Só sabem
dizer mal do governo (por enquanto com letra minúscula) e não lhe apontam uma
única medida positiva. É injusto!
Decidem
oferecer as vacinas aos velhos com mais de 65 anos e ninguém tem uma palavra de
agradecimento para com, pelo menos, o ministro da saúde que vela por nós noite
e dia qual Hígia no seu pedestal.Assim pensava eu depois de ter ouvido a notícia num telejornal, há dias atrás. Contudo, logo no dia seguinte apareceram os farmacêuticos ou os donos das farmácias, vá-se lá saber, a queixar-se de não terem sido avisados previamente e entretanto já tinham feito as encomendas das vacinas para este ano.
- Bem feito! É para não serem gananciosos – pensei eu.
Já tinha posto o problema na beirinha do prato quando ontem fui tomar a bica matinal ao café do meu amigo Jorge e me lembrei de ir à farmácia, que fica logo ali ao lado, para comprar Atarax, pois os malandros dos ácaros incomodam-me mais do que três governos iguais a este.
É nesta farmácia que todos os anos por esta altura vou com a minha cara-metade apanhar a vacina gripal. Por isso, inocentemente, perguntei ao boticário:
- Então, já receberam as vacinas para este ano?
Que estavam encomendadas, foi a resposta.
Daqui, partiu-se para uma conversa onde me foi revelado mais um elemento do caso: as vacinas tinham sido oferecidas porque no ano passado por erro de cálculo, ou por alguma comissãozinha por baixo da mesa, tinham adquirido muito mais vacinas do que seriam necessárias.
- Então, mas a mutação anual dos vírus da gripe não obriga a fabricar novas vacinas que cubram melhor os diversos tipos de vírus? - Perguntei, meio incrédulo.
- Eles querem lá saber disso! Não fazem bem… mas também não fazem mal – disse o farmacêutico.
No caminho para casa vim matutando no assunto e sem querer comecei a deitar lenha para a fogueira, isto é, comecei a juntar outros dados ao raciocínio. A meio do caminho, voltei para trás e retornei à farmácia e pedi que me guardassem duas vacinas logo que chegassem. Tinha decidido jogar pelo seguro (não pelo Seguro porque também não me inspira grande confiança).
Quem sabe, no arreigado anseio deste governo em diminuir o défice, não juntariam às vacinas uma mezinha qualquer para dar cabo dos velhos com mais de 65 anos?
Nota: O uso
do termo “colocar na beirinha do prato” refere-se ao tempo das vacas gordas
quando se colocava na beira do prato aquilo que não prestava. No tempo das
vacas magras, quando havia comer, a gente tinha a mania de colocar na beira do
prato o mais saboroso, para comer no fim.
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