domingo, 31 de maio de 2009

Fazendo o ponto da situação


Dia 30 foi dia especial. Dois aniversários. O do meu nascimento e o do falecimento do meu pai. Ausente, não tive oportunidade nem disposição para responder a algumas observações colocadas no meu último post e porque ele já se vai sumindo lá no fundo, decidi abrir um outro onde tentarei dar réplica às mesmas.
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Fiquei agradavelmente surpreendido por saber que Igor Bracesnovsky, por vezes Xauter Conimbrigense, mas na verdade José M. Rocha, dedicou um “dossier em meu louvor”.
Claro que não sei, concretamente, o que Igor pensava a respeito da minha formação política mas sei, por duas ou três conversas que tivemos (proporcionadas pela tecnologia “internáutica”) que respeitava as minhas opiniões mesmo que destoassem das suas, sendo o inverso também verdadeiro.
Recordo que em dada altura, tendo usado de alguma agressividade numa troca de comentários, se apressou a pedir desculpas, o que abona bastante no que respeita á sua índole.
Tive, portanto, oportunidade de lhe manifestar o meu desacordo quanto ao uso de um espaço com estas características para divulgação de um tratado de filosofia política.
Se é verdade que outras pessoas o usaram para divulgação de credos religiosos também não deixaram de ser criticadas por essa razão.
Num espaço onde se fala de tudo ao sabor dos acontecimentos que dia a dia nos são trazidos pelos órgãos de informação, onde se dão pequenos desentendimentos e algumas agressões verbais, se contam algumas anedotas e até se fala da vida particular de cada um, o tipo de intervenção escolástica (no sentido mais lato do termo) é desajustado e o que é mais grave, tem efeitos contrários aos pretendidos.
José M. Rocha não me hostilizou por ter manifestado esta opinião e estou em crer que lhe atribuiu algum valor.

Maria Clara Lopes Torres em 16 de Dezembro referia-se à L.T.Sc. nestes termos:
Faço parte da L.T.Sc. desde 1982 e fui enfermeira.Ajudar os outros sem nada pedir em troca sempre foi a minha razão de vida. Como a Luta dos Trabalhadores pelo Socialismo Cientifico. Sou portuguesa e habito o Porto. A L.T.Sc. é internacional e conta com colaboradores e militantes em 4 continentes. Não é um partido político. Trata-se duma organização que procura fazer desenvolver a consciência das pessoas.

As consciências não se desenvolvem com o tipo de colagens que aqui são feitas em memória de José M. Rocha e muito menos com a linguagem usada para ferir a dignidade das pessoas.
O comportamento dos seus “apóstolos” não está a ajudar a causa do Socialismo Científico.
Qualquer teoria que não tenha apoio prático está votada ao insucesso.
O exemplo é fundamental. “Ajudar os outros sem nada pedir em troca” como diz Maria Clara Lopes Torres.

Cumprimentos Socialistas!
Viva o 5 de Outubro!
Viva o 31 de Janeiro!
Viva o 25 de Abril!
A.M.

sábado, 30 de maio de 2009

Europeias

Na Visão do dia 28 deste mês Áurea Sampaio escrevia que se o PS vencesse a glória pertenceria a Sócrates se fosse o PSD os louros caberiam a Rangel.
No dia seguinte, na TVI, Pulido Valente afirmava que Vital Moreira beneficiou da participação activa de Sócrates na campanha para as eleições europeias e que Rangel não teve essa ajuda da líder do seu partido.
Para justificar esta opinião baseava-se na recuperação do PS nas últimas sondagens efectuadas, em comparação com as que foram feitas durante a pré-campanha.
Facto são factos e quanto a esses nada a dizer.
Faria contudo uma pequena correcção a estas duas análises tão idênticas.
Pulido Valente afirma que Rangel não teve a ajuda de Ferreira Leite ao seu lado na campanha, mas eu acho que teve – por não ter aparecido.
Por isso se fosse Áurea Sampaio teria escrito que se o PS vencesse, a glória seria de Sócrates, mas se fosse o PSD, os louros pertenceriam a Ferreira Leite - pela ausência.
E não digo isto por mais nenhuma razão que não sejam aquelas em que se basearam os autores das citadas opiniões – as sondagens.
Não é verdade que nas sondagens às europeias o PSD apresenta melhores resultados do que para as legislativas?
Então….
A.M.






terça-feira, 26 de maio de 2009

Um pouco de rigor, por favor.

