Às vezes, quando se critica uma coisa, vai-se longe demais e depois procura-se apagar os exageros de forma a torná-la mais credível e consentânea com os objectivos em vista.
Para querer dizer que "a mudança de mentalidades se exige", o Papa não precisava de afirmar que os contraceptivos agravam, repito, agravam, o problema da SIDA.
Toda a gente minimamente informada sabe que o uso do preservativo não é solução única e definitiva para debelar essa doença e que o seu uso tem a mesma finalidade que a recomendação para usar luvas quando se manipula um veneno perigoso - Profilaxia.
Vir dizer que uma coisa estudada e recomendada pela comunidade científica para evitar
a proliferação da SIDA contribua, afinal, para a aumentar, é um autêntico despautério mal pensado e mal medido, dado que aconteceu quando ia visitar uma região onde a incidência dessa doença tem o mais alto nível e onde os meios para a combater são mais escassos.
Se o Papa tivesse pensado na quantidade de tabus religiosos que a Igreja teve que esquecer ou remendar por efeito das descobertas científicas, não teria ido, certamente tão longe na sua crítica.
Bastaria que tivesse parado logo após ter dito que “os preservativos não estavam a ajudar na luta contra a SIDA.
Mas foi mais longe, afirmou que “pelo contrário aumentam o problema”.
Falta explicar porque razão o problema cresce.
Por ventura os preservativos em vez de preservarem a contaminação pelo virus preservam a aplicação de outras medidas como a muito falada e pouco desenvolvida mudança de mentalidades?
Talvez não saibam ler as instruções que os acompanham e estejam a usá-los de forma deficiente, tal como o figurante que ilustra o texto.
A.M.
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