domingo, 22 de fevereiro de 2009

Tarde piaste!


O Palácio da Pena recortado no horizonte no alto da "Serra da Lua" avista-se daqui desta varanda de uma forma muito nítida em dias propícios quando nem o sol encadeia nem o nevoeiro matinal o encobre.

Foi D. Fernando, apelidado de “Rei-Artista” devido à sua esmerada educação e cultura, que mandou ampliar antigo convento ali existente de forma a transformá-lo na residência oficial da família real portuguesa.

Serve esta introdução para apresentar uma anedota histórica incluída em alguns almanaques da época. Neste caso refiro-me à Revista de Instrução e Recreio de 1911.

D. Fernando convidara diversas personalidades para um almoço no palácio entre os quais Alexandre Herculano. Contavam-se anedotas e a certa altura D. Fernando perguntou àquele escritor o que queria dizer em português qualquer das classificações, varão, varela e varrunca.

Perante o espanto de Herculano, explicou:
- Pois são os maridos.
- Os maridos!? - estranhou aquele.
- Sim meu caro, eu lhe digo: Varão quando governa ele e ela não; varela governa tanto ele como ela; varrunca quando governa ela sempre e ele nunca.

D. Fernando contou depois, ainda no ciclo de anedotas que, um dia, jantando nas Necessidades com o seu bom amigo general Sousa Pinto serviram entre outros pratos, ovos quentes.

- Comi um. Estavam soberbos. Fui-me ao segundo... senti como que um corpo dificultando-me a deglutição… o ovo tinha um pinto em fabricação… e esta?
Não pude conter-me e engoli-o dizendo: Tarde piaste.

Talvez Orlando Neves no seu Dicionário de Expressões Correntes tivesse acrescentado mais alguma explicação sobre a origem remota daquela expressão de que se limita a informar: “Diz-se de alguém que chegou tarde ou interveio tarde num determinado assunto.”

A.M.



1 comentário:

mulher lua disse...

Ó Mata, era um ovo Kinder... ah ah ah

Veijios carnavalescos