sexta-feira, 12 de junho de 2009

Postilhão


O meu avô costumava dizer que toda a carta tem resposta.
Se fosse hoje diria que além da cartinha, do postal ou do telegrama também o e-mail, o SMS ou o fax a teriam.
Por vezes as missivas, independentemente da forma como nos chegam, são de carácter neutro, isto é, não perguntam, não elogiam, não ofendem e não solicitam nada, mas mesmo nestes casos não custava muito dar uma palavrinha.
Tenho alguns amigos que todos os dias me atafulham a caixa com e-mails onde não escrevem nada. Apenas anexam algumas fotografias, uns pps ou wmv a que acharam muita graça durante as suas exaustivas pesquisas na Net que pelas minhas contas devem iniciar às cinco da matina, tal a proficuidade e regularidade deste seu apostolado.
Nem me atrevo a dizer que às imagens preferia a palavra, quanto mais não fosse para dizer: tudo bem por aí? Um abraço.
Esta coisa de se meter toda a gente no “Undisclosed-Recipient” não me agrada nada dado que por vezes até fico misturado com tipos que não me gramam nem à bala, para além do risco que existe de se cometer uma gafe ou provocar um enorme quiproquó de lastimáveis consequências matrimoniais ou outras.
Não sei se já alguma vez contei que fui operado ao apêndice quando tinha nova anos de idade e por pouco não estava aqui hoje pois a coisa já se tornara aguda.
Durante o internamento o já idoso director da Casa de Saúde de Abrantes ofereceu-me um enorme livro de contos. Os personagens eram habitantes típicos de Amarante, daqueles que afinal existem em quase todas as terras do nosso país e que ficou tão profundamente registado na minha memória que ainda hoje me lembro de alguns, como por exemplo o Doido Santiago e o Dr. Terramoto Farripas.
Lamentavelmente o livro sumiu-se lá de casa na anárquica voragem dos empréstimos e há dois ou três anos resolvi fazer uma diligência para saber onde poderia adquiri-lo.
Escrevi algumas mensagens para responsáveis dos pelouros da cultura de diversos concelhos referindo nomes, datas, ligações e sugerindo hipóteses que pudessem ajudar a encontrar o livro, o autor ou a editora.
Até hoje… silêncio total.
Esta é a norma de procedimento com que deparamos quando pedimos ajuda a entidades públicas e que nos levaria ao desespero se não houvessem bons exemplos.
Por isso os menciono. A sua singularidade assim o determina.

1 – Cada vez que vai à sua terra de férias um amigo recolhe toda a terminologia regional com que depara nas suas conversas com os habitantes, principalmente com os mais idosos e quando me vem visitar trás uma carrada de vocábulos que depois filtramos nos velhos dicionários De Morais.
Um dia quando já havia diversas folhas cheias daqueles vocábulos que já não se usam ou estão em vias de extinção perguntei-lhe:
- O que vais fazer com isto?
Da pergunta resultou a ideia de enviar o extenso rol de regionalismos para o pelouro da cultura da Câmara Municipal.
Passados alguns dias, a responsável, porque era uma senhora, respondeu agradecendo e louvando a iniciativa. Hoje, no site da Câmara de Alcoutim, existe uma referência a esse trabalho.

2 – Há dias, perante uma das habituais descargas dos mesmos “posts” e dos mesmos comentários que inundam o “Blogues do Leitor” eu, armado em queixinhas, enviei um e-mail à candidata do PS à Câmara do Porto, por considerar que a sua candidatura estava a ser prejudicada com os excessos propagandísticos de um seu correligionário.
Coloquei aqui o texto enviado.
Agora coloco a resposta:

Caro Sr. António Mata,

Como sabe não pertenço ao Partido Socialista e penso não conhecer o referido senhor. A actividade "bloguista" tem grandes virtudes mas também grandes defeitos e o abuso da liberdade que ela confere não será o menor.

Espero que a crítica de outros "bloguistas", como é o seu caso, consiga eliminar esses excessos e abusos mas por favor não me peça responsabilidades que não tenho, sobretudo numa área na qual, enquanto figura pública, sou mais vezes vítima do que beneficiária, como penso que calcula....

Claro que eu não poderia esperar outra resposta. Chamo a especial atenção para o 2º parágrafo que aconselha outros bloguistas a fazer o mesmo, tal como eu próprio aconselhei.
Se morasse no Porto e não votasse Rui Sá, votaria certamente em Elisa Ferreira, apesar do homúnculo que nos atazana a alma com as sessões contínuas das suas produções do ano passado, se declarar seu apoiante. Puf!
A.M.

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