Toda a gente fica muito pesarosa quando se noticia que um velhote foi encontrado morto em casa ao fim de uma semana, um mês, um ano, ou mais.
Por saberem da poda, a classe jornalística explora estas notícias até ao tutano, meticulosamente e pior ainda: usa decoração florida para realçar cada episódio.
Mas eles também sabem que a especulação de qualquer assunto tem um tempo próprio, para além do qual, o interesse das pessoas começa a ficar saturado.
Por isso, parece que já não é notícia encontrar um velho morto em casa ao fim de algum tempo, como num passado recente em que todos os dias havia um ou dois. Como é evidente continuam e continuarão a morrer pessoas por esse mundo fora cujos corpos só são encontrados muito mais tarde.
Em primeiro lugar quero aqui afirmar peremptoriamente que me importo muito mais com o isolamento em vida, seja de quem for. Estou convencido que mesmo com a casa cheia de gente e beatas carpideiras à volta da cama, o candidato a defunto já não vê nem ouve nada – está sozinho.
Vem isto a propósito de uma notícia que li hoje num jornal diário a propósito daquele celebérrimo caso da Idosa que esteve morta nove anos em sua casa em Rio deMouro.
Pasme-se: Os sete herdeiros estão a tentar anular o processo fiscal que resultou da venda da casa em hasta pública por motivo de não se conseguir apurar onde está o recheio da dita.
Ou seja, durante nove anos não lhes interessou saber se a velhota era viva ou morta, mas agora estão muito interessados nos seus haveres.
Ai, se isto fosse na Babilónia e eu Salomão…!?
1 comentário:
Sempre que o material se sobrepõe ao espiritual...
Enviar um comentário