As análises devem, pelo menos ser coerentes e apresentar alguma lógica no raciocínio.
Principia-se por colocar em dúvida as “parecenças” que algumas pessoas (eu por exemplo) estabeleceram quanto ás políticas governativas que o PS estabeleceu desde que é governo maioritário com aquelas que constam do programa do PSD.
Argumentei que o facto deste governo ser tão criticado e apesar de tudo continuar a ser o mais votado (mesmo perdendo a maioria), se devia à semelhança do programa político do PSD com o programa aplicado à governação pelo PS, que não do seu programa apresentado ao eleitorado.
Afirma-se noutro parágrafo que “cada vez é mais evidente, o PS deveria ser comparado ao BE e não ao PSD. As sondagens demonstram-no. O crescimento do BE está a ser feito às custas do PS.”
Comparado porquê?
Porque têm propostas políticas idênticas?
Porque no Parlamento usam a mesma linguagem?
Porque existe alguma semelhança nas atitudes de Alberto Martins e de Luís Fazenda?
Não!
Porque o crescimento do Bloco de Esquerda está a ser feito à custa do PS – afirma o meu caríssimo amigo zedasiscas.

Ora acontece que o PS teve 46% nas legislativas anteriores, o PSD 29%, o BE 7%,
o PCP 8% e o CDS 6.
No barómetro político da Marktest referente a Abril deste ano o PS tem 36,2%, o PSD 26,4%, o BE 13,6%, o PCP 11,2% e o CDS 8,3%.
Donde se pode concluir que se o BE sobe nas sondagens à custa do PS, sobe também à custa do PSD.
Ou seja, se as sondagens servem para alguma coisa poderíamos concluir que a penalização do eleitorado aos partidos que nos têm governado alternadamente evidencia que o eleitorado insatisfeito com a governação do PS não acredita que o PSD possa fazer algo diferente.
Ou seja, as sondagens mostram que efectivamente PS e PSD andam de braço dado quanto às sugestões de governação e até a maneira como se esgatanham um ao outro indicia que não têm propostas alternativas para se distinguirem.

E se me vierem com a cantilena que as sondagens “não dizem tudo” eu imediatamente interrogarei:
- Então onde está a base que sustenta que o BE devia ser comparado ao PS?
A.M.

domingo, 24 de maio de 2009

Comportamento burlesco

Tão grotesco que não mereceria mais do que uma ou duas admoestações para que o seu agente o suspendesse.
Ninguém lhe encontra outro sentido que não seja o de provocar todos os residentes pelo que se tem algum outro objectivo em mente sai-lhe o tiro pela culatra.

Ora reparai:
Se eu às 12H19 parisse o desabafo que agora faço e voltasse a colocá-lo como comentário no mesmo “post” às 12H38, às 12H41 e às 12H42, se voltasse a emiti-lo com outro pseudónimo às 12H35 e voltasse a repeti-lo nos comentários às 12H38, às 12H41 e às 12H42, de que me acusariam sendo eu comunista?
Doido varrido?
Esquizofrénico?
Cretino?
Psicopata encartado?
Se logo de seguida, às 12H49 agarrasse, por exemplo, no tema do magnetismo remanescente ou mesmo na explicação do ciclo da histerese e o espetasse aqui, repetindo-o às 12h57, 12H58 e 12H59 de que me acusariam?
Se ainda por cima todos soubessem que este meu comportamento é usual (não se conhece outro) e vem sendo despejado aqui há meses, de que me acusariam?
De cretino?
De burro?
De pateta?
De ditador de meia tigela?
Não sei o que diriam, mas não tenho dúvidas que a minha filosofia política seria chamada a terreiro para explicar esse comportamento, para desacreditá-la e enxovalhar o seu autor.

Nós fazemos oposição ao partido que por tais métodos alguém julga poder elevá-lo aos olhos dos frequentadores deste espaço mas somo incapazes de usar tal prática.
Nem mesmo por desforra ou vingança!
A.M.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Afinal, YES or NO?

