A coisa é assim:
Alguns acham que a Constituição
está muito bem como está e não é por causa dela que não conseguimos sacudir a
crise que se nos agarrou às canelas como um “rottweiler” enraivecido.
Outros entendem que ela é a
responsável pelos nossos males, que devia voltar a ser revista, quanto mais não
fosse para acabar com aquela coisa da “saúde tendencialmente gratuita”, medida
necessária para que o país, embandeirado em arco, navegue em mar sereno a
caminho da fecundidade universal.
A maioria não percebe nada de
política, ouviu falar vagamente na Constituição mas nunca a leu. Estes,
dividem-se em dois grupos: os que alinham pelo “master voice” e os que se estão
marimbando para o comandante e respetiva marinhagem, porque continuam enfiados
no porão a comer rações cada vez mais minguadas.
Na primeira Assembleia Nacional,
eleita em 1934 por sufrágio direto dos cidadãos maiores de 21 anos ou
emancipados, estavam excluídos os analfabetos que pagassem impostos inferiores
a 100 escudos. As mulheres com instrução primária não tinham direito de voto, porque
esse direito só era adquirido com curso secundário ou superior.
Logo após a candidatura de Humberto
Delgado, temendo o perigo de poder ser eleito um PR que não respeitasse as
decisões do governo, foi feita uma revisão constitucional que permitiu a
formação de um Colégio Eleitoral composto por personalidades bitoladas pelo “Dinossauro
Excelentíssimo”.
Ao ouvir o modo como PM ataca o
tribunal constitucional, acusando os seus membros de impedirem o governo de
levar adiante a reforma do Estado tal como a entendem fazer, suspeito que estes
aliados da troika, prefeririam uma espécie de União Nacional, que reunida em Assembleia
Constituinte elaborasse uma Constituição à medida dos seus interesses.
Cá para mim a coisa apresenta-se
assim:
Se eu fosse candidato ao clube recreativo
lá da minha terra, a primeira coisa que fazia era ler o estatuto. Se contivesse
artigos que me impedissem de implementar o meu programa tinha duas soluções.
Não me candidatava ou, fazendo-o, procuraria numa assembleia geral alterar os
estatutos.
Sugiro, portanto que se faça um
referendo nacional sobre a Constituição.
Quem tem medo?
Nota: Ela pode ser “Short” ou “XXL”,
mas o conteúdo é o mesmo.
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