segunda-feira, 6 de outubro de 2008

DESALMADAMENTE

Quando um dia destes liguei a televisão estava a dar o programa "Fátima" onde duas cartomantes com os respectivos partenaires e uma ex-miss tratavam de desenferrujar a língua comentando a vida das famosas personalidades do nosso jet-set.
Enquanto punha os pratos na mesa para o almocinho, ouvi:- Amavam-se desalmadamente! Lancei o rabo do olho para o ecrã. Era a ex-miss que dissertava sobre a desavença conjugal de um casal de que nunca ouvi falar, mas que parece ser muito importante, pois eles estão sempre a dizer em relação aos comentados - "que todo o Portugal conhece".
Parece que tinha sido um mal entendido e tudo havia de se recompor perante tal paixão. A primeira coisa que qualquer ser pensante faz quando o seu ouvido se sente "ferido" é procurar a causa. Neste caso não era preciso perder muito tempo dado que sendo o "des" prefixo de negação facilmente se concluía que o casal visado não tinha alma. Nem um, nem outro. Será possível que dois humanos desprovidos de alma sintam e usufruam de tão nobre sentimento como é o amor? - interroguei-me. Mais tarde, enquanto tomava a minha bica, ainda matutava naquela intrigante expressão, pelo que me fui ao dicionário que por acaso até estava ali mesmo à mão.
Desalmadamente: brutalmente/ ferozmente/ perversamente, reza o De Moraes. Cá estava a explicação. Inclusivamente a explicação para a zanga do casal.
A.M.

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