segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O Diácono Remédios ataca de novo!

A notícia que hoje elejo como a mais caricata dos últimos tempos e também pelo ineditismo do tema é sem dúvida alguma a apreensão feita por três agentes policiais de alguns livros de pintura por causa do quadro representado na capa.

É uma obra do pintor oitocentista Gustave Courbet, considerado o fundador do realismo. E que realismo, meu Deus!

Desde que em Constância vi uma escultura na Casa de Camões tapada com uma serapilheira por causa da atitude muito afectuosa em que se encontrava o casal (creio que devia ser uma ninfa e um argonauta lá para os lados da Ilha dos Amores) já nada me pode surpreender no que respeita a estas manifestações de falso pudor.

Agora já está destapada e posso garantir que é apenas erótica quando antes era pornográfica dado que mal coberta pela serapilheira se anteviam as pernocas da ninfa lançadas para o ar como se estivesse no paroxismo final do 1º acto… 2º, sei lá.

A coisa não pode ficar assim.

Tenho que mostrar aqui, neste lugar mais recatado, a obra prima do referido pintor, esperando que o moderador do JN não tenha a mentalidade dos polícias.

A arte é para se ver!


Seriam estas? Não erram!!!!!!
















































Era esta, caramba!!!!













domingo, 22 de fevereiro de 2009

Tarde piaste!


O Palácio da Pena recortado no horizonte no alto da "Serra da Lua" avista-se daqui desta varanda de uma forma muito nítida em dias propícios quando nem o sol encadeia nem o nevoeiro matinal o encobre.

Foi D. Fernando, apelidado de “Rei-Artista” devido à sua esmerada educação e cultura, que mandou ampliar antigo convento ali existente de forma a transformá-lo na residência oficial da família real portuguesa.

Serve esta introdução para apresentar uma anedota histórica incluída em alguns almanaques da época. Neste caso refiro-me à Revista de Instrução e Recreio de 1911.

D. Fernando convidara diversas personalidades para um almoço no palácio entre os quais Alexandre Herculano. Contavam-se anedotas e a certa altura D. Fernando perguntou àquele escritor o que queria dizer em português qualquer das classificações, varão, varela e varrunca.

Perante o espanto de Herculano, explicou:
- Pois são os maridos.
- Os maridos!? - estranhou aquele.
- Sim meu caro, eu lhe digo: Varão quando governa ele e ela não; varela governa tanto ele como ela; varrunca quando governa ela sempre e ele nunca.

D. Fernando contou depois, ainda no ciclo de anedotas que, um dia, jantando nas Necessidades com o seu bom amigo general Sousa Pinto serviram entre outros pratos, ovos quentes.

- Comi um. Estavam soberbos. Fui-me ao segundo... senti como que um corpo dificultando-me a deglutição… o ovo tinha um pinto em fabricação… e esta?
Não pude conter-me e engoli-o dizendo: Tarde piaste.

Talvez Orlando Neves no seu Dicionário de Expressões Correntes tivesse acrescentado mais alguma explicação sobre a origem remota daquela expressão de que se limita a informar: “Diz-se de alguém que chegou tarde ou interveio tarde num determinado assunto.”

A.M.



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Ferroada

Alan Greenspan de 82 anos de idade tem uma inegável carreira de sucesso como economista servindo com muito empenho os diversos cargos que desempenhou para vários governos americanos. Tendo-se reformado em 2006 do cargo de presidente da Reserva Federal dos EUA a sua voz continua a ser muito respeitada no mundo capitalista.
Mas não só, sei agora que foi um saxofonista de sucesso tendo inclusivamente tocado numa banda de jazz.
Alan Greenspan era considerado como “o mais duro defensor do capitalismo libertário” até que a actual crise económica e financeira lhe veio mostrar a impossibilidade de regulação deste sistema.
Por isso vem agora dizer que os bancos devem ser nacionalizados… embora temporariamente, acrescenta.
Ou seja, enquanto a especulação deu para pagar fabulosos dividendos aos accionistas, o Estado era visto como uma sanguessuga que lhes cobrava impostos muito altos, agora, na eminência de falências o Estado é tomado como uma vaca úbere.
Perante tal situação só me apetece gritar:
- Volta Vasco! Estás perdoado!

