quarta-feira, 15 de abril de 2009

Comentário aos Ziguezagues do Caf

Diz que não sabe se vai continuar…
Tenho a certeza que vai continuar!

A desilusão só existe quando nos deixamos iludir.
Os cépticos e realistas não se iludem com facilidade.

Com a experiência acumulada de 5 ou 6 anos por estas paragens, digo-lhe, caro Caf, que não adianta esclarecer os “equívocos que por aqui pairam” respeitantes à sua pessoa.
Estes “equívocos” são fabricados por medida para desacreditar o autor duma opinião que lhes causa calafrios e que não conseguem contestar de outro modo.

Nós não fazemos ziguezagues.
Por essa razão nos acusam de ter engolido uma cassete.
Volto a confessar que prefiro engolir essa coisa do que passar o tempo a mudar de opinião ao sabor das ocasiões e dos momentos propícios, armado em piorra girante, zunindo em função dos ventos.

O velho e estúpido argumento de aconselhar os adeptos comunistas a viajarem para Cuba ou para a Coreia do Norte, prescindindo das “regalias” capitalistas é a coisa mais disparatada que alguma vez se produziu neste mundo… e talvez até no outro… se houver.
Já fui criticado por usar computador americano, e talvez por calçar ténis Nike.
Nem sequer recalcitrei.
Essa gente entende que os administradores das multinacionais que costumam andar em cruzeiros por esse mundo fora, as velhotas de vestidos de cores claras mas com flores de cores fortes e garridas e os esposos de largas camisas feitas com as sobras dos vestidos (assim parece) têm mais direito a ter um computador do que eu que durante muitos anos participei activamente na fabricação de componentes para os mesmos computadores.
Eles acham que eu devo agradecer-lhes mais pelo emprego que me “oferecem” para conseguir alimentar a família, do que eles a mim, por lhes proporcionar tão magnificentes cruzeiros pelo Mediterrâneo ou pela Caraíbas.
Essas vozes não merecem um comentário de duas linhas.

Quanto ao aspecto do oportunismo, que encerra uma certa carga pejorativa, eu diria que todos nós aproveitamos a oportunidade colocada ao nosso dispor pelo JN. Se alguém acha que é oportunismo colar aqui um comentário ou uma opinião pessoal, que dirão de quem passa o tempo a fazer colagens de textos reaccionários de blogues reaccionários?
Ou a repetir incessantemente o mesmo post que tresanda a propaganda política ou partidária?

Engraxar. Meter graxa e puxar o lustro.
Este assunto é efectivamente muito delicado e encontrar um comportamento neutro que permita navegar pelo meio do canal sem nos aproximarmos de uma ou da outra margem, quase impossível.
A radicalização de posições políticas e religiosas, as diferenças de índole e de filosofia do que respeita ao comportamento em sociedade, a inibição ou desinibição em função da presença ou não presença do interlocutor, dificultam o estabelecimento de um comportamento padrão que evite críticas.
Se duas pessoas com quem tento mater um relacionamento de amizade se desentendem entre si e se insultam, cada uma delas fica à espera que eu tome partido a seu favor publicamente. A maior parte das vezes não o confessa mas perante o meu silêncio acusam-me de querer ficar bem com Deus e com o Diabo.
Não é amigo verdadeiro, aquele que exige controlar e determinar a minha “lista” de amigos.
Não tenho por norma criticar os meus amigos em público. Se tenho de o fazer aproveito um contacto directo e particular.
Este facto condiciona-me de certo modo quando se trata de tecer qualquer louvor a comentários que em minha opinião o merecem.
Alguns sabem-no e suportam-no. Outros sabem-no e não o suportam. Outros ainda não o entendem.

Da formação literária não vale a pena falar.
E não tomemos os latinórios ( que ás vezes também aplico) ou os textos em inglês como coisa provocatória.

Da bola posso falar mas nunca por nunca discutir. Era o que faltava.
Posso, por exemplo, desejar que hoje o FCP vença o Manchester porque em nenhuma situação deixei de apoiar uma equipa nacional contra uma equipa estrangeira, princípio que não é seguido quando o fundamentalismo também entra no desporto.

Caro Caf, não desista. Quando procuramos compreender os outros não devemos esquecer Decartes:
« Que ce qui est passion au regard d'un sujet est toujours action à quelque autre égard. »

… desta forma não acharemos tão estranha a incompreensão dos outros para com as nossas próprias opiniões.
Um abraço de solidariedade,
A.M.

PS – Falou no francês e não resisti. Desculpe-me.

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