sexta-feira, 22 de maio de 2009

Afinal, YES or NO?

Todos os telejornais das 13 horas abriram a falar de sexo.
O hímen da professora já rebentou algumas três vezes, o filme da aluna realizadora já entrou em sessões contínuas, os sociólogos ganharam espaço para opinar sobre tão magno problema e os accionistas da imprensa escrita deliram com o aumento das tiragens. Diz-se que a maioria dos alunos está ao lado da professora, o ministério manda investigar, a comunicação social faz o julgamento em praça pública e nas bancadas o público ulula desvairado tentando perceber o que se passa.
A confusão é enorme porque entretanto também estava em discussão a distribuição de preservativos nas escolas. Os próprios parlamentares têm discutido este assunto longamente, com muita profundidade e como é habitual nunca chegam a acordo.
No mesmo dia um conhecido comentador da nossa imprensa diária apoiava. a referida medida, mas… colocava um pequeno óbice: a distribuição devia ser feita de forma mecânica.
A partir daqui a tola desamarrou o barco das cogitações que foi por aí fora, para cascos de rolha, sem bússola que o orientasse.
Vindo de trás para a frente.
Aí por volta de 1950 li um interessante artigo do Reader Digest, no qual se declarava que a maior preocupação das mães americanas era que suas filhas trouxessem alguns preservativos na malinha de mão.
Cum escafandro! – numa altura daquelas, se houvesse metade do poder de comunicação que hoje existe, tinha caído o Céu e a Trindade. Mas claro, ainda não havia televisão e mais de metade da população era analfabeta...!
É certo que já se vendia o preservativo na farmácia lá da terra, que por acaso era tratado por “condom”, mas só pelos mais eruditos.
O termo “camisa de Vénus” era assim a modos que uma grosseria.
Por isso os mais abrutalhados entravam na farmácia (pharmacia) onde a D. Alice e o Sr. Pereira atendiam a clientela e berravam para toda a gente ouvir:
- Quero meia dúzia de camisas-de-vénus!
Os mais educados ou envergonhados esperavam pela sua vez para serem aviados e se por acaso era a D. Alice que os atendia, eles desculpavam-se segredando-lhe baixinho:
- Queria falar em particular com o Sr. Pereira.
Mas D. Alice desinibida disparava logo:
- Não é preciso que eu vou buscar.
Camisinha era uma outra alternativa e convenhamos que menos chocante para os ouvidos sensíveis. Havia até quem ao ser atendido pegasse o colarinho da própria camisa entre o indicador e o polegar, interrogasse:
- Tem camisas destas?
- Dessas não tenho. Tenho das outras.
- Então avie-me duas dúzias. (Esta é uma velha anedota sobre o mesmo tema).
A definição técnica usada para o objecto em questão, para além de outras, é esta:
“Bainha usada sobre o pénis durante a conduta sexual para impedir a gravidez ou a disseminação de doença sexualmente transmissível.”

Será que o “não-referido” comentador ao propor que a distribuição das camisinhas seja feita de forma mecânica admite que em pleno século XXI ainda existe quem por pudor fique inibido de adquirir o produto a um fornecedor humano?

Se a razão é esta proponho que usem as máquinas já estrategicamente colocadas para vender tabaco dado que não careciam de nenhuma modificação. Bastaria empacotar os preservativos em caixas com as mesmas dimensões que as usadas para as diversas marcas de tabaco.
Se a distribuição for gratuita como se propõe vai ter que haver algum controlo nos gastos, pois caso contrário, já estou a ver o consumo disparar por altura do carnaval para fazer balões.
E no controlo é que está o busílis.
Aceitam-se ideias.
A.M.




Sem comentários: