quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Entre o sebastianismo e o salazarismo

Isto é o cúmulo!
Quando acordei sobressaltado depois dum cochilo a seguir ao almoço, que os carapaus fritos caíram-me na fraqueza, estava em 1942 a colar fitinhas nos vidros das janelas por causa dos bombardeamentos. Vêm aí os alemães, diziam uns! Nada disso, é por causa dos aliados, diziam outros. Nunca veio ninguém e por fim até ficámos fora do plano Marshall. Consta que Salazar disse que não precisava de favores. Pois.

Claro que naquele tempo não fechavam escolas.
Pois se os alunos nem chegavam para encher as que havia, calha bem. Em todo o distrito de Santarém havia apenas um Liceu oficial e aqueles cujos pais pudessem pagar os estudos frequentavam colégios particulares e iam fazer exame ao Liceu de Santarém, como eu fui e até tive deficiência a português o que me obrigou a seguir a carreira de electricista.

É o destino a marcar a hora, como cantava o Tony.
Não sei que idade tem o Sr. que estabeleceu aquele paralelo nem me interessa, porque ou não lhe contaram o filme ou já se esqueceu do enredo.
Comparar a escolaridade de então, determinada pelo poder económico e a escolaridade obrigatória actual é um autêntico e tendencioso absurdo.
Não havia desemprego? Pudera!
Ainda hoje, no noticiário das 13 foram apresentados os números da Emigração e entre 1955 e 1974. À média de 85 mil por ano foram-se embora 1 milhão e 600 mil portugueses.Durante alguns anos os números da emigração foram insignificantes, para voltarem a crescer nos últimos tempos para valores alarmantes.
Mas se o mesmo Sr., numa época em que reinava o orgulhosamente sós, atribui alguma influência às “dificuldades que se viviam no mundo”, porque não atribui hoje nenhuma culpas ao mundo pelos problemas actuais, se agora até estamos globalizados e portanto muito mais dependentes do mundo exterior?

O tempo não volta para trás. Não há coca-cola que chegue para desenferrujar os carretos da marcha à ré!
Se o Marquês de Pombal cá viesse espreitar ia julgar que um gigantesco bicho caruncho lhe tinha minado a cidade por baixo e ficava com um complexo tão grande ao ver rodovias com seis faixas que regressava imediatamente ao lugar onde repousa.
Não se fechavam centros de saúde? Mas onde é que os havia?
Chiça que eu ia morrendo por causa duma apendicite que o ferreiro da minha terra não descortinou.
Só estou a falar assim porque pode estar aqui algum jovem como a Korujita e acreditar que o Sr. está a falar verdade.
Pois então também vou dizer uma:
Quando o D. Afonso Henriques conquistou Santarém depois de amolar as facas em Malhou, o pessoal do norte só soube 15 dias depois, quando o JN publicou a notícia.

Então não estamos a brincar?
A.M.

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