Esta manhã enquanto o Jorge me serve a bica matinal no café da esquina, onde diariamente e à mesma hora vou desde que me reformei, comunica-me:
- O Tino foi preso!
- Já li a notícia – respondo eu
- Amanhã já está na rua – acrescento.
- Não acredito – retruca ele.
- Aposto as bicas do mês – proponho eu.
- OK! Combinado.
Hoje, à hora do almoço ainda não se sabia muito bem se o Tino era solto ou não.
Li alguns comentários e, como de costume, aparecem alguns a regozijar-se com o facto de, finalmente, prenderem um personagem público, muito conceituado, que até foi reeleito depois de ter sido condenado a 8 anos de prisão.
Ingénuos!
Isto, quando muito, foi a expressão de uma Justiça, que envergonhada, quis mostrar trabalho e independência.
Então ainda não viram que quem tem caroço (a maior parte adquirido através do desfalque do erário público) pode sustentar durante anos uma equipa de advogados que, conhece todas as portas e buracos duma lei feita à medida da gente rica e influente e que de recurso em recurso vai mantendo em liberdade, os condenados em primeira instância.
Talvez, a maior parte das pessoas julgasse que depois do recurso para o Tribunal Constitucional, terminaria o processo. Quem ia pensar que outro recurso para o mesmo tribunal ia permitir mais um adiamento para o cumprimento da pena, que começando por ser de oito anos já vai só em dois? Poderá ainda haver um terceiro?
Talvez não haja, digo eu que não percebo patavina destas coisas.
Será que não há ainda o Tribunal Internacional?
O Estado que se ponha a pau pois talvez tenhamos que pagar ao condenado choruda indemnização.
Que pena que eu tenho de não ter apostado com a minha mulher a lavagem da loiça durante oito dias quando há dias se soube quem era o principal suspeito do caso “Feteira”.
Eu disse logo:
- Se ele vir que há perigo já cavou para longe!
- Foge agora – respondeu ela.
Parece que ainda não fugiu mas dizem que está em parte incerta.
Vai uma apostinha?
A.M.
1 comentário:
E no telejornal da noite ainda vejo aparecer o Ali Bábá a dar-nos lições de moral. Com ar descontraído e seráfico pede a Dona Justa que deixe de cometer atropelos.
A minha alma já meio aparvalhada com os tristes acontecimentos que se dão em catadupa, vai-se definitivamente abaixo e escafede-se pelo cano da pia abaixo.
Vai em paz alma amiga... foge para bem longe e ocupa o corpo de um esquimó ou de um beduíno solitário. E não olhes para trás que ficas empedernida!
A.M.
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