Há dias foi aqui plasmada parte de uma intervenção do Sr. Dr. José Hermano Saraiva para dar sequência a uma continuada e repetitiva crítica revivalista que só uma democracia, mesmo com alguns defeitos como a nossa, permite.
Era bom que o seu autor levasse em consideração a dor e revolta daqueles que, vivendo no sistema que agora sofridamente evoca, foram presos ou mortos por falar contra a Ordem estabelecida.
“Se alguém quisesse acusar os portugueses de cobardes, destituídos de dignidade ou de qualquer forma de brio, de inconscientes e de rufias, encontraria um bom argumento nos acontecimentos desenca(n)deados pelo 25 de Abril” - é a frase inicial de Hermano Saraiva que foi transcrita nos Blogues do Leitor.
Não sei a quem foi dada tal entrevista, mas sei que se encontra no Blogue Galo Verde, o que não é de estranhar. O historiador a quem todos reconhecemos uma enormíssima capacidade de comunicação sabe melhor do que ninguém medir as audiências e, quando fala para o país procura ser politicamente correcto.
Poderia evocar aqui o seu passado como serventuário do poder salazarista e da sua passagem pelo governo como ministro da educação e daí procurar avaliar a sua enorme capacidade de adaptação “ambiental”.
Prefiro transcrever o que escrevi em 2002 (creio) sobre uma entrevista que o distinto professor deu ao D.N.
A minha turma tem oito milhões
O historiador Hermano Saraiva deu uma entrevista ao DN, que foi publicada no passado dia 11 de Outubro. “A minha turma tem oito milhões” é uma frase sua, reveladora da consciência que tem do quanto contribui, principalmente na televisão, para a formação cultural dos portugueses. Ele próprio reconhece que já foi criticado por algumas interpretações que fez, de alguns episódios históricos do passado.
“Um dos maiores comunicadores de sempre” sabe bem que, para agarrar a audiência, é necessário temperar muito bem o prato que se lhe serve. Até aqui tudo bem, uma feijoada não deixa de o ser só porque ficou ligeiramente apimentada; todos devemos estar gratos pelo trabalho que tem desenvolvido para que através da revelação do nosso passado, nos conheçamos melhor. Todavia, a teoria de que a história é o reino do Tu, tem limites Sr. Professor!
Quem leu a última parte da entrevista no DN ficou a saber que, para Vexa, antes de 25 de Abril de 1974 não havia uma ditadura porque havia uma Constituição; não havia censura porque logo após aquela data não foram publicados os livros censurados; as eleições foram exemplares como o provam os cinquenta anos de paz política; e ainda, pasme-se, o Aljube e o Tarrafal são uma invenção.
Também para os nazis Aushchwitz foi apenas uma pequena e bucólica localidade polonesa. O arquivo da Pide estará vedado aos historiadores?
Porque me diz directamente respeito, apenas menciono Manuel Vieira Tomé, que foi preso pela Pide em 1934 na sequência de uma greve ferroviária. O seu cadáver foi entregue à família, muitos dias depois, apresentando evidentes sinais de tortura - Moita do Norte, concelho de Vila Nova da Barquinha.
Se, como Vexa afirma, a história recente está a ser deturpada por “pessoas que inventam uma sucessão de factos que só existem na fantasia e no desejo delas”, que dizer daqueles que escamoteiam os próprios factos?
Estou convencido que os vindouros, ao lê-lo, o tomarão por um Fernão Mendes Pinto pós-moderno, quando, pela idade e saber poderia ser um João de Barros. Felizmente.
P.S. - A propósito do título, convém lembrar que o DN teve uma tiragem 71493 exemplares. Da audiência de 8 milhões, 7.928.507 não leram o jornal. Que tal um programa na TV para lhes dar conta desta sua particular opinião?
A.M.
Era bom que o seu autor levasse em consideração a dor e revolta daqueles que, vivendo no sistema que agora sofridamente evoca, foram presos ou mortos por falar contra a Ordem estabelecida.
