sábado, 4 de outubro de 2008

Enviando um foguetão para o espaço

Condicionado pelas alarmantes notícias sobre segurança com que somos bombardeados todos os dias, já não tenho vida própria.
Não abro a porta da rua sem me certificar através do sistema vídeo, entretanto montado à pressa, quem é o mânfio que toca à campainha; à noite, não me deito sem vasculhar todos os quartos e armários para confirmar que não há invasores; a minha mulher de pistola aperrada, com ordem para atirar a matar segue-me na vistoria; durante a noite, ao mais pequeno ruído, acordo em sobressalto e vou ajustar trancas e fechaduras; pela manhã, saio para a bica da praxe, mas vou munido do meu velho apito e agora também de um spray paralisante; tomo muita atenção a possíveis sinais que os gatunos têm a mania de pintar nos umbrais das portas para assinalar que o momento é favorável e espeto-lhe logo uma pintura em cima, que se lixam; ainda bem que as portas do carro se trancam automaticamente logo que começamos a andar pois podia-me esquecer de o fazer e nos primeiros sinais, tumba, era assaltado. Eh pá, eu sei lá!
Normalmente não ando com mais de dois euros no porta-moedas e para alguma compra que os exceda meto uma nota de cinco dentro do sapato. Suspeitando que a tipa que me telefona para oferecer um serviço de banda larga mais em conta é agente de qualquer bando criminoso, dou um nome falso. Mas como não tomo atenção ao número de vezes que isso acontece, outro dia uma funcionária disse-me:
- Oh Sr. Mata deixe-se de brincadeiras. Desse número já me respondeu o Epifânio da Silva, o Jeremias Falcato e o Miguel Cervantes. Eu sei que é o senhor. Vá lá, temos aqui um belo pacote de canais de TV a preços reduzidos.
Outro dia fui assaltado mesmo à porta de casa por duas mulheres. Quando uma delas se inclinou para abrir a pastinha que trazia consigo, assustei-me, julguei que ia sair revólver. Afinal apontou-me uma colorida brochura das Testemunhas de não sei quê, que pensando bem, não é arma que se aponte a ninguém dada a sua
perigosidade.
Agora avisam-me que o perigo vem pela Net.Até apelidam de louco quem não usa meia dúzia de pseudónimos. Que até o pentágono é assaltado, acrescentam. Dão cabo das redes de comunicações, invadem os ficheiros secretos, bloqueiam os serviços de segurança, é o demónio à solta!Eu sei que não tenho a importância do pentágono, mas sei lá, podem tomar-me por um quadrado ou mesmo um triângulo e violarem a minha lista de endereços ou o meu livrinho de notas pessoais. Sabe-se lá!
Bem, pelo menos, rectifiquei uma ideia que tinha. Julgava que estava a ficar maluco e afinal maluco é quem não se cuida. Por isso vou já a correr arranjar meia dúzia de pseudónimos.
Porreiro, pá!

1 comentário:

mulher lua disse...

Alô Alô

Tens que mudar o cor dos títulos, que o branco não se vê.

Andas a pôr isto muito arranjadinho, sim senhor, ah ah ah

Veijios a até Almourol