quarta-feira, 29 de julho de 2009

30 anos depois

Toda a gente as tomaria por irmãs gémeas – a mesma aparência, a mesma altura, as mesmas cores frescas e sadias.
Reparando com mais cuidado, notei que uma era ligeiramente mais delicada, mais frágil, fosse pela postura do tronco ou talvez pela cor macilenta de algumas folhas.
Então escolhi a outra.
- Levo esta – disse para o empregado.
- Essa não. Está reservada para o Dr. Mário Soares.
Conformado, com a antecipação de tão importante personagem, conformei-me e comprei a “aleijadinha”.

Corria o ano de 1976 e tinha-me deslocado a um viveiro de plantas na Várzea de Sintra, para comprar uma magnólia “grandiflora”. Já tinha plantado uma “japonesa” que, calculei, se iria sentir mais confortável com uma irmã a seu lado, mesmo não pertencendo ao mesmo ramo da família. Foi, portanto, com muito carinho que a coloquei no lugar que ainda hoje ocupa.

Passados mais de 30 anos cresceu tanto que ultrapassou a altura da casa. Dá-me imenso trabalho porque passa os dias a largar as pétalas das suas enormes flores ou das folhas que dão lugar às mais novas.

Quando, como hoje, descanso à sua sombra e olho para cima, sinto uma vontade enorme de ir a meças com o Dr. Mário Soares e confirmar de uma vez por todas qual a magnólia mais bonita e saudável.
A do Algueirão ou a de Nafarros?
A.M.





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