A
mulher mais rica do mundo, que nos manda trabalhar mais e beber menos, sem que
um neurónio, um só que seja, a faça entender que ela é apenas beneficiária dos
bens de um pai rico que acumulou uma fortuna imensa sob um sistema que defende religiosamente
a propriedade privada e taxa os mais ricos com delicada suavidade, foi notícia
nos últimos dias.
Não
sei onde a Siderurgia Nacional se abastecia para manter a sua atividade, mas
não me admiraria que comprasse o ferro ao pai da gorda mulher que lá da
Austrália manda tatibitates, bem demonstrativos do que se passa dentro da carola,
tal como o rosado das suas bochechas deixa antever lautas refeições muito bem
regadas. E se a nossa antiga Siderurgia não comprava, muitas outras, pelo mundo
fora, o terão feito, pagando um preço por tonelada que permitiu a confluência
de tantos milhares de milhões durante uma geração, nas mãos de uma só pessoa.
Quantos operários siderúrgicos deste planeta venderam o seu trabalho com uma
margem de lucro idêntica à do velho Rinehart com o negócio do ferro. De facto quando o estado se divorcia da responsabilidade de moderar os mercados, deixando o capital regular-se a si próprio, não faz mais do que meter lobos no ovil. É fartar vilanagem!
E quando aparece algum rico a defender o aumento dos impostos, como Warren Bufett, logo é considerado um extravagante, senão um louco que não deve ser tomado a sério. Confessou que tomou essa posição depois de ter verificado que pagava menos impostos do que a sua própria secretária.
Assim, quando Obama pretendeu aumentar para 30% os impostos sobre rendimentos anuais superiores a 1 milhão de dólares os republicanos do Senado rejeitaram a proposta.
Por cá, em função da nossa dimensão física e económica, não deixa de haver exemplos de boicotes a ideias, consideradas extravagantes, que proponham, mesmo que seja a título pessoal, a distribuição de alguma riqueza acumulada. O exemplo, por si só, já é considerado muito perigoso.
Refiro-me a Jorge Carvalho, empresário têxtil, que no ano 2000 pretendeu dar um jipe a cada um dos seus 150 trabalhadores. Logo lhe foi movida pelos herdeiros uma “ação especial de inabilitação" no Tribunal Judicial da Lousã.
Doze anos depois, vem a sentença, considerando a ação improcedente e não provada.
Resumo: Jorge Carvalho faleceu entretanto sem conseguir cumprir a sua vontade. Os trabalhadores nunca mais vão receber os jipes prometidos. Parte da fortuna de Jorge já estará em segurança nas mãos dos sobrinhos herdeiros que lhe moveram a ação e uma parte substancial deve ter alimentado as contas de algum escritório de advogados que pululam por aí como cogumelos.
Todas as forças se conjugaram para bloquear o desejo de um homem que no fim da sua vida entendeu premiar os seus operários.
A mentalidade vigente é a do egoísmo e não a da solidariedade; é a da trapaça e não a da honestidade. A ambição desmedida foi inculcada com as campanhas do compre agora e pague depois, sobre milhares de produtos que pouco acrescentam ao bem-estar de cada um. A vaidade levou ao exibicionismo, que a maior arte das vezes não tem suporte económico.
Apanhada nesta teia, a sociedade deixou-se embalar, ficou presa aos hábitos criados e será muito difícil o homem renovar-se, senão depois de muito sofrimento.
2 comentários:
Meu caro Mata:
Isto resume de forma brilhante o egoismo que vai campeando por aí, por vezes camuflado por razões obscuras. A ganância, o agiotismo, a mais despudorada ambição vao minando Portugal...
Desculpe, mas a Isabel dos Santos não é gorda!
E aquilo é uma democracia popular, liderada por um senhor (pai dela)que, tal como o camarada Mao, sempre desdenhou de posses e haveres. Melhor, só mesmo a Coreia do Norte (Ai, Bernardino!...).
Aliás, quando o PP for grande, há-de ir à Coreia do Norte para angariar investidores cá pró burgo.
Oooops! Lá deixei passar a hora de tomar os pingos!
Volto já.
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