despedir-me com uma simpática palmada nas costas – “Já percebi, andas a fazer o papel de gajo porreiro”

Lembro-me agora destes episódios, precisamente por causa do défice de coerência de que me acusa Braga da Cruz.
Na verdade, era de uma atroz incoerência um tipo macio e porreiro enveredar pela vida militar. Ou até ser encarregado numa multinacional onde se exige severidade e intransigência no relacionamento com os subordinados.
Seria melhor, por mais coerente, ter escolhido uma profissão de relacionamento público onde por vezes o funcionário tem que se humilhar perante um cliente irritado e mal-educado para não ser despedido ou apenas para obter uma boa informação para o currículo.

No caso em “epígrafe” a minha incoerência deve-se ao facto de ter feito uma crítica endereçada a uma pessoa e não ter igual procedimento para com um outro.
Incoerência não há dúvida, mas apenas aparente.

Se desde que entrei nestas andanças afirmei e continuo a afirmar que cada um deve gerir os seus próprios relacionamentos e só faço críticas mais agrestes quando eu próprio sou visado ou prejudicado com o comportamento de alguém, não seria de grande incoerência, desajustar a teoria da prática?

Resumindo a coerência e a incoerência andam juntas como duas irmãs siamesas.
O erro de paralaxe produzido pelo ângulo de observação é que determina uma e outra.

Obrigado, pela oportunidade,
A.M.

domingo, 30 de agosto de 2009

Vai uma bilharada!

Esta coisa de ficar aqui agarrado ao teclado ao despique com um fantasma que só a mim parece atormentar, não tem cabimento.
A minha grande desvantagem parece ser a grande preocupação que começo a ter de repetir demasiadas vezes a mesma coisa.
Sei muito bem o que isso significa. Claro que a senilidade não acontece só aos velhos, também existe a precoce, a qual, nem os comprimidos amarelos, que tomo todas as noites, conseguiriam atenuar. Estes tipos de maleita são irreversíveis e ás vezes fulminantes.
Sempre preocupado, quando converso com os meus amigos, avanço sempre com o bordão – não sei se já vos contei esta – esperançado que nenhum, mais pragmático, me desarme com um – acabaste de contar isso há cinco minutos.
A gente deve ir-se medindo, isto é, avaliando as nossas capacidades. Só deste modo evitaremos a grande surpresa de acordarmos um dia, talvez numa manhã de inverno, velhos.

Assim decidi mudar de táctica. A velha teoria de que “se não os podes vencer junta-te a eles” começou a germinar no interior da careca. E se eu o convidasse para uma partida de bilhar?
Não me lembro muito bem, mas tenho uma vaga ideia de que já houve aqui alguém que me desafiou para uma partida. Se for o caso, fica também, desde já, convidado. Até calhava bem, eu emparceirava com ele e o Tadeu com a ucraniana.

Nesta altura do campeonato ainda não consegui ganhar uma única partida às três tabelas com esta bela ucraniana. Não existe nenhum artigo no regulamento que a obrigue a estar vestida e um gajo não é de pau, mesmo que com algum caruncho. Ainda se fosse bilhar livre…!

Resumindo, convido o Tadeu e o parceiro que me desafiou e já não me lembro quem foi (embora desconfie), para uma “parceirada” nos moldes que proponho em cima.
Talvez o Tadeu se distraia com a ucraniana e nos deixe em paz.
Se não se distrair eu desconfio.
A.M.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Pior que o H1N1

Calma, calma que eu começo a desconfiar que a gripe A não é tão perigosa como a gripe PS.
Tendo informado a Sra. D. Elisa Ferreira que um militante do seu partido (importante militante) vinha apresentando um comportamento público susceptível de prejudicar a sua campanha, recebi na volta do correio uma resposta que me recomendava calma, porque esta coisa das "netes" é mesmo assim e no fim tudo acaba por se compor.

Concluí que não havia solução para o caso já que a própria candidata à Câmara do Porto, não via que esse comportamento a desfavorecesse, o que deve ter moralizado tanto o Sr. Projectista e Investigador que logo acelerou a sua conduta de 2000 de cilindrada, conseguindo emitir a mesma mensagem à inaudita velocidade de 1/s.
É obra!