“Se alguém quisesse acusar os portugueses de cobardes, destituídos de dignidade ou de qualquer forma de brio, de inconscientes e de rufias, encontraria um bom argumento nos acontecimentos desenca(n)deados pelo 25 de Abril” - é a frase inicial de Hermano Saraiva que foi transcrita nos Blogues do Leitor.
Não sei a quem foi dada tal entrevista, mas sei que se encontra no Blogue Galo Verde, o que não é de estranhar. O historiador a quem todos reconhecemos uma enormíssima capacidade de comunicação sabe melhor do que ninguém medir as audiências e, quando fala para o país procura ser politicamente correcto.
Poderia evocar aqui o seu passado como serventuário do poder salazarista e da sua passagem pelo governo como ministro da educação e daí procurar avaliar a sua enorme capacidade de adaptação “ambiental”.
Prefiro transcrever o que escrevi em 2002 (creio) sobre uma entrevista que o distinto professor deu ao D.N.
A minha turma tem oito milhões
O historiador Hermano Saraiva deu uma entrevista ao DN, que foi publicada no passado dia 11 de Outubro. “A minha turma tem oito milhões” é uma frase sua, reveladora da consciência que tem do quanto contribui, principalmente na televisão, para a formação cultural dos portugueses. Ele próprio reconhece que já foi criticado por algumas interpretações que fez, de alguns episódios históricos do passado.
“Um dos maiores comunicadores de sempre” sabe bem que, para agarrar a audiência, é necessário temperar muito bem o prato que se lhe serve. Até aqui tudo bem, uma feijoada não deixa de o ser só porque ficou ligeiramente apimentada; todos devemos estar gratos pelo trabalho que tem desenvolvido para que através da revelação do nosso passado, nos conheçamos melhor. Todavia, a teoria de que a história é o reino do Tu, tem limites Sr. Professor!
Quem leu a última parte da entrevista no DN ficou a saber que, para Vexa, antes de 25 de Abril de 1974 não havia uma ditadura porque havia uma Constituição; não havia censura porque logo após aquela data não foram publicados os livros censurados; as eleições foram exemplares como o provam os cinquenta anos de paz política; e ainda, pasme-se, o Aljube e o Tarrafal são uma invenção.
Também para os nazis Aushchwitz foi apenas uma pequena e bucólica localidade polonesa. O arquivo da Pide estará vedado aos historiadores?
Porque me diz directamente respeito, apenas menciono Manuel Vieira Tomé, que foi preso pela Pide em 1934 na sequência de uma greve ferroviária. O seu cadáver foi entregue à família, muitos dias depois, apresentando evidentes sinais de tortura - Moita do Norte, concelho de Vila Nova da Barquinha.
Se, como Vexa afirma, a história recente está a ser deturpada por “pessoas que inventam uma sucessão de factos que só existem na fantasia e no desejo delas”, que dizer daqueles que escamoteiam os próprios factos?
Estou convencido que os vindouros, ao lê-lo, o tomarão por um Fernão Mendes Pinto pós-moderno, quando, pela idade e saber poderia ser um João de Barros. Felizmente.
P.S. - A propósito do título, convém lembrar que o DN teve uma tiragem 71493 exemplares. Da audiência de 8 milhões, 7.928.507 não leram o jornal. Que tal um programa na TV para lhes dar conta desta sua particular opinião?
A.M.
2 comentários:
Mata, filho, que tudo corra bem. Veijios nortenhos, do casal ventoso... ah ah ah
Directamente do "Canal 3", que é como quem diz de um restaurante onde se pode ver o Porto ganhar e o Benfica perder, para já, e fumar, ahahahah, um abraço e rápida recuperação, são os votos do casal vistoso. ahahahah...
Num é como diz essa nossa colega, ventojo, só depois de uma feijoada, ahahahahah...
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