No extinto "Desabafe Connosco" discutimos diversas vezes o grave problema da corrupção e o quanto ela contribui para arruinar a economia de um país, provocar instabilidade social e desmoralizar o seu povo. Se a corrupção não for combatida com violência, mais tarde ou mais cedo tomará conta de todas as áreas da economia, públicas e privadas numa tal escala que tornará difícil qualquer reversão.
A corrupção foi criticada por "Desabafantes" das mais diversas áreas políticas, desviando-se por vezes, é certo, para discutir onde havia mais corruptos, se na esquerda se na direita. Como é evidente a corrupção não tem cores partidárias. Tentar medir onde o grau de corrupção é maior é um "olha o passarinho" para nos distrair do essencial que é denunciá-la e combatê-la.
A imagem que os diversos governos nos têm transmitido no que respeita a medidas concretas para eliminar ou reduzir esta autêntica sanguessuga de mil cabeças, não tem sido nada animadora.
Os poucos casos que são investigados e vão a julgamento levam anos para chegar ao fim ou acabam por prescrever. As leis permitem, a quem tem dinheiro, adiar sucessivamente as audiências e meter recursos pelas mais absurdas razões até que… se chegue à conclusão que afinal o crime compensa.
Há todavia uma corrupção que não é crime. Ou seja era crime se pessoas sem qualquer escrúpulo e com o beneplácito de governos negligentes ou cúmplices não tivessem manipulado as regras a seu favor de modo a usufruírem de regalias como acontece neste caso aqui.
A imoralidade que existe no contínuo aumento do leque salarial no nosso país, não tem paralelo com qualquer outro país da União Europeia. Sendo, como somos, o que tem o salário médio mais baixo, este facto atinge a classificação de autêntico escândalo ou, como diria a minha avó, uma grande sem vergonhice.
A revolta de que somos possuídos nem sequer é atenuada pelo conhecimento de factos com alguma semelhança que acontecem um pouco por todo o mundo.
Se uma empresa seguradora, a AIG, é dirigida por administradores e directores que a conduzem a uma situação de falência, como classificar a atitude desses responsáveis que foram gastar 440 mil euros num hotel de luxo depois do executivo americano ter injectado 85 mil milhões de dólares para salvá-la?
A desculpa: Era uma viagem que já tinha sido planeada um ano antes, como recompensa pelos resultados alcançados.
Se aqueles resultados deram prémio, será que estes vão dar cadeia?
Duvido muito.
A.M.
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