Todos os telejornais das 13 horas abriram a falar de sexo.
O hímen da professora já rebentou algumas três vezes, o filme da aluna realizadora já entrou em sessões contínuas, os sociólogos ganharam espaço para opinar sobre tão magno problema e os accionistas da imprensa escrita deliram com o aumento das tiragens. Diz-se que a maioria dos alunos está ao lado da professora, o ministério manda investigar, a comunicação social faz o julgamento em praça pública e nas bancadas o público ulula desvairado tentando perceber o que se passa.
A confusão é enorme porque entretanto também estava em discussão a distribuição de preservativos nas escolas. Os próprios parlamentares têm discutido este assunto longamente, com muita profundidade e como é habitual nunca chegam a acordo.
No mesmo dia um conhecido comentador da nossa imprensa diária apoiava. a referida medida, mas… colocava um pequeno óbice: a distribuição devia ser feita de forma mecânica.
A partir daqui a tola desamarrou o barco das cogitações que foi por aí fora, para cascos de rolha, sem bússola que o orientasse.
Vindo de trás para a frente.
Aí por volta de 1950 li um interessante artigo do Reader Digest, no qual se declarava que a maior preocupação das mães americanas era que suas filhas trouxessem alguns preservativos na malinha de mão.
Cum escafandro! – numa altura daquelas, se houvesse metade do poder de comunicação que hoje existe, tinha caído o Céu e a Trindade. Mas claro, ainda não havia televisão e mais de metade da população era analfabeta...!
É certo que já se vendia o preservativo na farmácia lá da terra, que por acaso era tratado por “condom”, mas só pelos mais eruditos.
O termo “camisa de Vénus” era assim a modos que uma grosseria.
Por isso os mais abrutalhados entravam na farmácia (pharmacia) onde a D. Alice e o Sr. Pereira atendiam a clientela e berravam para toda a gente ouvir:
- Quero meia dúzia de camisas-de-vénus!
Os mais educados ou envergonhados esperavam pela sua vez para serem aviados e se por acaso era a D. Alice que os atendia, eles desculpavam-se segredando-lhe baixinho:
- Queria falar em particular com o Sr. Pereira.
Mas D. Alice desinibida disparava logo:
- Não é preciso que eu vou buscar.
Camisinha era uma outra alternativa e convenhamos que menos chocante para os ouvidos sensíveis. Havia até quem ao ser atendido pegasse o colarinho da própria camisa entre o indicador e o polegar, interrogasse:
- Tem camisas destas?
- Dessas não tenho. Tenho das outras.
- Então avie-me duas dúzias. (Esta é uma velha anedota sobre o mesmo tema).
A definição técnica usada para o objecto em questão, para além de outras, é esta:
“Bainha usada sobre o pénis durante a conduta sexual para impedir a gravidez ou a disseminação de doença sexualmente transmissível.”

Será que o “não-referido” comentador ao propor que a distribuição das camisinhas seja feita de forma mecânica admite que em pleno século XXI ainda existe quem por pudor fique inibido de adquirir o produto a um fornecedor humano?

Se a razão é esta proponho que usem as máquinas já estrategicamente colocadas para vender tabaco dado que não careciam de nenhuma modificação. Bastaria empacotar os preservativos em caixas com as mesmas dimensões que as usadas para as diversas marcas de tabaco.
Se a distribuição for gratuita como se propõe vai ter que haver algum controlo nos gastos, pois caso contrário, já estou a ver o consumo disparar por altura do carnaval para fazer balões.
E no controlo é que está o busílis.
Aceitam-se ideias.
A.M.




quinta-feira, 14 de maio de 2009

terça-feira, 12 de maio de 2009

Uma pedra solta na calçada...

Hoje não produzi nada.
Fiz apenas um dolorido desabafo que o destinatário, como já esperava, entendeu bloquear.
Está no seu pleno direito.
Direito de apagar tudo o que lhe seja dirigido, independentemente do conteúdo, do modo ou do tom usados.
Poderia haver uma argumentação, uma justificação qualquer para o procedimento criticado. O silêncio, como já alguém afirmou, também é uma resposta.
I respect it!

