terça-feira, 30 de outubro de 2012

O reafundanço


Hoje fui ao sapateiro buscar as minhas velhas botas. Por umas solas novas e anti derrapantes, que a chuva está aí, paguei 35 €. Como vamos voltar aos protetores, solas de borracha de pneus velhos, ao tamanco e quiçá à alparcata, o melhor é começar já a treinar para diminuir o impacto quando se chegar ao pé descalço. Quando me levarem as cuecas descriminalizem o ato de andar em pelota na via pública, condenado por ser um atentado ao pudor; seria inadmissível que os gatunos que nos roubam a roupa nos mandassem prender por ofensa à moral pública, que aliás já ninguém sabe muito bem o que significa.
A ideia da refundação (ou será que ele disse reafundação?) é um gato escondido com o rabo de fora pois já toda a gente percebeu que querem alterar a Constituição de forma que ainda nos possam roubar alma. Então aproveitem a altura e alterem também o código civil da forma que vos der mais jeito.

Lembrando-me que um velho amigo me contou que o seu sapateiro oferecia um furo no cinto a quem mandasse colocar meias solas, não resisti à tentação de recomendar ao meu, que fizesse o mesmo. Nesta altura, com a crise a ser refundada, a recorrência a sapateiros e costureiras está a aumentar exponencialmente. O negócio vai de vento em popa e o meu sapateiro acha que fazer furos nos cintos também vai aumentar a receita. E quem sou eu para o contrariar?! As costureiras a apertar saias, camisas e casacos não têm mãos a medir e nalgumas localidades já se espera mais tempo para ter uma peça de roupa ajustada do que para ter consulta no médico de família.

As botas contudo ficaram ótimas, e já fiz um furo no cinto com um prego e um martelo.

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