Que sentido haverá em vasculhar o jornal “O Crime” ou os títulos do Correio da Manhã e transcrever aqui as desgraças do nosso quotidiano. O pai que violou a filha, o aluno que deu um estalo na professora, o banco que foi assaltado, o neto que bateu na avó?
Algumas vezes sem acrescentar comentários, mas na maioria das vezes acrescentando algumas notas do tipo: “toma lá que é para assares”.
Talvez não exista apenas uma razão. Deve haver um conjunto de razões difíceis de decifrar.
Durante algum tempo, interpretando o facto como uma provocação, sentimos o desejo de vasculhar os Correios da Manhã da outra banda para lhes mostrar que nem tudo são rosas lá onde moram.
Nessa altura passamos a ser anti-americanos. Depois de chancelados não há hipótese de comentar o mais pequeno acontecimento negativo passado naquele continente que não sejamos acusados, para além do nosso anti-americanismo, de pertencer a partidos políticos fascista e nazistas.
Durante algum tempo, na parte que me diz respeito, deixei de tentar “vingar-me” desencantando desaires como moeda de troca.
O ambiente melhorou um pouco… não muito.
Há poucos dias voltou a criticar-se neste espaço a indisciplina nas nossas escolas como se fosse a apoteose do infortúnio, quando ainda estamos algo longe dos vários massacre que ao longo dos anos têm acontecido nos EUA e não só. Lá chegaremos, porque segundo parece devemos copiar tudo o que ali acontece.
Até o índice de desemprego em Portugal merece comentários desagradáveis quando ultrapassámos a barreira dos 11%, como se lá, donde vem a crítica não houvesse desemprego.
Em Outubro de 2009 o desemprego nos EUA era de10,2% e em Março de 2010 recuperou um pouco, situando-se em 9,7%.
Será esta diferença suficiente para atribuir medalhas de ouro a uns e de cortiça a outros?
A.M.
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