O comentário foi este:
Vexa continua a manter um comportamento absolutamente condenável e provocatório que para além de gerar antipatia pessoal, ainda prejudica o partido a que pertence.
A sua experiência política, se tem alguma, devia ter-lhe ensinado que não se cativa ninguém com esse tipo de atitude, reveladora, para além de outras características pouco abonatórias, de grande falta de respeito e consideração para quem partilha o mesmo espaço que Vexa.
Se por acaso afinar com este comentário que só tem como objectivo apelar ao seu bom senso, faça o favor de repetir o seu próximo "post" 33 vezes nos comentários e multiplique-o pelo número de pseudónimos que possui para o efeito.
Ficarei a saber, pelo menos, que ficou irritado.
Já não é mau!
A.M.

E… pronto! Desabafei!
A.M.

domingo, 10 de maio de 2009

O Reinado do Terror


Há rugas visíveis e invisíveis em todos nós. Tenhamos a sinceridade de o confessar.
Miguel Torga (Diário VIII)

Depois da farinha Maizena evocada por Pinho, que em antiguidade conseguiu bater de longe a Amparo, a 33 e a Predilecta, continuam os ataques mútuos entre os dois partidos que estão destinados a entender-se para salvação de Portugal.
Sócrates afirma que só a maioria faz parte das suas conjecturas. Ponto.

Se fosse seu costume cumprir as promessas e não recuar nas suas decisões o país ficaria a braços com um grande problema:
Chamado pelo PR para formar governo, Sócrates diria:
- Chama outro! Então eu não disse que nesta situação não conjecturava népia?
- Ah, não conjecturas? – Convido outro, prontos!
Manda ligar prá Manuela:
- Manela, és tu? Trata de formar um governo para eu lhe dar posse.
- Mas, Aníbal, se eu afirmei publicamente que nunca faria coligações com o Sócrates, vou-me conluiar com quem? Com o CDS não chega e os outros exigiriam aquilo que não lhes posso dar. Estamos bem arranjados!

Agora, para agravar a situação, aparece o ministro dos assuntos parlamentares afirmando que se a Sra. Dona Manuela for eleita primeira-ministra haverá um clima de terror.
Dizem as más-línguas que mal ele acabou de pronunciar estas palavras, se ouviu uma voz ao fundo da sala:
- Principalmente à noite, né?

Por sua vez a "nossa" distinta dama de ferro acusa o PS de incutir medo nos cidadãos.
- É o incutes! - Reclamam os PS’s em clamoroso uníssono.
- Hoje tem-se medo de ser escutado ao telemóvel, medo de perder o emprego, medo de retaliação, medo de falar com desconhecidos – acrescenta ela.

Como estou numa de evocações salta-me a imagem da minha querida mãezinha embalando-me para dormir:
Papão vai-te embora
De cima desse telhado
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado.
-Não apagues a luz que tenho medo de ficar às escuras – recomendava eu.
A.M.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A dupla

Foi a Esperança julgada
por sentença da Ventura.
Que pois me leve à pendura
Que fosse dependurada;
Vem Cupido com a espada,
Corta-lhe cerce o baraço,
Cupido foste madraço
Camões


