sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O Empastelador

Até parece que este vocábulo não existe dado que já ficou ali atrás sublinhado a vermelho, forma metafórica de informar que estou escrevendo no “Word”.
A maioria dos dicionários acoplados a sistemas de escrita como o “Word”, são muito básicos e fazem uma cobertura muito reduzida de todo o vocabulário contido num bom dicionário.
Se o termo empastelar existe, principalmente desde que se inventou o prelo e os tipos produziram uma palavra ou linhas ininteligíveis, por excesso de tinta, arrastamento ou outra qualquer razão, é muito natural que ao operador e causador do empastelamento se chame empastelador.
Se me lembrei de falar nisto nem foi por causa da escrita impressa, dado que a maquinaria moderna que agora existe talvez já nem empastele coisa nenhuma.

Os Radares principais são constituídos por um emissor, um receptor, e uma antena se for radar de busca, e uma outra para aproximação, como nos casos de GCA (Ground Controlled Approach). A característica básica dos emissores e receptores usados em radar comparativamente aos usados em comunicações têm potências de emissão muito elevadas e receptores muito sensíveis (com enorme poder de captação de sinais rádio.
Porquê?
Pela razão, facilmente entendível, que o sinal emitido pelo radar tem a função de ser reflectido por obstáculos estranhos (aviões, por exemplo) que se encontrem na faixa de cobertura de um determinado radar. Isto é, o receptor tem que captar uma parte ínfima do sinal emitido quando encontra o obstáculo. Toda a gente se recorda de um avião que devido à forma como foi construído apresentava uma reduzida área de reflexão, tornando-o quase “invisível” para os radares. O sinal captado é então enviado para o PPI (plan position indicator) a que chamamos visor, onde o varrimento provocado pela rotação da antena provoca um ponto luminoso correspondente à reflexão do sinal emitido.
Como sempre acontece, para um sistema logo se arranja um contra sistema.
O período da guerra electrónica encontrou um meio simples e eficaz de impedir a detecção. Para o efeito equipou aviões com sistemas que permitiam descobrir a frequência de trabalho dos radares e em seguida emitia um sinal naquela frequência que nem precisava de ser muito forte dado que era dirigido directamente para a antena que captava os sinais reflectidos.
Isto provocava no PPI um cone luminoso que impedia a detecção de aviões que entrassem nesse sector.
Dizia-se, e consta das técnicas aprendidas, que o radar estava empastelado.

Não encontrei uma forma mais simples de caracterizar aquilo que se está a passar nos Blogues do Leitor com o envio maciço ou massivo (escolham) de fotografias da bela América, desdobradas em five ou six niks do mesmo autor.
Empastelar existe.
Empastelamento também!
Porque raio de carga de água Empastelador é um erro?
Como dizia um amigo meu, quando inventava um neologismo:
- Não existe mas passa a existir!
A.M.

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