segunda-feira, 27 de abril de 2009

"Cuba, verso e reverso"

Rosendo Canto Hernandez escreveu “Cuba, Verso e Reverso” em Maio de 1974.
Exercia as funções de embaixador cubano quando em Janeiro de 1959, Fulgêncio, com o rabo enfiado entre as pernas, depois de um regime ditatorial de muitos anos apoiado pelos EUA, fugiu para o estrangeiro. (Ilha da Madeira, Estoril e Marbella onde faleceu em 1973).
Rosendo que também saiu de Cuba para Barcelona por essa altura, escreve na dedicatória deste seu livro
«A Sarita, minha neta inocente e pequenina, certificado do que disse em 1959: “Serei avô no exílio.”»
Escreve esta mensagem em 1974, ano em que o referido livro foi editado.

Recomendo vivamente a sua leitura para que se tenha uma ideia mais clara das razões da revolução cubana.

Algumas frases soltas do livro referido:

(…) Para mim é deprimente ouvir os cubanos pedir um desembarque de marines para libertar Cuba. Esta forma humilhante e efeminada de rogar ao estrangeiro a solução de um problema nosso tornar-nos-ia, uma vez mais, ridículos perante a América e o Mundo. Era intolerável, simplesmente repugante. Por esse preço, não creio que algum povo deseje a sua liberdade.(…)

(…) Fidel de Castro venceu, não pelas suas próprias forças geradoras de poder, mas pela debilidade dessa sociedade que se entregou, com rasgos primitivos a uma descabida admiração pelo “macho” triunfalista, como antes tinha feito com Batista que entrava em Colúmbia “para mudar o destino de Cuba”(…)

(…) A Cuba das cabanas miseráveis, do analfabetismo que atingia 24% nos campos e 20,2% nas cidades; a do camponês esfomeado, doente e inculto; a que se divertia nos Clubes elegantes de Havana, com nomes ingleses: “Havana Iacht Club”, “Vedado Tennis Club”, Country Club Park”, “Baltimore Yacht Club”, sítios proibidos a quem não tivesse fundos sólidos nos bancos, essa Cuba hedonista, viciosa e decadente, tornou possível a chegada de Fidel Castro ao poder (…).
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É aconselhável que se façam críticas fundamentadas e não apenas com o objectivo de condenar e desacreditar o sistema. Ignorar ou desprezar as razões que proporcionaram a revolução Cubana escamoteia de maneira determinada mas escandalosa as responsabilidades dos governos anteriores e principalmente das administrações estado-unidenses que os apoiaram e sustentaram em seu próprio benefício.
A.M.

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