domingo, 9 de agosto de 2009

ESTOU DE FÉRIAS!

Em 7 de Agosto de 2005 no extinto "Desabafe Connosco", fórum do JN

Estou de férias!
Não aqueles dias de descanso em honra dos Deuses pagãos, nem estes dos tempos modernos concedidos aos trabalhadores e ainda menos os que se referem às férias escolares, não, nada disso.
Estou a falar de uma outra coisa, que é um reformado desligar-se do dia a dia, nem que seja por um período muito curto, por ter ficado saturado com o vazio provocado pelas desgarradas, aparvalhadas e anestesiantes intervenções dos órgão de informação do seu querido e amado País.
A maneira como se fala dos fogos, procurando medir a todo o momento quem deixou arder mais ou arder menos; a justificação das exonerações e admissões de carácter político feita ao ritmo de uma partida de futebol; a extraordinária importância da idade dos presidenciáveis para as eleições que se avizinham; os inequívocos benefícios que advêm para o público da redução do período de férias da magistratura; a inadmissível falta do nosso Primeiro junto dos bombeiros enquanto se passeia pela estranja a gozar um (i)merecido descanso; uma candidata autárquica que anda a monte e outro candidato com uma caderneta de serviço que é uma vergonha para toda a gente menos para ele próprio; um rei de madeira, que para além de nos chupar até o tutano, ainda nos avilta e achincalha.
O aeroporto, o comboio, o défice, o congelamento das carreiras, a uniformização da segurança social, a colocação dos professores, a iliteracia e o baixo índice de aproveitamento em matemática, as greves da polícia, da função pública.
Tudo isto e muito mais é referido, desvendado ou ocultado, retorcido e emendado ao sabor de todos os interesses. Todos, menos o interesse do País!

Refastelado numa poltrona, porque ainda não se paga uma taxa para o efeito, penso seriamente se merecerá a pena a gente preocupar-se com o “estado a que isto chegou”.
Indeciso, interrogo-me:
- Que fazer?
É quando no canal aberto à minha frente entra um personagem mais conhecido que o Damásio, o Egas Moniz, o Saramago, quiçá mais célebre que o Figo ou o Mourinho.
Entra em cena “Mister Gay”.
E canta:
“Eu sou um peixinho.
Eu chupo-te a cabeça,
E tu comes-me o rabinho.”

Levanto-me para vomitar. Mas não me sinto melhor. Chamo o médico que me proíbe de ver televisão durante dois meses. Fico a caldos de galinha até que o estômago aguente alguns sólidos. Estou proibido de comer peixe a não ser em forma de filetes.

Tenho mesmo que me retirar.
Até um dia destes.
A.M.







Sem comentários: