sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A Troika e a Chiquinha


“Preso à Chiquinha por uma promessa antiga de casamento, mal me lembrava do compromisso” é a frase de Valdemiro Silveira em “Caboclos” usada por Morais para definir o significado de compromisso. Como sinónimo, o mesmo dicionário, indica: comprometimento.
Valdemiro Silveira, escritor brasileiro, nasceu em 1873 e 1941, período em que o compromisso que se fazia a uma garota para lhe conquistar favores, era de levá-la ao altar. Nessa época, a palavra dada era sagrada e não raras vezes por impossibilidade de cumprimento dava-se um tiro nos miolos. Na cadeia de valores a honra estava num patamar superior de braço dado com a honestidade.

Hoje a honra está fechada numa arrecadação da cave. Já ninguém sabe muito bem o que significa e usam-na a torto-e-a-direito, sem sentido e com muito pouca vergonha.

"Eu pertenço a uma raça de homens que honra os compromissos do País", afirmou esta sexta-feira o primeiro-ministro, Passos Coelho, numa resposta a Francisco Louçã, coordenador do Bloco de Esquerda.
Passos Coelho desceu hoje à cave e foi buscar a honra para justificar que os acordos com a Troika são para cumprir.

E os compromissos que assumiu com o povo português que o elegeu? E as promessas feitas e imediatamente violadas logo que assumiu o poder? Não interessam? Não contam?
Perante o chorrilho de promessas pré eleitorais registadas pelos órgãos de comunicação e que circulam um pouco por todo o lado, nem sequer foi feito um pedido de desculpas ao povo.

A palavra dada à “populaça” é muito menos importante do que o compromisso com o capital internacional que nos usura sem dó nem piedade!
Pétain, por se ter comprometido com os nazis, foi considerado traidor e sentenciado a prisão perpétua.
A.M.

2 comentários:

José Leite disse...

Magistral! tiro o meu humilde chapéu a esta metáfora tão bem tirada!

durindana disse...

Agradecido pelo comentário. Abraço.