A.M.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quadrumanos

A notícia que destaco no JN on-line deste dia 17 de Fevereiro é a do chimpanzé que foi abatido a tiro por um polícia em Stamford, nos EUA.
Fiquei muito impressionado porque o meu tio-avô quando regressou das colónias trouxe um macaco que mesmo amarrado com uma corrente, um dia deu uma valente dentada numa visita, incauta, que entrou no seu raio de acção.
Nesta coisa de macacadas convém estarmos sempre de atalaia.
Suspeito que o perigo resulta do facto de os humanóides serem menos peludos e por via disso estarem menos sujeitos à pulga e ao piolho. Verdes de inveja por perderem intermináveis horas no “catanço”, a macacada revolta-se o que temos que convir é humano. Talvez um dos poucos por quem não sintam inveja seja o Tony Ramos.

Não se deve excluir a hipótese de tais manifestações de desumanidade serem resultado de uma incontida revolta pelo facto de estarem em cativeiro.
No caso deste chimpanzé, quase passa despercebido, que ele só atacou quando o tentaram meter na gaiola, onde passava a maior parte do tempo depois de fazer umas gracinhas. Consta que os donos tinham o hábito de lhe enfiar na tola um chapéu de porteiro e colocá-lo a abrir as portas dos automóveis dos seus convidados em dias de “rodízio”.

Foi criado como um filho, acrescenta a notícia.
Que amor! Que ternura tamanha!
Pobre e mal agradecido, tal filho que assim ofende os seus paizinhos queridos.

Avisado pelo macaco do meu tio-avô e por este lamentável assassínio do chimpanzé da senhora Sandra Herold, tentarei manter a macacada a uma distância segura.
A.M.

domingo, 15 de fevereiro de 2009






Quando se falar do Almourol deve-se, previamente, dar ordem de sentido e apresentar armas. Poderia, se não corresse o risco de ferir algumas susceptibilidades, recomendar que ninguém evocasse o santo nome do Almourol em vão.
Desde tempos imemoriais que vão para além da ocupação visigótica aquele lugar tem sido testemunha de toda a sorte de episódios da nossa história de séculos pelo que devia estar imune a comentários profanos e maldosos.

Desafio aqui os convivas do 3º encontro que tiveram a coragem de subir à torre de menagem, cujo acesso não é nada fácil, a confirmarem que lá do alto não se avista nem a entrada para a vila de Marvão e muito menos o Castelo de Vide. Nem para norte nem para sul.


Até a célebre bola subiu à torre assim a modos como um baptismo de vôo que devidamente registado nos anais dos convívios JN há-de perdurar para além desta geração.

E ela, a outra geração, estava logo ali ao lado da bola e só alguma inépcia do fotógrafo impediu a sua visibilidade.
Que o fim-de-semana vos tenha permitido carregar as baterias.
A.M.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Rabiosques

“Bem-vindo ao base: o portal dos Contractos Públicos”

São as graciosas palavras de recepção para quem entra neste sítio.
Como toda a gente anda a dizer que é nos contractos públicos, quer do governo quer das autarquias, que existe mais corrupção, o que até Maria José Morgado confirmou numa entrevista à televisão que eu bem ouvi, resolvi entrar por ali dentro para coscuvilhar.

Terá sido por acaso que deparei com um contracto para fornecimento de 9072 rolos de papel higiénico de folha dupla adjudicados pela Faculdade de Letras de Lisboa à Mundisan, em Setembro de 2008?
Se calhar foi.
E, já que aqui estou, dou-me a reparar com o preço: 5.806,08 (euros)
Não é difícil fazer uma pequena conta de cabeça para concluir que cada rolo custa a módica quantia de 60 cêntimos vírgula qualquer coisa.

