Naquele dia, livres da tarefa de cozer batatas e abrir umas latas de conserva, lá comparecemos à hora combinada para o almocinho.
Era a célebre dobrada com feijão que atacámos sem mais delongas logo que a dona da casa, ela própria, nos serviu. Distraído com a conversa, não sei quantas vezes a mulher do nosso amigo, sempre solícita, passou furtivamente por trás de nós para nos voltar a servir. Só dei por isso quando, já mais que saciado, reparo que tenho outra vez o prato cheio.
Sou do tempo das senhas de racionamento de que a malta mais nova nunca ouviu falar a não ser que os pais ou os avós, em vez de terem vergonha de contar aos filhos e aos netos as dificuldade por que passaram repetindo a velha lengalenga saudosista do “antigamente é que era bom” tenham preferido elucidá-los devidamente.
Dadas as condicionantes da época fui educado a não ter mais olhos que barriga o que significa que ainda hoje não gosto de deixar comida no prato.
Assim, perante aquela nova remessa de feijoada, não tive outro remédio senão cum
As células do organismo devem ter ficado de tal modo saturadas com a “tripeirada” que nunca mais voltei a comer nenhuma.
Talvez um dia volte a experimentar.
Agradeço ao Braga da Cruz que me deu o mote.
Onde?
Foi a frase “ainda diz que é abelha”.
Por isso esta história, que pretensiosamente pretendo que seja uma parábola.
Quem tem a coragem de servir 31 vezes “Magalhães e a memória em ano de eleições" não está com certeza à espera que alguém enfie na boca uma garfada que seja.
E ao contrário da dona de casa simpatiquíssima que nos queria agradar, este empregado de mesa que serve doses maciças do mesmo prato, está, intencionalmente a querer pregar-nos uma indigestão!
Não me importo que em vez de parábola considerem esta história uma lenda urbana.
Fico satisfeito do mesmo modo.
Bom fim-de-semana para todos.
A.M.
1 comentário:
Gosto muito mais de tripas enfarinhadas.
Veijios
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