terça-feira, 30 de julho de 2013

Baralha e dá outra vez!

O concelho de Vila de Rei faz fronteira a sul com o concelho de Abrantes e o marco geodésico que assinala o centro de Portuga está ali implantado. Temos pois, que Passos Coelho, talvez com o intuito de fazer chegar a sua voz a todo o país, ...escolheu aquela terra para debitar mais alguns pensamentos ou “tiradas” (como vos aprouver).
Para mim, que já tenho alguma dificuldade em resolver charadas e a jogar às damas só consigo prever até à terceira jogada, fico assarapantado com as explicações dadas pelo nosso PM à nossa misera situação.
Quando, correspondendo a um apelo feito há alguns meses para pouparmos, eu julgava estar a contribuir para o equilíbrio das finanças públicas, eis que ele me diz que o mal é termos poupado em demasia.
 
Contrafeito e violando a moral da fábula de “O velho, o rapaz e o burro” acreditei que tinha de passar a gastar mais. Imediatamente reformulei o meu orçamento familiar e já agendei uma festa de arromba no S. Martinho, uma passeata no Douro e também já marquei lugar para o fim do ano no Copacabana Palace do Rio de Janeiro, esperando, confiante, que desta vez Relvas esteja nos antípodas a fotografar os dragões de Comoro.
 
O meu vizinho do fim da rua não tem o meu problema. É um sortudo! Desempregado há mais de um ano não conseguiu poupar nada e agora está impedido de ajudar a salvar o país porque também não pode gastar mais.
 
Sugiro que aproveitem um fim-de-semana e vão visitar o centro de Portugal. Passos Coelho já regressou a casa e os chouriços de Vila de Rei são famosos.

domingo, 28 de julho de 2013

LIBERTEM AS BORBOLETAS

 
LIBERTEM AS BORBOLETAS!
 
“Novo Almourol” diz então:
Em Constância, (custa a crer),
Fizeram uma prisão,
Prás borboletas meter.
 
Para não ferir a mente,
Num gesto discricionário,
Deram-lhe um nome eminente,
Que nem está no dicionário.
 
Seja o nome lá que for,
É sempre uma coisa feia.
Para mim causa horror
Ver insectos na cadeia.
 
Constância é meu percalço,
Faz-me sempre confusão:
O Camões de pé descalço,
Borboletas na prisão.
 
A nossa Mãe Natureza,
Pô-las no mundo animal,
Pra mostrar sua beleza
Em liberdade total.
 
Exijo pois, sem demora,
E não me venham com tretas,
Quero os insectos cá fora,
LIBERTEM AS BORBOLETAS!
 
                                    Tiomanézé

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A mentireza


Contam-se pelos dedos de uma mão as pessoas que apanhadas em falta por coisas graves ou menos graves, reconhecem a sua culpa. Normalmente, quando se trata de políticos, argumentam que é mentira, que estão a ser alvo de cabalas dos seus adversários.
Alguns Inocentes que usaram estas artificiosas manobras para defender a sua honra estão na cadeia. Mas também os há à solta e lá para o reino dos algarves até depois de suspensão do mandato, um tal presidente autárquico teima em voltar a ocupar a sua cadeira na câmara.

Aqui mesmo ao lado, em Sintra, um outro candidato instala a sua sede de campanha num edifício que pertence a um ex-presidente que durante o seu mandato construiu uma mansão no Parque Natural de Sintra Cascais, em zona clandestina portanto e perante as críticas levantadas afirma que existe um acordo comercial que será celebrado em breve com o Justino.
Tudo muito límpido!

As promessas eleitorais mais do que incumpridas são violadas e chamar mentiroso ao seu autor pode dar processo em tribunal e até, se calhar, ser condenado. Mentir tornou-se tão vulgar que já virou moda e não descarto a hipótese de os políticos fazerem apostas sobre quem é o campeão do embuste.

A senhora ministra Maria Luis tem tempo de antena para explicar que não mentiu quando afirmou que não tinha sido alertada para o risco das famosas “swaps” e, como toda a gente viu, passou o tempo a falar da prontidão com que o governo começou a resolver o problema.

Apesar dos emails trocados com o antigo diretor-geral do tesouro, agora tornados públicos, acabou dizendo: “Continuo a dizer que não menti”.

“Lá vem o lobo!”

