- Agora, não pense em nada.
Dois ou três segundos depois já eu replicava:
- Doutor, não consigo deixar de pensar que não
devo pensar em nada.
Como todos sabemos por experiência própria a
capacidade craniana tal como um alto-forno ou uma central nuclear não se pode
desligar, pois logo de seguida entra em coma e pimba, desfalece para todo o
sempre.
Voltando ao assunto. Ver coisas que não estão
no plano da nossa visão é coisa vulgar, como é o paradigmático caso de Nossa
Senhora de Fátima. Não tenho dúvidas que os pastorinhos viram a sua figura, e
foram sinceros no seu relato do episódio. Contudo, os olhos são apenas o sensor
da visão, que de nada servirão para quem está em coma ou a dormir. Dizem
algumas pessoas que viram em sonhos o Gualdim Pais em pessoa sentado na tore de
menagem do Castelo do Almourol. Viram? Na escuridão da alcova e de olhos
fechados? Ah! Ah! Ah! três vezes ah! Ver com as persinas do órgão de visão
fechadas? Pois!
Bem, já me perdi! O que eu queria realmente dizer
é que quando penso em criancinhas, vejo (vejo?) os meus filhos e depois os meus
netos e que nunca, em qualquer momento, salivei com o desejo de os comer
assados no forno ou em postas de churrasco.
Inspirado no “Vi, claramente visto”
camoniano, afirmo que hoje vejo claramente muitas das nossas criancinhas a irem
de manhã para a escola sem o seu pequeno-almoço.
Ou estou a sonhar?
1 comentário:
Não podemos deixar de pensar! O regime vai agonizando, mas procura sobreviver causando danos colaterais naqueles que nada têm a ver com o estado a que se chegou...
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