Sangue. Muito sangue.
De preferência empoçado.
Uma perna partida.
De preferência com factura exposta.
Um filho que bateu na mãe.
A mãe que deitou arsénico na sopa do pai.
Tiros, muitos tiros.
Rajadas de preferência.
Um incêndio nas águas-furtadas.
Queimaduras do 3º grau, se possível.
Um suicídio com pré-aviso era o ideal.
Transmissão em directo.
O corpo a cair lá do 14º andar.
A fazer poff na calçada.
Ah! Ah! E um feto no caixote do lixo?
Se ao menos houvesse um terramotozinho.
As ruas cheias do entulho das casas.
Uma mão com os dedos encrespados.
Ensanguentados, claro.
Saindo do meio dos destroços.
Isso é que era bom!
Mas não temos essa sorte!
E então uma guerra a sério?
Com os mortos estendidos na valeta.
Ou todos alinhadinhos num campo qualquer.
Amortalhados.
O meu filho bateu-me.
- Até me chamou vaca e puta.
Uma lágrima furtiva.
Um ar consternado do entrevistador.
Enquanto mira o monitor da audiência.
Ena pá, tá no pico!
Entretanto,
6ª Estratégia de manipulação mediática, de Noam Chomsky:
"Utilizar muito mais o aspecto emocional do que a reflexão.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-circuito na análise racional e finalmente o sentido crítico dos indivíduos.
Por outro lado a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injectar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos."
Assim, ficamos sem saber se a intenção é aumentar as facturas da publicidade ou prestar um serviço ao poder instituído.
Pois. Deve ser as duas coisas.
Junta-se o útil ao agradável.
A.M.
3 comentários:
Suponho que as aventuras de um tpco maila mulher a passar quinze dias de remanço no time-sharing da cunhada em Fuengirola não atraiam grandes audiências.
Mas lá que sabem bem...
Será que a morte do zé maria pincel, "motard" inveterado, é menos importante do que uma outra de personagem produzida e moldada pelos media?
Pois hoje, ainda hoje, o telejornal das 13 horas dedicava grande parte do seu tempo à transmissão das exéquias de Angélico e às cenas de histerismo das suas fãs.
Claro que sinto a morte de Angélico, mas também a morte do zé maria pincel.
Quanto a férias sou nacionalista.
Nem sequer fui alguma vez a Badajoz comprar rebuçados.
A.M.
Se eu fosse para os algarves, "pagava as vacas ao dono". Assim, é só as contas do Lidl e a gasolina (mais barata).
E a Vigo? Chegou a ir?
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