Imediatamente dou comigo a vasculhar nos bolsos à procura do talão das compras que fiz ontem no super mercado. Por uma dúzia de rolos de folha dupla (não digo a marca por mor de não fazer publicidade gratuita) paguei 1,74 euros, o que representa (sai outra conta) cerca de 15 cêntimos.

Se pensarmos que para a compra de tal quantidade existe sempre um substancial desconto, poderíamos considerar que a Faculdade pagaria menos do que eu por cada rolo de papel higiénico. Pelo contrário pagou 4 vezes mais.

De cada vez que se ouve falar na necessidade de reduzir a despesa pública o pessoal estremece porque a solução passa sempre por reduzir os quadros de pessoal.
Talvez passe, e não passa por mais lado nenhum?

Será muito difícil fiscalizar este tipo de situações e punir os gestores responsáveis?

O tipo de função fisiológica que conduz a tal dispêndio não se pode evitar, por vezes até é difícil adiá-lo, mas devia processar-se do modo mais económico possível, fossem os rabos dos senhores doutores ou dos contínuos da Faculdade.

Hoje deu-me pra´qui!
A.M.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Matemática

Durante muitos anos ali ficou pendurada na parede da cozinha a pequena tarjeta que os filhos me ofereceram num qualquer dia de aniversário talvez instigados pela mãe por eu os “massacrar” à hora das refeições com pequenos problemas de raciocínio simples.

Claro que é um exagero dizer-se que “um pai vale por 100 professores”, mas a ideia do autor, creio eu, era a de realçar a importância que um pai tem na educação dos filhos, não especialmente pelos problemas, mas por toda a sua formação cívica.


Muitos anos mais tarde, na mesma cozinha, à mesma mesa, eram os netos que aturavam o velho avô com o mesmo género de exercícios, agora, contudo, apresentados com mais brandura, que a idade nos amaina a exigência para com as crianças.


Certo dia ocorreu-me construir uma outra tarjeta, cujo desenho e cores tentei manter no sentido de se equilibrarem. “Um avô vale por dois pais” ficou na parede em frente e à hora do almoço daquele dia a solicitação era saber quantos professores vale um avô.


De modo nenhum pretendi sobrepor a importância dos avós à dos pais no que respeita à formação das crianças, nem sequer menosprezar a dos professores, era apenas um exercício.

Passaram mais alguns anos e hoje à hora das refeições só restam os dois pedaços de pano pendurados na parede da cozinha…
… E muita saudade, também.
A.M.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

As alforrecas

Alguns casos de xenofobia acontecidos ultimamente, um pouco por todo o lado, como em Inglaterra (segundo Gilfer), ou em Itália onde um grupo de jovens queimou um imigrante indiano que se encontra hospitalizado em estado muito grave, transportaram-me para “O naufrágio da Medusa”, livro que creio ter lido quando andava na instrução primária. Vivia na fase de “aventuras de capa e espada”, Sandokan era um dos nossos heróis naquela época e os Tigres de Mompracem lá no longínquo mar da Malásia os personagens que procurávamos imitar nas horas de brincadeira.

O Naufrágio da Medusa, corveta francesa que naufragou no Mediterrâneo, apareceu misturado no lote e foi devorado rapidamente. O enredo é de grande violência principalmente para uma criança de 8 ou 9 anos de idade. Os mais básicos instintos do Homem vão sobressaindo à medida que os náufragos, numa pequena jangada lutam pela vida. O canibalismo foi mesmo a última solução para vencerem a morte e os mais fracos ou doentes eram os primeiros a ser sacrificados pelos companheiros.

O comportamento de qualquer sociedade aparentemente calma e cordata pode descambar rapidamente para a violência. Perante uma grave crise económica começa por se lutar por um emprego e os estrangeiros são os primeiros a sofrer a ira dos trabalhadores nacionais por entenderem que os seus lugares de trabalho estão a ser usurpados

Quando as dificuldades são tão grandes e tão extensas que começam a afectar a sobrevivência das pessoas quebram-se os protocolos, as regras e as leis. Rouba-se e mata-se por um pedaço de pão.

Só espero que do naufrágio económico de muitos países não surjam em catadupa muitas jangadas como a da Medusa.
A.M.