As imagens das campanhas autárquicas transmitidas nos diversos canais de televisão provocam sentimentos contraditórios: se a pessoa... está num dia bom dá-lhe para rir, se a vida não lhe corre bem derrete-se em lágrimas. Há ainda, creio, desempregados, enganados, roubados e talvez despejados de suas casas, que riem e choram ao mesmo tempo. Mas é só nervoso… a qualquer momento podem tornar-se violentos agarrar num atiçador e escavacar o aparelho que ainda está a pagar a prestações. No dia em que estiver mais calmo descarrega o atiçador noutro lado.
O Seara anda desgostosíssimo depois de saber que vai ter menos de metade dos votos que António Costa e sugere, como desculpa, não ter havido debates. Costa, por sua vez, apela para uma maioria, classificando os opositores na Câmara de sectarismo, que o impedem de tornar Lisboa mais bela e confortável. O sorriso vitorioso de Pedro Pinto, candidato a Sintra, olhando embevecido o seu líder supremo enquanto este debita o costumado paleio… foi-se-lhe pela goela abaixo, quando soube das sondagens. Se calhar o Hernâni Carvalho, candidato da mesma lista à Assembleia Municipal, também não vai ser eleito, o que particularmente me incomoda, pois terei de continuar a ouvir as suas sábias opiniões sobre todos os crimes relatados no Correio da Manhã, juntamente com a voz guinchante da nossa querida Júlia.
Uns prometem mais túneis, outros, mais escolas, mais equipamento desportivo, mais polícias na rua e vejam lá que até prometem mais emprego nas suas autarquias. E eu a julgar que a crise económica era de caráter mundial, ou quando muito das políticas deste Adamastor de boca negra e dentes amarelos que nos (se) governa. Afinal as equipas autárquicas têm a solução para o desemprego, grandes malandros. Paulinho que frequenta as feiras, passa ao lado da barraquinha onde o preço de um casaco é mais barato do que os botões do seu casaco Saldanha, e vem dar uma ajudinha na campanha, falando de imaginários indicadores de melhoria da economia.
Enfim, cada um sabe de si, Nosso Senhor sabe de todos, e o governo sabe da poda e deixa sempre um gomo ou dois para rebentar.
Rebenta a bexiga ó Zé… ó Zé… ó Zé!