domingo, 25 de janeiro de 2009

Avaliação (1)

A avaliação é um fenómeno natural e, mal nascido, qualquer ser vivo logo inicia a avaliação do meio que o rodeia.

Uma criança, por exemplo, avalia os pais para saber qual deles é mais susceptível para o deixar fazer isto ou aquilo. Num sistema familiar de poderes paralelos ela aprende rapidamente qual é o elo mais fraco para lhe proporcionar a satisfação de um determinado desejo ou um simples capricho.

Pelo seu lado os pais também avaliam os filhos e quando falam deles distinguem-nos pelas características que revelam. Um é mais calmo, outro é "galo doido", este é mais inteligente, aquele tem uma memória prodigiosa, um é mais meigo, o outro é "casca grossa", etc. etc.

Claro que estas avaliações de uma forma geral não produzem classificações que levem um pai a colocar um filho à frente do outro e por sua vez os filhos não "chumbam" os pais.
Quando entramos na escola imediatamente começamos a ser avaliados e classificados.
Não me lembro de alguma vez me ter arreliado com nenhum professor ou criticado qualquer método de avaliação por ter ficado na parte inferior da pauta.
Claro que havia erros nas classificações e quando alguém convictamente entendia que estava a
ser mal avaliado pedia revisão de provas.
Sou do tempo em que o professor era o mestre e o seu poder era tanto e a sua palavra tão considerada, que quando um aluno porfiava nos maus resultados ele chamava o pai e sentenciava:
- Ponha o seu filho a trabalhar que ele não dá para as letras.
Talvez alguém, pelo que tenho ouvido aqui, tenha saudades desse tempo.
Hoje, quando o aluno não aprende, a capacidade do professor é a primeira a ser equacionada como factor da falta de aproveitamento do aluno. A desculpa de que “ensinei todos da mesma maneira” já não pega porque ao professor compete conhecer os seus alunos de forma a encontrar o melhor método ou incentivo para lhes transmitir conhecimento com sucesso.

Quando mais tarde procuramos entrar na vida profissional somos logo avaliados através dos currículos, de testes técnicos ou psicotécnicos e depois nunca mais deixamos de ser avaliados regularmente durante as nossas carreiras.
Ninguém com bom senso pode rejeitar ser avaliado e creio firmemente que os professores também não.
Para falar do diferendo que existe entre a classe de professores e o Ministério da Educação não se deve partir duma posição radicalizada, de que o argumento “os professores negam-se a ser avaliados, ou “a culpa é dos sindicatos” são formas redutoras.

Embora existam outras causas para o desacordo como por exemplo a progressão nas carreiras, o motivo que tem sido mais propalado é precisamente o processo proposto para a avaliação.

De uma forma clara e civilizada gostava de ver este assunto discutido aqui. As opiniões expressas devem ser criticadas com fundamentos e não autênticos “tiros” disparados contra os seus autores.
A.M.


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