domingo, 1 de março de 2009

Courbet Versus Picasso

No Congresso de 2009 o PS promete legalizar o casamento entre homossexuais.

Embora negue a intenção, é evidente que esta medida tende de modo muito claro a satisfazer uma das reinvidicações dos partidos que se situam à sua esquerda.

Embora algumas vezes as sondagens sejam desvalorizadas pelos partidos toda a gente já se apercebeu da importância que lhe atribuem para fazerem inflectir a sua política no sentido de manter uma base de apoio que lhes permita obter um bom resultado nas urnas.

No caso em apreço embora elas indiquem uma vitória clara para o PS, a maioria absoluta não está assim tão certa, pelo que é preciso piscar o olho à sua esquerda.

Há outros indícios como sejam por exemplo a ênfase dada por Sócrates à nomeação como cabeça de lista para a Europa de Vital Moreira e à referência especial que fez da presença da Associação 25 de Abril
no referido Congresso.



Enfim, é a política em todo o seu esplendor.



Mas porquê as lésbicas?

O quadro de Picasso "Femmes nues à la fleur", pintado há precisamente 38 anos, representa o regresso do lesbianismo da clandestinidade onde se tinha mantido devido às políticas das ditaduras em ascensão a partir dos anos 30, que atribuíam à mulher o fundamental papel de procriadoras e mães.

Mas muitos séculos antes, nas mais diferentes culturas o lesbianismo era figurado tanto na pintura como nas letras sem que isso originasse movimentos de falso pudor como hoje se vê.

Por isso foi potenciado o episódio do quadro de Courbet impresso na capa de um livro de pintura.

Fosse o livro "O Amante de Lady Chaterley" ou "As sobrinhas da Viúva do Coronel" ou até "Lúbricas" de Rabelais, que nunca seriam apreendidos... a não ser que lhe espetassem na capa com a pintura de Courbet, "Sommeil" pintada em 1877 e que é, muito provavelmente, a mais famosa representação de lesbianismo na arte ocidental... porque na japonesa... oh... oh!
Embora sobre o mesmo tema estes dois quadros nunca serão entendidos da mesma forma no que respeita à sua percepção.
Podia o realismo de Courbet chocar alguns populares, mas o surrealismo de Picasso passaria despercebido.
Reparando melhor nos quadros existe ainda uma outra diferença:
Enquanto em "Le sommeil" as "ninfas" estão exaustas (felizes também), Picasso representa as suas com enorme vitalidade.
Mas isto vinha a propósito de quê?
Ah, pois!
Era para propor a Sócrates que mandasse introduzir no curso para polícias uma cadeira de artes plásticas. Não é que haja grande problema com atitudes como aquela da Feira de Braga, mas era bom não dar mais motivos para toda a gente desatar a gritar, durante uma semana inteira, que regressou a censura.
E, com esta medida ganharia votos à esquerda e à direita já que todos aproveitaram para lhe dar no toutiço.
A.M.

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