quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Os pirolitos

Quando há dias procurava descrever o avantajado leque de funcionalidades da coca-cola, para lá do que lhe é intrínseco e de um outro recomendado pelas mamãs para “segurarem” o intestino dos seus bebés, deu-me um ataque retro introspectivo que me catapultou para os anos 40.
Na minha terra havia duas fábricas de refrigerantes: gasosas, laranjadas e pirolitos. O pirolito não era mais do que uma gasosa, diferindo apenas no formato da garrafa à qual tinham apertado o pescoço à nascença. Não sei é como o berlinde foi parar lá dentro, mas logo que encontre um tipo da Marinha grande hei-de perguntar-lhe.
A invasão estrangeira das bebidas refrescantes ainda não se tinha dado, ou pelo menos, ainda não tinha chegado ao Ribatejo profundo.
O pirolito foi o mais sacrificado de todos dado que a sua produção foi interrompida diversas vezes e algumas tentativas de reabilitação que houve pelo meio, foram todas votadas ao insucesso.
Na mesma altura surgiu uma canção brasileira, cuja primeira quadra cantava assim:

Pirulito que bate que bate,
Pirulito que já bateu,
Quem gosta de mim é ela,
Quem gosta dela sou eu.
Bate que bate?
A miudagem não entendia a relação do pirolito que bebíamos com o pirulito que batia, batia.
Já imbuídos de alguma malandrice admitíamos que o pirolito da canção fosse aquele que guardávamos dentro dos calções.
Só muito mais tarde, oh se foi mais tarde, descobri que o da canção se escrevia com “u” e não tinha nada a ver nem com o que bebíamos nem com o que guardávamos.
Pirulito, termo brasileiro, é uma espécie de chupa-chupa das mais variadas formas e cores.
Dizem que a malta partia as garrafas para aproveitar o berlinde para a jogatana. Isso não sei. Ali na zona do Entroncamento usávamos mais as esferas que sacávamos dos velhos rolamentos das máquinas a vapor.
Só os meninos da mamã é que brincavam com berlindinhos de vidro!
Por fim, para que ninguém se exceda se encontrar o pirolito em qualquer lado que tenha muito cuidado pois não convém abusar deles. Como aconteceu a este. Coitadinho!


2 comentários:

CARLOS IVO DA SILVA disse...

GOSTARIA DE SABER EM QUE TERRA NASCEU, POIS COMO ESTOU A FAZER UM LEVANTAMENTO SOBRE AS FÁBRICAS DE PIROLITOS EXISTENTES NO PAÍS DESDE 1872 A 1970, FIQUEI COM DÚVIDAS A QUE POVOAÇÃO SE REFERE QUANDO DIZ : " ... NA MINHA TERRA HAVIA 2 FÁBRICAS DE PIROLITOS ...
OS MEUS AGRADECIMENTOS
CARLOS IVO DA SILVA

O meu E-mail é :
cjivodasilva@gmail.com

Célia Mesquitq Rocha disse...

Em Santa Iria de Azóia na EN 10 havia a Canadray onde ia nos anos 80 buscar os berlindes dos pirolitos das garrafas que se partiam.
Ficava entre a Fabrica Covina e a Estação de Comboio de Santa Iria.