Mas o pior estava para acontecer.
A partir dessa altura, comecei a receber mensagens na minha caixa de correio com tal frequência que o meu servidor volta não volta me avisa que atingi o limite da capacidade. Ora, para me avisar que a candidata vai estar presente na zona da Campanhã no dia 22 e que o ponto de encontro é na Praça da Corujeira às tantas da matina, ora para me informar que se não vi a sua entrevista na Sic-Notícias como o Mário Crespo posso vê-la no link tal e coisa.

Até me informam dos componentes da lista de candidatos à CMP e AMP.
Fico então a saber que há Fernandes, Pereiras, Quintanilhas, Vieiras, Rodrigues, Azevedos e Coutos.
Quando leio que ainda fazem parte da lista uma arquitecta paisagista e um compositor fico muito admirado por ignorarem um projectista e Investigador, licenciado como Técnico Superior em Avaliação da Qualidade de Estudos de Impacte Ambiental, sócio-fundador e presidente da Associação de Moradores de Monte do Tadeu / Santo Isidro, Bonfim-Porto.
Então qual é o critério?

O que mais me irrita é tratarem-me por caro apoiante.
Caramba, eu apenas me queixei do comportamento dum açambarcador do espaço alheio, um “conceituado” militante que há mais de um ano empastela os Blogues do Leitor com comentários que já cheiram a mofo.

Caro apoiante?
D. Elisa, aceito que não tenha mão naquele seu correligionário, mas por amor de Deus não me tratem por apoiante. Se o fosse, só por causa deste exemplo de como não se deve estar na vida, pedia que me apagassem dos vossos cadernos.
A.M.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cada macaco no seu galho

Ora assim é que é – cada macaco no seu galho.
Eu, macacão (e não “matacão” como carinhosamente me apelidam), empoleirado no meu, consigo lobrigar os meus companheiros desta macacada empoleirados no seu ramo a vomitarem a bílis das suas entranhas que, pelo caudal, revelam ter reservas maiores do que as de petróleo na Arábia Saudita.
A sua existência, um autêntico flagelo para algumas pessoas, incomoda-me menos do que uma pulga com esclerose múltipla (ou será esquelerose?)
Por isso não deixo de sentir um certo orgulho por se preocuparem tanto comigo.
Devo ser pessoa importante para lhes merecer tanto cuidado e tanto tempo perdido.

De uma penada saltam três “anónimos” conluiados na mesma toca para me insultar.
Não sabem fazer mais nada! A cassete de Álvaro Cunhal ao pé das suas é um gravador dos anos quarenta a válvulas e com soluços.
O Irão, a Coreia do Norte, a Venezuela, sempre a mesma ladainha. Uma coisa não se pode negar, decoraram na perfeição o manual neoconservador da ala mais conservadora do partido republicano dos EUA.

Não se pode falar de nada.
- Esta pinga é um mimo da natureza!
- Pois, mas o Pol Pot é que estraga tudo.
- Desmoronaram-se as arribas lá para o Algarve…
- E o Chávez? O que me dizem daquela besta?
- O Pedroso defende coligações com o PCP ou BE.
- Malandros, o Soljestine é que vos topava.
- O dia amanheceu hoje sem vento e com temperatura amena.
- Tá bem tá, vocês conhecem o Chico Ferreira da CUF?

Anónimos, disse eu.
Mas não tanto como se possa julgar.
Há palavras que por tão repetidas são autênticas assinaturas.
Por exemplo: “percipitação” em vez precipitação; ou hodierno em vez moderno por causa da ênfase.
Claro que não sei quem é o Malaquias, mas desde o princípio que vi claramente com quem estava a falar.
Aí está ele agora com toda a sua corajosa pujança de anónimo a chamar-me fariseu.
Não vou muito longe quanto à minha sapiência mas ela é contudo suficiente para saber que não sou nenhum “ansião”. Quando muito sou um ancião que nunca cometeria um erro desse quilate.
Do “ai que me dói”, nem vou falar.
Ao capitãoganxo pergunto: Mas que mal é que eu lhe fiz?
Ao Picard dado que já nos conhecemos de ginjeira, recomendo alguma moderação.