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Jogo sujo


   Não jogo à bola porque não tenho pernas para isso, não entro em jogadas duvidosas que a minha consciência possa aproveitar para me provocar insónias; não jogo na lotaria, totoloto ou euro milhões porque fiz as contas e cheguei à conclusão que tinha mais hipóteses de ser atropelado na rua e apesar disso todos os dias dou o meu passeio. Todavia jogo o king, a sueca ou mesmo a bisca lambida… mas a feijões, o que, mesmo assim, não deixa de me irritar quando fico sem eles para no dia seguinte fazer uma sopinha de feijão branco com repolho.
    Mas mesmo não jogando continuo a perder.
Ainda hoje, paguei 15,45 euros de taxa moderadora (1) por uma consulta para obter as receitas dos medicamentos que preciso diariamente.
    Certa vez, fui surpreendido com a conta da eletricidade porque o IVA tinha subido para 23%. De uma outra, trepou a fatura da água, porque, numa jogada oportuna, passaram a indexar a taxa de saneamento aos kilowatts consumidos, o que originou a quadruplicação automática da conta anual de saneamento, como se as condutas da água tivessem que ser desentupidas com visacor (2). Este ano, descontaram-me mais para o IRS e em vez de me devolverem algum dinheiro ainda me pediram mais. Do corte nas pensões já nem falo.
    Só gostava de saber que tipo de jogada faz Passos Coelho quando a miúde nos vem embalar com a canção “Não vamos aumentar os impostos”. Pela parte que me toca tanto me faz que o dinheiro se suma em impostos ou em taxas e sobretaxas, nos preços do gás e da eletricidade.
    O efeito que incide sobre o meu rendimento é o de uma contínua contração!
    Se sua excelência nos pretende adormecer então que nos cante:

Papão vai-te embora
De cima desse telhado
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado

   (1)    Taxa que modera a ida ao médico e a compra de medicamentos por afetar seriamente o orçamento familiar.
  (2) Medicamento que me custa 49,47 euros para desentupir a minha própria canalização.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Os sindicatos e as greves


Começo a ter a sensação de que me estou a esvair com as tentativas que faço para compreender o que se passa neste país. A aldrabice é pegada, as metas definidas e anunciadas são fracassos que se apressam a explicar com mais promessas e mais mentiras.

O PM, numa tirada infeliz e reveladora do pouco cuidado que tem quando abre a boca, diz que o país precisa menos de greves e mais de trabalho. Toda a gente concorda, principalmente as centenas de milhar de desempregados, e todos os que solidariamente não se conformam com a desgraça de quem perde a casa, vende o carro, recorre aos bancos alimentares e passa a viver da caridade de familiares e amigos. Claro, e
também aqueles que acham que o mercado controla tudo, incluindo a corrupção.

Venha ele, o Trabalho!

Políticos de todos os quadran-tes, críticos profissionais e amadores aparecem em cata-dupa nas pantalhas dos televisores para esclarecer o povo, mas só conseguem criar mais confusão. Penso que eles só usam os canais de comunicação para mandar recados uns aos outros.

Há dias num certo programa de televisão falava-se sobre a última greve geral. A senhora convidada, que não sei quem é, opinou em modos brandos sobre a adesão à greve, sobre as divergências de adesão emitidas pela CGTP e pela UGT. Quando o moderador deu a palavra a uma besta que estava do outro lado da mesa ele entrou assim:

- Não foi uma greve geral, foi uma greve banal.

Daqui, partiu para uma série de considerações sobre greves e sindicatos que nunca julguei ser possível - já não se justifica a existência de sindicatos, o mundo mudou, são outros os paradigmas e as greves deviam ser abolidas – despejou de um fôlego.

Sei muito bem que muita gente que anda neste mundo à procura de passar pelo intervalo da chuva não se importa que os outros fiquem encharcados desde que ele fique seco, tão seco como a sua sensibilidade perante a desgraça alheia.

Será que alguém pensa que o art.º 55 da Constituição deve ser apagado, mesmo que na UE todos os países contemplem este direito? Pelo modo como falam parece que sim, mas creio que é apenas o desconhecimento histórico da importância que o sindicalismo teve na luta pela dignificação do trabalho.

Em 1974 fecharam os grémios. Os grémios eram associações corporativas que não tinham lugar numa sociedade democrática. A grande maioria dos sindicatos existentes era controlada pela ditadura vigente. Acontecia normalmente nas reuniões da OIT os três representantes portugueses, do governo, do patronato e dos trabalhadores votarem em uníssono nas propostas apresentadas, o que causava alguma chacota nos plenários.

Os sindicatos tornaram-se livres e os grémios mudaram de nome – são agora confederações como CIP, a CAP, a AIP-CE ou a CTP.

Pergunto: Será que os sindicatos só podem existir se forem controlados pelo estado? Ou se aos sindicatos for imposta a proibição de medidas para defenderem os seus interesses?

Então experimentem…!

 
Nota: Claro que o termo grémio é usado noutras circunstâncias como no antigo grémio literário, ou no Brasil, onde se escreve grêmio, para definir a maior parte dos clubes desportivos.