“Com o mal dos outros posso eu bem”
Existem
ditados populares para todas as situações do nosso quotidiano, inclusivamente
alguns deles contrariam-se quanto ao fundo moral que encerram.
No caso em
apreço temos um aforismo popular que parece ter contribuído para o egocentrismo
reinante, o que indicia a propensão portuguesa para o “lá diz o ditado”.
Passos
Coelho por exemplo, a acreditar nas Boas Festas que nos enviou, não pode com o
mal dos seus concidadãos, sente-se muito infeliz e vai fazer uma passagem de ano
muito recatada. Não vai, contudo, deixar de comer as 12 passas da meia-noite enquanto
em muitos lares portugueses se vai passar larica. Se é verdade que o peso do mal alheio é mais leve do que se fosse meu, não devia deixar de, algebricamente somados um e o outro, tenderem para o equilíbrio, dado que o mal era menor e o bem não seria tão bom.
Lembrei-me
disto por causa da Mula que tive que escorraçar para não me infernizar o juízo.
Fiquei muito mais aliviado quando constatei alguns percursos da mula na sua insana
tarefa de sujar todos os lugares por onde passa.
A propósito
de uma entrevista em que Urbano Tavares Rodrigues confessa que foi preterido
diversas vezes por ser comunista, comenta a mula:"Alguém lhe explica que com 86 anos e um filho de 4, há algo que não bate certo… tem pai que é cego”.
Sobre uma notícia com o título “Dubai acusa Mossad de matar membro do Hamas”:
“Excelente trabalho, façam favor de continuar”
Do artigo “Duas explosões no metro de
Moscovo provocam mais de 30mortos”:
“Deve ser obra do lenin, desculpem,
do putin”
Omito as obscenidades
usadas para com outros comentadores das mesmas notícias.
Depois disto não posso
deixar de sentir algum conforto. Afinal não é só comigo que a mula implica.
Tenho companheiros de infortúnio.