Aquilo que escrevi em 5 de Dezembro de 2005 continua actual.
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Quando chegamos à última página do jornal lá está o Vasco Pulido Valente no seu papel de comentador político para nos amarfanhar a alma.
Se acordamos já acabrunhados, de mal dormidos por pesadelos indefinidos, o melhor é não o ler nesse dia, pois pode muito bem acontecer que a depressão atinja valores tão profundos que sejamos levados para uma solução camiliana.
Confesso que nunca li nada do Vasco que me anime, me revigore, me titile o brio, me faça dar um salto na cadeira. Já nem sequer me consegue surpreender. Diz, metodicamente, mal de tudo e de todos.
Desengane-se quem andar à procura de uma luz orientadora, um sinal no caminho que o demova de alinhar no clube dos abstencionistas quando chegar a hora. Quem, num exercício de inteligência, procurar entre linhas e parágrafos o que resta do que foi desbaratado, não encontra nada senão escuridão e silêncio.
Afinal porque continuo a lê-lo?
Porque gostando do seu estilo, dos seus raciocínios, da sua ironia roçando o sarcástico, consigo abstrair-me da força depressora que emana da sua crónica, para ficar apenas o “sumo” da crítica.
Na “Liberdade vigiada” de hoje censura Cavaco por ter sugerido a criação de uma Secretaria de Estado para acompanhar as empresas estrangeiras em Portugal.
Mas satiriza igualmente Soares, o Governo e toda a esquerda em geral pelo argumento usado para combater aquela sugestão do Professor, ou seja, considerando-a uma tentativa de ingerência nos assuntos da área governativa.
As razões que considera válidas para combater a ideia são:
1- A mania da imitação do que se faz lá fora.
2- Implicação de mais burocracia (e logo mais despesa, digo eu).
3- O privilégio (mesmo que só aparente) concedido a estrangeiros geraria contestação do capital nacional.
Critica-o ainda por se apresentar como salvador e fazer acreditar à “populaça pouco versada em direito constitucional” que irá “mandar – com a lei, sem a lei ou contra a lei”.
Estou de acordo no essencial, dado que já tinha emitido uma opinião idêntica, desvalorizando o argumento eleito pela oposição a Cavaco, quando havia outros bem mais importantes e mais sérios.
O que não posso deixar passar em claro é o insidioso termo “populaça”.
Então oh Vasco, “população” não servia? Não ficava melhor? Eu sei que a técnica de enfatizar as coisas, resulta, realça, dá brilho, mas gaita à custa de nos achincalhar?
Olha a gente gritar numa manifestação:
- A populaça é quem mais ordena!
- A plebe é quem mais ordena!
- A ralé é quem mais ordena!
Ou mesmo,
- A rabacuada é quem mais ordena!
Não era preciso.
A.M.
Se acordamos já acabrunhados, de mal dormidos por pesadelos indefinidos, o melhor é não o ler nesse dia, pois pode muito bem acontecer que a depressão atinja valores tão profundos que sejamos levados para uma solução camiliana.
Confesso que nunca li nada do Vasco que me anime, me revigore, me titile o brio, me faça dar um salto na cadeira. Já nem sequer me consegue surpreender. Diz, metodicamente, mal de tudo e de todos.
Desengane-se quem andar à procura de uma luz orientadora, um sinal no caminho que o demova de alinhar no clube dos abstencionistas quando chegar a hora. Quem, num exercício de inteligência, procurar entre linhas e parágrafos o que resta do que foi desbaratado, não encontra nada senão escuridão e silêncio.
Afinal porque continuo a lê-lo?
Porque gostando do seu estilo, dos seus raciocínios, da sua ironia roçando o sarcástico, consigo abstrair-me da força depressora que emana da sua crónica, para ficar apenas o “sumo” da crítica.
Na “Liberdade vigiada” de hoje censura Cavaco por ter sugerido a criação de uma Secretaria de Estado para acompanhar as empresas estrangeiras em Portugal.
Mas satiriza igualmente Soares, o Governo e toda a esquerda em geral pelo argumento usado para combater aquela sugestão do Professor, ou seja, considerando-a uma tentativa de ingerência nos assuntos da área governativa.
As razões que considera válidas para combater a ideia são:
1- A mania da imitação do que se faz lá fora.
2- Implicação de mais burocracia (e logo mais despesa, digo eu).
3- O privilégio (mesmo que só aparente) concedido a estrangeiros geraria contestação do capital nacional.
Critica-o ainda por se apresentar como salvador e fazer acreditar à “populaça pouco versada em direito constitucional” que irá “mandar – com a lei, sem a lei ou contra a lei”.
Estou de acordo no essencial, dado que já tinha emitido uma opinião idêntica, desvalorizando o argumento eleito pela oposição a Cavaco, quando havia outros bem mais importantes e mais sérios.
O que não posso deixar passar em claro é o insidioso termo “populaça”.
Então oh Vasco, “população” não servia? Não ficava melhor? Eu sei que a técnica de enfatizar as coisas, resulta, realça, dá brilho, mas gaita à custa de nos achincalhar?
Olha a gente gritar numa manifestação:
- A populaça é quem mais ordena!
- A plebe é quem mais ordena!
- A ralé é quem mais ordena!
Ou mesmo,
- A rabacuada é quem mais ordena!
Não era preciso.
A.M.
2 comentários:
*
eu penso
que quem ordena é o Vin Rouge,
com um croquete senil . . .
,
há trinta e muitos anos,
que não consigo defini-lo !
,
abraço,
,
*
O Vin Rouge?
Talvez um "Black Label".
Há quem funcione bem com este tipo de "octanas"... o Vinicius de Morais, por exemplo.
abraço,
A.M.
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