Nem ligaria ao texto se não fosse o título.
O título e a assinatura.
“Quem tem medo desses fanáticos?”, até acorda um morto!
Fui ver.
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Depois de ter deixado de comprar o DN por mor dos seus comentários, precisamente no dia em que resolveu criticar o Governo por ter recebido um dos palestinianos refugiados na Igreja da Natividade, sou agora, confrontado de novo com os seus extraordinários e muito significativos pontos de vista.
Nem sequer vou lamentar o facto de, julgando-me a salvo neste espaço de amadores, vir encontrar aqui transcrições das colunas que mantém noutros jornais.
Claro que o Senhor Luís tem todo o direito de afixar onde muito bem lhe aprouver as suas opiniões, as suas teorias e o seu credo. O espaço é seu.
A sua interpretação/conclusão do fenómeno gerado pelas caricaturas do Maomé está conforme o seu pensamento expresso em outras ocasiões. Tendo escutado no dia anterior Vasco Rato no programa Prós e Contras até fiquei convencido que vocês tinham estabelecido uma estratégia conjunta.
O Vasco até não suporta que as mulheres Islâmicas usem burkas. Irrita-se com isso. Tem alergias. Ele acha que elas estão a levar muito tempo a despir-se, mas ouvi dizer que elas acham que as ocidentais estão a despir-se muito depressa.
Eu penso que devia haver um meio-termo entre a burka e o fio dental, embora o fio não me escandalize nada.
Toda a gente tem o direito de se indignar com os costumes das outras civilizações, tal como a minha prima Maria que se assanha toda porque os Zulus têm o estranho costume de fazer o teste da virgindade às mulheres, ou o meu vizinho que implica com as mursis por usarem aquela rodela no lábio inferir. Outro dia contou-me que tinha despedido a empregada quando descobriu que ela era umbanda e tinha o seu próprio Orixá.
Será que os outros não têm o direito de se indignar com os costumes da civilização que o Sr. chama judaico-cristã?
Afirma que nós estamos aterrorizados com o fanatismo Islâmico.
Não se preocupa em saber se os islamitas estão aterrorizados com a ocupação e as guerras impostas pela civilização ocidental.
Israel tem medo que o Irão desenvolva armas nucleares, mas o Irão não pode ter medo que Israel já as tenha?
Perante a sua recomendação “seria bom que a Europa e os EUA se preparassem para um novo conflito”, elevo as mãos a Deus numa prece pedindo-lhe que não permita nunca que venha a ser ministro da defesa de qualquer país. Bolas!
Concordo que se expulse o corpo diplomático do país que transige com os desacatos e ataques a cidadãos ocidentais, mas talvez seja melhor retirar primeiro os nossos? Digo eu que não percebo nada disto.
Mas então, se o Sr. Delgado é analista político não vê que o problema das caricaturas é apenas a espoleta de um barril de pólvora de que se pretende ignorar existência?
Esta sua intervenção só me espantou por este pormenor: ultrapassou pela direita o próprio Presidente Bush, que pela sua teoria, ao recomendar calma e moderação, se estará a borrar de medo. Acha que sim?
Sabemos ambos que não. Ele apenas pretende que a situação não se agrave no vespeiro onde se meteu, causando mais dificuldades às forças de ocupação.
Creio que desta vez o Sr. Luís Delgado está a criar problemas à política externa dos EUA. Bush não vai gostar.
O meu medo é que as pessoas moderadas, humanistas e pacificadoras não consigam travar os fundamentalistas que de um lado e do outro acirram velhos ódios, incendeiam as relações entre os povos, provocando o caos e a desordem.
A.M. (8/FEV/2006)
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