Por mais que tentem nunca irão conseguir que desça ao vosso nível para vos comentar.
Podem ter a certeza.
A.M.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Vale tudo, até mesmo tirar olhos

Ele é Cuba para cima, Fidel para baixo, o Irão não sei quantos, a Coreia do Norte também, e o Putin, e o Sócrates, e o Zapatero, e o Chávez, e o Morales e mais não sei quantos comunistas, socialistas e até mesmo alguns sociais-democratas apanhados na leva do anti-americanismo – tudo para o saco.
A minha pituitária ainda não completamente “esquelerosada” detecta um ligeiro cheiro a mofo.
Será manobra de diversão do tipo “olha o passarinho”?
Se é, não chega!
De modo nenhum o silêncio que se faz sobre determinados factos pode ser tomado como indicador do seu desconhecimento ou da sua própria irrelevância.

Para não ir cavar em 1917 podia falar por exemplo de Alberto Gonzalez, recordista dos cartões de crédito roubados (134 milhões) de que hoje mesmo se dá notícia. É um cidadão americano de ascendência cubana. Quando foi detido pela primeira vez não foi acusado em troca da colaboração com os serviços secretos na identificação de outros criminosos. Se por acaso alguém julga (como já aqui li) que a ascendência influencia o carácter das pessoas talvez seja interessante frisar que o pai fugiu de Cuba numa jangada.

Mas onde eu queria chegar era à petição que circula na Internet apelando a um boicote à loja IKEA devido a uma notícia publicada na imprensa sueca “sugerindo” que o exército israelita matou palestinianos para lhes roubar os órgãos.
O jornalista, Donald Bostrom, é um profissional autónomo, que rapidamente será desacreditado. Pessoalmente preferia que fosse desacreditado em tribunal, sim porque um tipo que levanta uma acusação destas, só poder ser condenado e preso.
A não ser que prefiram limpar-lhe o sarampo pela calada da noite.

Queria chegar aqui, como disse, mas apenas para servir de trampolim para aterrar em Nova Jérsia onde há pouco tempo foi desmantelada uma associação criminosa acusada de corrupção e branqueamento de capitais. Foram presos 44 políticos acusados de receberem financiamentos ilegais e de aceitarem subornos.
Acontece que no meio deste enorme escândalo também foram presos alguns rabinos que além de lavagem de dinheiro e venda de bens falsificados, também se dedicavam ao tráfico de órgãos humanos.

Que a China é acusada de ter o mais alto índice de penas de morte com o intuito premeditado de usar os órgãos humanos já toda a gente sabia, embora não perceba muito bem como é que se sabe tanto de um país fechado ao mundo e com uma censura tão feroz.
Por vezes torna-se bem mais difícil conhecer as poucas-vergonhas que se passam no país “mais democrático” do mundo, onde na defesa da segurança nacional, só passados 25 anos são dadas a conhecer.
Do mal, o menos.
A.M.

sábado, 22 de agosto de 2009

Diz a sardinha:


.... e os "ossos" doados à comunidade científica para estudo da osteoporose.
A.M.

Diz a sardinha...









quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A fuga

Fuga:
Acção ou efeito de fugir. Fugida, partida rápida, evasão para escapar a perseguições.
Segundo alguns autores é uma operação normalmente feita a grande velocidade.
Quanto a mim depende das circunstâncias em que decorre o acto de dar corda aos canivetes.
Se é para fugir à polícia, então sim, convém ter asas nos pés. Se a fuga surte efeito passa a constar que anda a monte, a não ser que seja pessoa importante e nesse caso diz-se que está ausente.
Mas se se trata de fugir ao fisco então é melhor contratar um bom técnico que saiba encontrar o buraquinho que sempre existe na lei para evitar que os colarinhos brancos se sujem. Este fugitivo, que nem sequer chispou um niquinho, ou está sentado confortavelmente em casa ou a passar férias numa estância balnear.
As tropas, os exércitos, por exemplo, nunca fogem – batem em retirada.
E a fuga de capitais? Então o numerário também cava?
Também existe a fuga, composição polifónica, em contraponto sobre um só tema e que se divide em seis partes: exposição, episódio, estreto, resposta, contra sujeito e coda.
Tendes aqui um exemplo: Fuga da Sonata nº 1 do mestre.