Gisela abriu a porta do roupeiro e retirou do seu interior um velho saco de pano azul. Desatou-o vagarosamente, e pegando-lhe pelo fundo, despejou o seu conteúdo no chão do quarto. Durante largos minutos ficou olhando o espólio à sua frente. Vestidos e camisolas de cores garridas, alguns pares de sapatos, duas perucas, uma ruiva e outra loira, material de maquilhagem, bijutaria diversa, tudo ali ficou espalhado, enquanto a sua memória virava páginas do passado.
Casara muito nova. Por amor. Trabalhavam na mesma fábrica onde também se tinham conhecido. Tinham um filho lindo e saudável. A casa, onde aplicavam todas as economias que, com grande sacrifício, conseguiam fazer, ia ficando composta. Planeavam comprar um carro no ano seguinte. Mas, inesperadamente, o mundo ruiu à sua volta. A vida é assim, ninguém a controla, ninguém a domina.
Um dia o marido, grande apaixonado pela pesca à linha, desapareceu no Guincho. Nos dias de loucura que se seguiram ela passava horas nos rochedos frente ao mar, olhando-o longamente, na esperança de, pelo menos o corpo lhe ser devolvido.
Depois, desesperada, deu em acreditar que ele não tinha morrido e que simplesmente a abandonara por qualquer razão desconhecida. Regressou ao seu trabalho na fábrica porque tinha o filho para criar, mas nunca mais voltou a ser a mesma. As colegas notaram a diferença. Alegre e comunicativa, tornara-se agora taciturna, fechada sobre si mesmo alheada de tudo o que se passava à sua volta. Depois, aquela mania do luto carregado….
À noite, depois do filho adormecer, assumia então a sua outra personalidade. Ela, que era muito morena, transformava-se numa loira de longos cabelos, muito pintada, ou numa ruiva, sardenta de vestidos muito justos e de tons garridos.
Ficava irreconhecível. Depois, saía e vagueava pelos bares e cabarés da região, às vezes até Lisboa, convencida que o marido não morrera e mais tarde ou mais cedo o encontraria. Altas horas regressava a casa e no dia seguinte retomava o seu trabalho na fábrica, sentada em frente da sua velha máquina. E neste ritmo foi vivendo e mantendo sempre viva
a esperança no seu coração.
Um colega, recentemente admitido na fábrica, começou a sentar-se ao seu lado durante o almoço na cantina, e durante o breve espaço de tempo de que dispunham para comer, trocavam algumas palavras. A pouco e pouco o seu espírito foi-se abrindo e quando deu por isso estava enamorada. Começaram a sair juntos, revelou-lhe um pouco da sua intimidade e as suas incursões nocturnas foram rareando. Numa linda manhã de Abril acordou feliz meteu todos os apetrechos da sua outra identidade dentro dum saco que enfiou no fundo do armário.
Agora, de novo casada, o filho no seu quartinho, janelas abertas para deixar entrar o sol, Gisela recorda aquele passado enquanto olha aquela estranha roupa espalhada no chão. Naquela manhã, enquanto aguarda o marido para almoçar resolve desfazer-se daqueles vestígios de um período da sua vida que quer apagar para sempre.
Quando o telefone tocou, foi atender. Do lado de lá da linha ouviu o marido dizer:
- Olha querida, não esperes por mim para almoçar, chego mais tarde. Vou com uns amigos pescar para o Guincho.
Lentamente, Gisela voltou para o quarto e arrumou tudo, novamente, dentro do velho saco azul.
A.M.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Vasco Granja

A propósito do comentário de Anita sobre Vasco Granja no dia 5 de Maio de 2009-05-07

Claro que não vou falar do currículo de Vasco Granja que Anita resume muito bem numa dúzia de linhas, não se esquecendo de mencionar o tempo de prisão a que foi sujeito. É verdade que não indica a razão porque foi privado da liberdade o que poderia induzir qualquer jovem que a leia a admitir hipóteses que configurassem comportamentos do vulgar pilha galinhas ao guarda-livros burlão, mas creio que a omissão não foi intencional.
Como também não foi propositada a referência exclusiva a “A pantera cor-de-rosa” de que Vasco teria sido o divulgador.
Acontece que a maioria das pessoas só ouviu falar de Vasco Granja depois do 25 de Abril quando, ao longo de mais de mil emissões, fez a divulgação das mais famosas escolas internacionais do cinema de animação e não só de “A pantera cor-de-rosa”.

Este “desenho animado” foi passado no cinema Tivoli em 1964 ou 1965 a anteceder o filme principal que se chamava também “A pantera cor-de-rosa”, cujo intérprete principal era Peters Sellers na figura do Inspector Clouseau.
Tive o privilégio de assistir a esta estreia no nosso país e ouvir pela primeira vez a banda sonora que também ficou indelevelmente ligada ao filme.

Vasco Granja foi o homem que quebrou o “monopólio” do desenho animado americano que quase exclusivamente era passado nas nossas salas de cinema e na própria TV até 1974.
Mickey Mouse, Tom & Jerry, Popeye, Speedy Gonzalez passaram, com Vasco Granja, a ter a companhia de outros autores de outras escolas daquela arte desde o Canadá até à Checoslováquia.

Esteja onde estiver… se estiver, Vasco Granja não evidenciará nenhum contentamento por ver restabelecido o antigo monopólio que ele tentou combater mostrando-nos outras formas de pensar e outras culturas através de “bonecos” diferentes.

Que descanse em paz.
A.M.