segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Deixem-se de lérias

Se o caminho da nossa salvação como país independente passa por se perder tanto tempo com factos e episódios que em nada contribuem para resolver os problemas mais graves, como o desemprego, a despesa pública, o défice, a educação, a saúde ou a justiça, então, estaremos definitivamente condenados.

Neste momento está na ordem do dia o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O governo pretende levar à prática esta medida do seu programa e uma parte da oposição pega nesse facto e faz dele um cavalo de batalha, tentando impedir a sua aprovação no parlamento.
A oposição critica o governo por estar a perder tempo com coisas sem importância em vez de resolver problemas mais graves, mas, ela própria, bloqueia a discussão de temas essenciais, promovendo uma campanha nacional contra uma insignificância.

Se alguma vez vier a ser feito algum referendo nacional sobre este tema, pela primeira vez, depois do dia 25 de Abril, não votarei.
Quero lá saber se o meu vizinho é casado com o tipo que vive lá em casa!?
Que me importa a mim que a minha prima Mariquinhas seja casada com uma enfermeira do hospital S. José!?
Entrámos na EU. Fizemos, por acaso, algum referendo?
E sobre a moeda única, fizemos?

Se a forma de governo de um qualquer país passa por referendar toda a legislação produzida, que se faça da Assembleia Nacional uma casa de espectáculos ou, arrasando-a, se venda o espaço para um qualquer pato bravo que ali se proponha construir um arranha-céus.
Teremos assim, uma democracia directa, mesmo directa.
O povo, poderá então pronunciar-se, por exemplo sobre os privilégios dos políticos, dos directores dos institutos, do TGV, das pontes, dos aeroportos e auto estradas e porque não sobre o sigilo bancário, também.

A igreja, ou alguém por ela, já recolheu (dizem) 80 mil assinaturas para exigir um referendo sobre se o meu vizinho pode, ou não pode, casar com o seu companheiro.
Será que a moral do país ficará afectada porque a minha prima se casou com a enfermeira?

Deixem lá de chatear o Sócrates por causa disso.
Passem à frente e tratem daquilo que, como afirmam, é essencial para o país.
A.M.

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