Creio que as cubanas fugiram tanto como Magalhães para o PS ou como Seabra para o PSD.
Mudaram-se!
A.M.

domingo, 9 de agosto de 2009

ESTOU DE FÉRIAS!

Em 7 de Agosto de 2005 no extinto "Desabafe Connosco", fórum do JN

Estou de férias!
Não aqueles dias de descanso em honra dos Deuses pagãos, nem estes dos tempos modernos concedidos aos trabalhadores e ainda menos os que se referem às férias escolares, não, nada disso.
Estou a falar de uma outra coisa, que é um reformado desligar-se do dia a dia, nem que seja por um período muito curto, por ter ficado saturado com o vazio provocado pelas desgarradas, aparvalhadas e anestesiantes intervenções dos órgão de informação do seu querido e amado País.
A maneira como se fala dos fogos, procurando medir a todo o momento quem deixou arder mais ou arder menos; a justificação das exonerações e admissões de carácter político feita ao ritmo de uma partida de futebol; a extraordinária importância da idade dos presidenciáveis para as eleições que se avizinham; os inequívocos benefícios que advêm para o público da redução do período de férias da magistratura; a inadmissível falta do nosso Primeiro junto dos bombeiros enquanto se passeia pela estranja a gozar um (i)merecido descanso; uma candidata autárquica que anda a monte e outro candidato com uma caderneta de serviço que é uma vergonha para toda a gente menos para ele próprio; um rei de madeira, que para além de nos chupar até o tutano, ainda nos avilta e achincalha.
O aeroporto, o comboio, o défice, o congelamento das carreiras, a uniformização da segurança social, a colocação dos professores, a iliteracia e o baixo índice de aproveitamento em matemática, as greves da polícia, da função pública.
Tudo isto e muito mais é referido, desvendado ou ocultado, retorcido e emendado ao sabor de todos os interesses. Todos, menos o interesse do País!

Refastelado numa poltrona, porque ainda não se paga uma taxa para o efeito, penso seriamente se merecerá a pena a gente preocupar-se com o “estado a que isto chegou”.
Indeciso, interrogo-me:
- Que fazer?
É quando no canal aberto à minha frente entra um personagem mais conhecido que o Damásio, o Egas Moniz, o Saramago, quiçá mais célebre que o Figo ou o Mourinho.
Entra em cena “Mister Gay”.
E canta:
“Eu sou um peixinho.
Eu chupo-te a cabeça,
E tu comes-me o rabinho.”

Levanto-me para vomitar. Mas não me sinto melhor. Chamo o médico que me proíbe de ver televisão durante dois meses. Fico a caldos de galinha até que o estômago aguente alguns sólidos. Estou proibido de comer peixe a não ser em forma de filetes.

Tenho mesmo que me retirar.
Até um dia destes.
A.M.







segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O MURO

Acompanhem por favor o meu raciocínio:

No espaço em que nos movemos existem quatro janelinhas superiores que se destacam das dezoito que se seguem. As primeiras dão pelo nome de Blogues JN e as outras de Blogues do Leitor.
Todos compreendemos e creio que todos aceitamos com normalidade a criação de um espaço destinado a autores credenciados pelo JN distinto de outro onde a amálgama de feitios, credos políticos e religiosos, polidos e mal-educados, serenos e desordeiros, provocadores e pacificadores, estabelece um clima febril e agitado, impróprio para quem queira apresentar um trabalho qualquer, seja ele político, de música, de teatro ou moda. Aliás os comentários feitos a esses “posts” são muito poucos e o “feedback” dos criadores absolutamente nulo.
É a sua característica.
Não há conversa e logo não se gera discussão.

