sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A blasfémia

A blasfémia só existe quando o receptor se sente agredido.
Isto é, se dois ou três ateus se entretiverem em amena cavaqueira a blasfémia não entrou. Também é muito difícil que ela surja entre praticantes da mesma religião. O problema coloca-se quando invadimos as religiosidades alheias menosprezando as suas crenças e as suas divindades.

Como ateu devo ter blasfemado “à séria” em muitas circunstâncias da vida. Tenho contudo o cuidado de arrear as velas assim que me apercebo do incómodo do interlocutor.

Recordo que deixei de fazer relatos das minhas conversas com o Gualdim Pais embora as tenha psicografadas num caderno que comprei para o efeito. Não são publicáveis porque só dão para fazer um livro de 99 páginas. Logo que tenha oportunidade de revisitar o Castelo do Almourol vou tentar mais uma entrevista com o Gualdim para atingir as 150. Parei com essas revelações porque me apercebi que estava a incomodar um amigo que desbravava o Allan Kardec e citava frequentemente o Xico Xavier.

Os extraterrestres, por exemplo, mais alguém me ouviu falar neles? Alguma vez eu ia negar que eles “andem” por aí sobrevoando cidades e vilas para vigiar o nosso comportamento?
Se houve uma onda de indignação do mundo muçulmano por causa das caricaturas de Maomé é absolutamente normal que o mundo católico seja invadido por uma onda de repulsão a propósito do “sapo crucificado”.

Se o Papa vem exigir que a escultura seja retirada da exposição em que se encontra,

podemos concluir que os comentários dos líderes religiosos muçulmanos não eram assim tão despropositados ou tão fundamentalistas.

Do mesmo modo, gostava de ouvir agora uma opinião sobre a ameaça à liberdade de imprensa que muitos comentadores admitiram naquela altura.

Quando se trata de elaborar regras de conduta e as respectivas leis que as enquadrem e defendam é obrigatório que sejam universais,
Ou então isto é tudo uma grande cegada, é o salve-se quem puder, é o “cada um ao seu e todos ao mesmo”.
A.M.

P.S. - "À séria" é uma locução (suponho que seja isso) muito em voga entre gente fina da nossa sociedade. Não gosto dela, "prontos", não gosto. Todavia tenho que me treinar não vá a Lili Caneças convidar-me para uma vernissage e apanhar-me desactualizado.

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