Não aqueles dias de descanso em honra dos Deuses pagãos, nem estes dos tempos modernos concedidos aos trabalhadores e ainda menos os que se referem às férias escolares, não, nada disso.
Estou a falar de uma outra coisa, que é um reformado desligar-se do dia a dia, nem que seja por um período muito curto, por ter ficado saturado com o vazio provocado pelas desgarradas, aparvalhadas e anestesiantes intervenções dos órgão de informação do seu querido e amado País.
A maneira como se fala dos fogos, procurando medir a todo o momento quem deixou arder mais ou arder menos; a justificação das exonerações e admissões de carácter político feita ao ritmo de uma partida de futebol; a extraordinária importância da idade dos presidenciáveis para as eleições que se avizinham; os inequívocos benefícios que advêm para o público da redução do período de férias da magistratura; a inadmissível falta do nosso Primeiro junto dos bombeiros enquanto se passeia pela estranja a gozar um (i)merecido descanso; uma candidata autárquica que anda a monte e outro candidato com uma caderneta de serviço que é uma vergonha para toda a gente menos para ele próprio; um rei de madeira, que para além de nos chupar até o tutano, ainda nos avilta e achincalha.
O aeroporto, o comboio, o défice, o congelamento das carreiras, a uniformização da segurança social, a colocação dos professores, a iliteracia e o baixo índice de aproveitamento em matemática, as greves da polícia, da função pública.
Tudo isto e muito mais é referido, desvendado ou ocultado, retorcido e emendado ao sabor de todos os interesses. Todos, menos o interesse do País!
Refastelado numa poltrona, porque ainda não se paga uma taxa para o efeito, penso seriamente se merecerá a pena a gente preocupar-se com o “estado a que isto chegou”.
Indeciso, interrogo-me:
- Que fazer?
É quando no canal aberto à minha frente entra um personagem mais conhecido que o Damásio, o Egas Moniz, o Saramago, quiçá mais célebre que o Figo ou o Mourinho.
Entra em cena “Mister Gay”.
E canta:
“Eu sou um peixinho.
Eu chupo-te a cabeça,
E tu comes-me o rabinho.”
Levanto-me para vomitar. Mas não me sinto melhor. Chamo o médico que me proíbe de ver televisão durante dois meses. Fico a caldos de galinha até que o estômago aguente alguns sólidos. Estou proibido de comer peixe a não ser em forma de filetes.
Tenho mesmo que me retirar.
Até um dia destes.
A.M.
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