Em “Farpas” há, pelo menos, duas excepções.
A entrevista a Paula Bobone tem 28 comentários.
Claro que comentário puxa comentário.
Até há um que reza assim:
Por acaso não conhecem o ditado que diz:
“Se não tivermos nada de bom a dizer, devemos ficar calados?”
Então porque não se calou? – Perguntaria eu.

Mas o exemplo mais flagrante, pelo menos segundo a minha opinião e depois de ter percorrido todo o Blogue de “Farpas” passa-se na entrevista a Guida Maria.
Entrei como de costume e desta vez resolvi fazer um comentário a propósito das posições assumidas por aquela artista, que vi representar diversas vezes e cujo trabalho admiro e respeito, sobre alguns aspectos da vida nacional, cujas comparações me pareceram absurdas e tendenciosas.

Agora, pasme-se!
Entra o Malaquias.
Para falar da entrevista?
Para comentar algum aspecto das declarações da artista?
Para questionar “Farpas” sobre as questões colocadas ou não colocadas?
Nada disso.
Malaquias entra para postar esta coisa:

“ó Adrianopedro, você é a útima criatura do mundo a ter moral para falar de dificuldades, porque se há quem suspire por aquele tempo que em Portugal já vai longínquo, você suspira por um tempo que é o de hoje, em que milhões de cubanos vivem com mantimentos racionados e se quiserem comer mais qualquer coisita têm de recorrer ao mercado negro a preços proibitivos. Está a perceber? E não venha com a história do embargo, essa choraminguice pegada que só fazem os apoiantes do ditador desde que o império comunista soviético morreu.
E quanto ao Mata, ainda a lembrar o ano de 1968? Tanto tempo? Ui que longe que vai! Nesse tempo ainda havia sovietes, gulags e cortina de ferro. Mas também houve primaveras que foram de esperança na libertação do jugo vermelho, mas que foram pisadas pelos tanques da estrela vermelha. Ui que distante!
Ui que mentirosos!”

Claro que não tenho a mania da perseguição e creio que o Adriano também não, mas lá que o Malaquias nos persegue, disso parece não restarem dúvidas.
Ainda um dia, sentado ao sol, numa qualquer praia deste país me vai aparecer o Malaquias para me questionar:
- Ó Mata que me diz você dos sovietes, dos gulags e da Cortina de Ferro?
Estou tramado.
Estamos lixados!
A.M.

domingo, 2 de agosto de 2009

A paciência terá limites?


Deve ser ódio de morte.
Até em casa estou mal.
Tenho que me precaver
Porque tenho pouca sorte.
A quem terei feito mal?

O Malaquias então
Pensando que sou cubano
Não me larga um só momento.
Quem será o valentão?
Será ele americano?

Oh, homem deixe-me em paz!
Não quero aturá-lo mais.
Acabou a brincadeira.
Talvez não saiba, aliás,
Que lhe levo a dianteira.

Quando você vai p’ra lá
À procura de argumentos
Para tentar confundir-me
Já eu venho para cá
Cheiinho de mantimentos.

E não fora a pachorra
De que nasci bem dotado
Já me tinha posto a milhas.
Isto é que está uma porra!
Procure ser mais ponderado.

O MATAcão...

… sou eu mesmo e com todo o propósito.
Depois de uma infância na província onde ter um ou mais cães era vulgar, mas em que as técnicas para despistagem de parasitas, tanto internos como externos, eram pouco eficientes, fiquei “vacinado” e depois do meu grito do Ipiranga que fez chorar muitas lágrimas a minha mãe, não voltei a tê-los à minha responsabilidade.
Não porque goste menos deles, mas porque não dispunha de tempo para respeitar os cuidados que eles merecem.
Quando nasceram os meus filhos o problema recolocou-se. A partir dos cinco ou seis anos de idade eles começaram a pressionar o pai:
- Ai que cãozinho tão lindo!
- Posso ficar com este?
- Oh mãe diz ao pai que a gente gostava de ter um.
- Tomávamos conta dele!
E eu lá ia resistindo conforme podia às pressões dos garotos. Que davam muito trabalho. Que a sua manutenção custava muito dinheiro. As doenças, os veterinários, os sacos de comida…

Quando inauguraram um dos primeiros centro comerciais da região, diz-me a minha mulher:
- Gostava de lá ir. Até podíamos almoçar por lá
Um belo dia, calhando, lá fomos e levámos os miúdos.
Só havia três lojas a funcionar. Todos os outros espaços ainda estavam para venda.
Por azar, julgo eu, porque nunca consegui provar que tenha havido conluio, uma delas era loja de animais, onde meia dúzia de pássaros, dois gatos e três cães compunham o estoque.
Quando dei por mim já vinha a caminho de casa e os dois pequenos lá atrás com o cachorro ao colo, desfrutando de mais alguma coisa do que da posse do bicho. Pelo menos foi o que me pareceu.
Quando chegámos já tinha nome. Era o Crapaud. Durante o percurso já tínhamos decidido democraticamente através de concurso de sugestões. Ganhei eu.
Como podem ver pela fotografia que junto, a sugestão foi-me dada pelas suas fuças.

Afeiçoei-me ao Crapaud, como não podia deixar de ser e lá começaram os trabalhos:
Vacinas, desparasitagem, embalagens de comida e até um osso falso para ele afiar a dentuça. Era muito provocador com os outros cães e um dia aproveitando o portão aberto foi-se meter com dois pastores alemães que passavam na rua. Os tipos não eram para brincadeiras, perseguiram-no e deram-lhe dois esticões no cachaço que ficou paralisado dos quartos traseiros. Tinha ficado com duas vértebras fendidas segundo o veterinário que o socorreu. No dia seguinte pôs-se de pé e ali ficou sem dar um passo.
Imediatamente percebi que queria ir à rua fazer aquilo que mais ninguém conseguiria fazer por ele, dado que era muito asseado e quando precisava punha-se com o nariz encostado à porta da rua até que alguém a abrisse.
Então, construí uma padiola. Colocava-a ao seu lado no chão, ele subia muito devagar para ela e eu e o meu filho transportávamo-lo para o quintal onde com a mesma lentidão procedia à sua higiene. Regressava pelo mesmo caminho e pelo mesmo processo.

Passados mês e meio já estava a andar normalmente e só nos invernos tinha crises que lhe tolhiam os movimentos pelo que era preciso tomar analgésicos.
O pior foi quando começou a ficar velho.
Não sei se sabem que esta raça de cães, como tem o focinho achatado, respiram muito mal e até ressonam quando estão a dormir, tal e qual como eu próprio desde que engordei um pouco. Por essa razão possuem menos longevidade do que a maioria dos seus congéneres.
Começou a ficar cegueta, e talvez por isso, por preguiça ou cansaço, também muito porcalhão. Deu em andar a encostar-se às pernas das pessoas talvez para chamar a atenção sobre si, ou então para sentir que não estava sozinho dado que também já estava mouco. Pregou duas vezes com a minha sogra no chão, que também algo surda e trôpega tropeçava frequentemente nele. Como minha querida sogra, ainda por cima, sofria de osteoporose ficámos com receio que partisse o colo de um ou dos dois fémures, sabe-se lá, e lá ia ela na mecha parar a uma cadeirinha de rodas que seri inevitavelmente eu a empurrar.
Perante tal conjuntura tivemos que tomar uma opção.
A eutanásia. Do Crapaud, como está bem de ver.
Eu não estou a brincar pois o assunto não dá para isso.
Vocês se calhar, numa situação como a minha compravam outro cão, já velho, cego e ainda mais surdo para, conluiado com o Crapaud, aumentar a possibilidade de dar cabo da velha senhora sobre a qual se contam as piores e mais injustas anedotas.

Eu disse “tivemos que tomar uma opção” mas na verdade ninguém tinha coragem para o levar ao veterinário para uma execução sumária. Com injecção letal, como fazem a humanos nalguns países.

