quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Por causa da doação de órgãos

O termo "doação de órgãos" sugere que é necessário fazer uma declaração nesse sentido, mas na verdade julgo não ser assim.
Para não aproveitarem o meu rico coração e enfiá-lo num bilioso qualquer, é necessário que eu declare que não doo as minhas vísceras, seja para estudo, seja para transplante, para nada nem para ninguém.
Não fazer a declaração implica que me podem esvaziar o arcaboiço, o que certamente me tornaria mais leve para subir ao céu, mas que por outro lado me podia impedir de lá entrar, principalmente se já não levar coração.
Como sou ateu e por tal muito pragmático até acho que a lei, embora matreira, ainda fica aquém do que eu proporia: a disponibilidade absoluta dos corpos dos defuntos pelas unidades de transplantes e laboratórios de investigação para benefício de todos os viventes.
Porque te ris?
Sim, sim, para teu benefício, também!
Mas cuidado, como já informei aqui neste espaço quando da discussão sobre o mesmo tema, podemos sempre, deixar uma declaração orientadora do destino a dar aos nossos órgãos ou tecidos.
Ainda estou a pensar que recomendação deixar para o uso dos meus rins, do meu coração ou da minha figadeira.
Mas porque minha mente tortuosa ainda admite que depois de morto me possa vingar de alguns inimigos de estimação, já tive o cuidado de manifestar que desejo ver os meus ossos transformados em pipos de irrigador.
A.M.

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