quarta-feira, 10 de abril de 2019



Recapitulemos.

Muita gente continua a afirmar que antigamente é que era bom. Aqueles que ainda sobram do antes do 25 de Abril de 74 e já são uma minoria (oh pra mim) devem sofrer de amnésia ou tendo perdido alguns privilégios tomam a parte pelo todo e lamentam-se de uma forma semiautomática, tal como eu quando perante um caso bicudo não evito o “ai valha-me Deus”.
Os mais novos que nasceram durante ou depois dessa data ou não foram devidamente informados ou, o que é mais grave, foram formatados pelos mais velhos, e não tendo o “bichinho” que nos empurra para esclarecer e investigar, ficam quadrados.
Estas afirmações surgem quando ocorrem alguns casos, de que é exemplo a corrupção, que, neste lindo e primaveril Abril, floresce por entre os meandros das redes familiares produzindo extensos e belos jardins de múltiplas espécies vivazes.
É nesta altura que uns e outros (acima referidos) dizem:
Antigamente isto não acontecia.
Ora bem, tendo tomado conhecimento, através de investigações recentes feitas por laboriosos historiadores, de que o Marquês de Pombal desviava água do aqueduto para ele e para os amigos (os familiares não são referidos) dei comigo a pensar que no século XVIII não havia Felícias, Vieiras, Carvalhos e Anas (leais ou mesmo desleais) porque também não havia o Independente, o Jornal do crime, o Correio da manhã e a TVI que os pudessem alimentar.
O meu “foco” (desculpa lá ó Vitória) é informar que antigamente os poderosos da política e os seus amigos não eram anjinhos, quanto mais serafins e não evitariam mandar para a fogueira os agentes investigadores e delatores.
Ao ver a sanha com que os políticos se atiram uns aos outros, a qual só é comparável com aquela com que mutuamente se atiçam os comentadores de futebol nos inúmeros canais de televisão durante horas a fio, lembro-me de um caso que o meu avô nos contava.
Um seu vizinho tinha dois cães que passavam o tempo a lutar e a morder-se. Um dia, incomodado com a barulheira fechou-os num barracão que tinha no quintal. Só quando regressava do fim-de-semana passado na praia, se lembrou que os tinha enclausurado. Quando chegou a casa foi abrir a porta do barraco e os cães tinham desaparecido. Concluiu, então; que se tinham comido um ao outro.
Que tal fecharem os atiçados mais os atiçadores no Campo Pequeno?
Pode ser que se comam uns aos outros e possamos, por fim viver em paz!

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