Fui eu que tomei a decisão e portanto sou eu o responsável. Todavia faltando-me a coragem pedi a uma sobrinha nossa para o levar ao veterinário.
Contou-me ela, mais tarde, que o pobre bicho morreu sem dar por isso.
Como eu costumo dizer: quando acordou, estava morto!

Contei esta pequena história por várias razões:
A primeira porque me apeteceu.
A segunda porque me distraiu.
A terceira porque estava muito vento e não conseguia varrer o jardim.
A quarta para evitar responder directamente a provocadores encartados.
A quinta para informar que “entreveniente” é um erro de palmatória daquelas com cinco buraquinhos.
A sexta… Digo? Não digo!
A.M.
PS – O único cão que agora tenho chama-se Dómino e tem-se portado muito bem

quarta-feira, 29 de julho de 2009

30 anos depois

Toda a gente as tomaria por irmãs gémeas – a mesma aparência, a mesma altura, as mesmas cores frescas e sadias.
Reparando com mais cuidado, notei que uma era ligeiramente mais delicada, mais frágil, fosse pela postura do tronco ou talvez pela cor macilenta de algumas folhas.
Então escolhi a outra.
- Levo esta – disse para o empregado.
- Essa não. Está reservada para o Dr. Mário Soares.
Conformado, com a antecipação de tão importante personagem, conformei-me e comprei a “aleijadinha”.

Corria o ano de 1976 e tinha-me deslocado a um viveiro de plantas na Várzea de Sintra, para comprar uma magnólia “grandiflora”. Já tinha plantado uma “japonesa” que, calculei, se iria sentir mais confortável com uma irmã a seu lado, mesmo não pertencendo ao mesmo ramo da família. Foi, portanto, com muito carinho que a coloquei no lugar que ainda hoje ocupa.

Passados mais de 30 anos cresceu tanto que ultrapassou a altura da casa. Dá-me imenso trabalho porque passa os dias a largar as pétalas das suas enormes flores ou das folhas que dão lugar às mais novas.

Quando, como hoje, descanso à sua sombra e olho para cima, sinto uma vontade enorme de ir a meças com o Dr. Mário Soares e confirmar de uma vez por todas qual a magnólia mais bonita e saudável.
A do Algueirão ou a de Nafarros?
A.M.





quarta-feira, 8 de julho de 2009

Corrupção

Pelo menos duas notícias nos jornais da manhã desta quarta-feira de Julho recolocam a corrupção no centro das nossas principais preocupações.
Refiro-me ao milhão de euros de luvas que uma investigação dada como concluída pela PJ se sumiu não sem deixar um largo rastro – 52 arguidos.
O problema parece envolver um partido político, que terá beneficiado com algumas “migalhas”, o que, a confirmar-se, revela o enorme sofisma dos partidos na elaboração do diploma do financiamento partidário.
Também o Tribunal Constitucional condenou Mário de Almeida, presidente da Câmara de Vila do Conde e o ex-vice-presidente a reporem 20 mil euros que teriam sido pagos indevidamente a dois ex-funcionários.
Se menciono este caso em que parece não haver indício de dolo é devido às declarações de Mário de Almeida, em que revelando não ter concordado com o TC acrescenta que são inúmeros os casos semelhantes “em empresas públicas, autarquias e outros órgãos do Estado”.
Claro que este tipo de argumentação não justifica estes actos pelo que se trata de uma acusação que deve ser investigada e punidos os responsáveis.
Uma outra notícia conta-nos que a Infarmed detectou “indícios de burla e falsificação de documentos” de que terá resultado um substancial agravamento dos custos com o SNS.

Entretanto um dos assaltantes do BES de Campolide, em Lisboa, foi já julgado e condenado a 11 anos de prisão. Cerca de dez meses depois ( e já foi muito tempo) este caso foi encerrado.

Mas os crimes de “colarinho branco” ou não são investigados e julgados ou então arrastam-se nos tribunais durante anos até à sua prescrição.
Será preciso dar exemplos?
Uma vez por outra lá vai um parar à choça, para servir de exemplo.
Um deles sei eu que acorda todos os dias a gritar:
- Qu’é dele os outros?
A.M.