Ainda não tinha recuperado totalmente deste episódio quando soube que ia chegar a Lisboa um dos 13 palestinianos da Igreja da Natividade. Nem queria acreditar. Queria lá saber que o Ministro dos Negócios Estrangeiros dissesse que o homem não era nenhum cadastrado e nem sequer havia indícios de que tivesse cometido qualquer crime.
Era ou não verdade que numa linda e calma noite de luar, sem que nada o fizesse prever, a igreja fora invadida por aqueles 13 energúmenos que durante semanas mantiveram cativas centenas de pessoas que àquela hora participavam devotamente num acto litúrgico? Enquanto cá fora a vida decorria rotineiramente, lá dentro praticavam-se as maiores sevícias. Aquelas bestas chegaram mesmo ao ponto de partir um crucifixo com o intuito de fazer umas talas para um braço partido e urinaram no cálice sagrado, pasme-se.
Agora, Portugal inteiro ia ter que ficar de atalaia. Um desses monstros aprestava-se para provocar o caos num país tão sossegadinho como o nosso.
Annan Tanjeh pode estar sentado ao nosso lado no café ou no cinema, passar por nós na rua, pode até ser o condutor do autocarro 17, ou o técnico que vem reparar o telefone, ou quem vem contar a electricidade... Quando chegar o Inverno, muito cuidado com os carrinhos das castanhas assadas - podem estar armadilhados.
O Sr. Director Adjunto não dorme desde então. Corre para casa logo que se liberta dos compromissos diários, e tranca-se. Chapeou a porta da rua com aço e mandou montar uma daquelas fechaduras alemãs que custam uma dinheirama. Antes de se deitar, revista toda a casa, não se esquecendo de espreitar debaixo da cama e mesmo dentro dos armários da cozinha. Quem sabe se o vândalo não é anão? Dorme aos solavancos ao ritmo de pesadelos medonhos e nem o polícia que a Administração Interna destacou para a sua porta lhe traz alguma tranquilidade. Quem sabe ele não é o Alan Tanjeh?
Pobre Sr. Director Adjunto!
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