Eu explico porque me veio à memória a minha avó Maria.
Se recordo com saudade a sua farinheira assada com arroz de manteiga feito em banho-maria também não esqueço as maleitas que lhe chegavam sempre nas vésperas de algum evento familiar. É certo que já ninguém ligava muito a essas crises sistémicas e por isso redobrava de artifícios para chamar a atenção. Enfiava-se na cama… ai, ai, ai e gritava:
- Dá-me um tiro, António! Dá-me um tiro!
O António era o meu Pai que tinha resistido à pneumónica e era o único filho vivo que lhe restava. Vira morrer três filhas no início dos anos 30 e sempre considerei esse facto como atenuante para estes azedumes.
1ª Chamamento – Fui à inauguração de uma exposição na minha terra natal e encontrei uma prima, filha de um irmão desta minha avó e que já não via há muitos anos.
- Estás cada vez mais parecido com o teu avô Rafael – disse-me ela quando me viu.
- E tu estás cada vez mais parecida com a minha avó Maria – respondi eu.
Na verdade os genes da linha materna são muito mais evidentes na minha figura do que os da linha paterna, daí que apenas me limitei a fazer uma constatação.
2ª Chamamento – “Dêem-me um tiro na cabeça porque sem um tiro na cabeça eu vou para a presidência da A.R.”
O tiro da minha avó devia ser-lhe ditado pelo tiro que deram no Sidónio Pais e que a levavam a trautear a nosso pedido, já se vê:
Se vocês vissem o que eu vi
Lá para os lados dos Marinhais
Uma mulher a assar castanhas
No rabo do Sidónio Pais
Aparece agora um nobre (D. Duarte está atento) a pedir que lhe dêem um tiro e até sugere que seja na cabeça.
A minha avó, creio eu, só desejava que lhe dessem um tiro de pólvora seca e de preferência no dedo mindinho do pé.
E ainda há quem chame os piores e mais ordinários nomes possíveis aos contestatários desta nomeação, mesmo que eles tenham origem no partido que o apoia.
Mas que cegueira!
A.M.
6 comentários:
Era "Uma velha a assar castanhas / no cu do Sidónio Pais". Está muito "soft", o nosso Mata. Quanto ao Nobre, julgo que o seu (do Mata) conhecimento da natureza humana o há-de levar a conclusões bem menos simplistas.
Não vejo onde está a simplicidade com que analiso a natureza humana. É uma análise como qualquer outra, feita á base das notícias que sobre o assunto têm sido divulgadas pela comunicação social.
O mais importante é que na altura em que escrevi este comentário ainda estava convencido que apesar dos desacordos da dupla que forma o governo, Nobre acabaria por ser eleito.
Não foi. Retirou a sua candidatura, a que Passos Coelho logo se apressou a considerar de grande dignidade.
Havia outra saída?
Mas meu caro Carlos, eu não ando aqui com o intuito deliberado de o provocar quanto à sua ideologia política ou religiosa. Aceito todas as críticas. O que não tolero é a maledicência como forma de adquirir vantagem numa discussão, seja qual for a sua origem.
Particularmente dei-lhe indicação dos motivos que neste momento me guiam.
Ora veja!
A.M.
PS - O que me diz se eu sugerir Mota Amaral como presidente da AR para um consenso mais alargado? Simplista, hein?
Abraço,
A.M.
"Quanto ao Nobre, julgo que o seu (do Mata) conhecimento da natureza humana o há-de levar a conclusões bem menos simplistas."
Só não digo "porra!!!" porque pode algum açoreano estar a ler-nos.
"menos simplistas" que as da imprensa, pois claro. Catano! Não andei em cavalaria, mas sei que os carros de combate largam cortinas de fumo. Especialmente na retirada.
Creio que compreendi a mensagem.
Agradeço a referência que faz ao meu conhecimento da natureza humana mas as conclusões da informação que recebo dos meios de comunicação são da minha inteira responsabilidade. Deles recebo a informação mais variada, a qual, não engulo à primeira venha ela de onde vier.
A minha mulher até já me conhece e por isso ri-se quando eu cantarolo: esta história está mal contada”.
Exemplificando:
Quando os meios de comunicação propalaram as promessas de amor eterno feitas por Vilas Boas ao seu FCP, creio que era apenas uma informação e não uma conclusão.
Eu é que concluí que perante algumas circunstâncias os compromissos verbais e por vezes até os escritos, são violados. Preferiria que a palavra tivesse sido cumprida mas não fico surpreendido com o desfecho.
Não sou o S. Tomé mas nos tempos que correm as dúvidas dele entranham-se-me nos poros e lá vem o: “Esta história está mal contada”
Talvez um dia tenhamos oportunidade de falar sobre este assunto e nessa altura poderei usar alguns argumentos de que não ouso falar aqui.
Um abraço, meu amigo,
A.M.
Ah! Eu cá não aposto no M. Amaral. Tenho mais fé que a coisa vai para uma Assunção Esteves.
Estive cá a fazer uma análise da imprensa...
Ok, pronto, continua na sua sobre as conclusões - as minhas e as da imprensa.
De qualquer modo acho que foi uma boa escolha e uma táctica acertada.
A.M.
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