segunda-feira, 20 de junho de 2011

Mas que macada é esta?

Eu explico porque me veio à memória a minha avó Maria.
Se recordo com saudade a sua farinheira assada com arroz de manteiga feito em banho-maria também não esqueço as maleitas que lhe chegavam sempre nas vésperas de algum evento familiar. É certo que já ninguém ligava muito a essas crises sistémicas e por isso redobrava de artifícios para chamar a atenção. Enfiava-se na cama… ai, ai, ai e gritava:
- Dá-me um tiro, António! Dá-me um tiro!
O António era o meu Pai que tinha resistido à pneumónica e era o único filho vivo que lhe restava. Vira morrer três filhas no início dos anos 30 e sempre considerei esse facto como atenuante para estes azedumes.
1ª Chamamento – Fui à inauguração de uma exposição na minha terra natal e encontrei uma prima, filha de um irmão desta minha avó e que já não via há muitos anos.
- Estás cada vez mais parecido com o teu avô Rafael – disse-me ela quando me viu.
- E tu estás cada vez mais parecida com a minha avó Maria – respondi eu.
Na verdade os genes da linha materna são muito mais evidentes na minha figura do que os da linha paterna, daí que apenas me limitei a fazer uma constatação.
2ª Chamamento – “Dêem-me um tiro na cabeça porque sem um tiro na cabeça eu vou para a presidência da A.R.”
O tiro da minha avó devia ser-lhe ditado pelo tiro que deram no Sidónio Pais e que a levavam a trautear a nosso pedido, já se vê:
Se vocês vissem o que eu vi
Lá para os lados dos Marinhais
Uma mulher a assar castanhas
No rabo do Sidónio Pais
Aparece agora um nobre (D. Duarte está atento) a pedir que lhe dêem um tiro e até sugere que seja na cabeça.
A minha avó, creio eu, só desejava que lhe dessem um tiro de pólvora seca e de preferência no dedo mindinho do pé.


E ainda há quem chame os piores e mais ordinários nomes possíveis aos contestatários desta nomeação, mesmo que eles tenham origem no partido que o apoia.
Mas que cegueira!
A.M.

6 comentários:

Carlos disse...

Era "Uma velha a assar castanhas / no cu do Sidónio Pais". Está muito "soft", o nosso Mata. Quanto ao Nobre, julgo que o seu (do Mata) conhecimento da natureza humana o há-de levar a conclusões bem menos simplistas.

durindana disse...

Não vejo onde está a simplicidade com que analiso a natureza humana. É uma análise como qualquer outra, feita á base das notícias que sobre o assunto têm sido divulgadas pela comunicação social.
O mais importante é que na altura em que escrevi este comentário ainda estava convencido que apesar dos desacordos da dupla que forma o governo, Nobre acabaria por ser eleito.
Não foi. Retirou a sua candidatura, a que Passos Coelho logo se apressou a considerar de grande dignidade.
Havia outra saída?
Mas meu caro Carlos, eu não ando aqui com o intuito deliberado de o provocar quanto à sua ideologia política ou religiosa. Aceito todas as críticas. O que não tolero é a maledicência como forma de adquirir vantagem numa discussão, seja qual for a sua origem.
Particularmente dei-lhe indicação dos motivos que neste momento me guiam.
Ora veja!
A.M.
PS - O que me diz se eu sugerir Mota Amaral como presidente da AR para um consenso mais alargado? Simplista, hein?
Abraço,
A.M.

Carlos disse...

"Quanto ao Nobre, julgo que o seu (do Mata) conhecimento da natureza humana o há-de levar a conclusões bem menos simplistas."
Só não digo "porra!!!" porque pode algum açoreano estar a ler-nos.
"menos simplistas" que as da imprensa, pois claro. Catano! Não andei em cavalaria, mas sei que os carros de combate largam cortinas de fumo. Especialmente na retirada.

durindana disse...

Creio que compreendi a mensagem.
Agradeço a referência que faz ao meu conhecimento da natureza humana mas as conclusões da informação que recebo dos meios de comunicação são da minha inteira responsabilidade. Deles recebo a informação mais variada, a qual, não engulo à primeira venha ela de onde vier.
A minha mulher até já me conhece e por isso ri-se quando eu cantarolo: esta história está mal contada”.
Exemplificando:
Quando os meios de comunicação propalaram as promessas de amor eterno feitas por Vilas Boas ao seu FCP, creio que era apenas uma informação e não uma conclusão.
Eu é que concluí que perante algumas circunstâncias os compromissos verbais e por vezes até os escritos, são violados. Preferiria que a palavra tivesse sido cumprida mas não fico surpreendido com o desfecho.
Não sou o S. Tomé mas nos tempos que correm as dúvidas dele entranham-se-me nos poros e lá vem o: “Esta história está mal contada”
Talvez um dia tenhamos oportunidade de falar sobre este assunto e nessa altura poderei usar alguns argumentos de que não ouso falar aqui.
Um abraço, meu amigo,
A.M.

Carlos disse...

Ah! Eu cá não aposto no M. Amaral. Tenho mais fé que a coisa vai para uma Assunção Esteves.
Estive cá a fazer uma análise da imprensa...

durindana disse...

Ok, pronto, continua na sua sobre as conclusões - as minhas e as da imprensa.
De qualquer modo acho que foi uma boa escolha e uma táctica acertada.
A.M.