quarta-feira, 10 de abril de 2019

Facebook, para que te quero?

Mark Zuckerberger inventor, fundador e dirigente desta plataforma acredita que a “humanidade progride quando consegue abater as divisões sociais e geográficas a fim de formar comunidades morais cada vez mais amplas”. Concordo.
A minha dúvida é que Facebook tenha vindo a contribuir para o desenvolvimento dessa “humanidade”. O próprio Mark entende que se outras forças não colaborarem para esse objetivo, o Facebook não o poderá fazer sozinho.
Que outras forças?
Os coletes amarelos usaram esta e outras plataformas para desencadearem um movimento de contestação. Macron propõe uma lei anti agitadores que entretanto a maioria parlamentar já aprovou e confiou também ao exército a manutenção da ordem.
São forças deste tipo que podem ajudar o Face a cumprir a missão a que se propõe o seu fundador?
Por outro lado o “Face” lançou no fim do ano passado a aplicação Dating. Efetivamente existe aqui a intenção clara de contribuir para o acasalamento. Recordo-me que antigamente encontrávamos a nossa/o cara-metade na escola, nos bailaricos, em casa de amigos, no trabalho, agora pode-se arranjar parceira/o ao abrigo da coscuvilhice familiar, o que aterroriza a maioria dos pais. Será essa uma evolução no bom sentido?
Eu não sou saudosista, mas tenho saudades dos bailaricos, onde até era costume levar as damas ao bufete. Por acaso nunca levei nenhuma, porque andava sempre liso e como era amigo do “mestre sala” ela avisava-me:
- Vou chamar damas ao bufete, aguenta, não dances agora.
Querem mais humanidade do que esta?




Recapitulemos.

Muita gente continua a afirmar que antigamente é que era bom. Aqueles que ainda sobram do antes do 25 de Abril de 74 e já são uma minoria (oh pra mim) devem sofrer de amnésia ou tendo perdido alguns privilégios tomam a parte pelo todo e lamentam-se de uma forma semiautomática, tal como eu quando perante um caso bicudo não evito o “ai valha-me Deus”.
Os mais novos que nasceram durante ou depois dessa data ou não foram devidamente informados ou, o que é mais grave, foram formatados pelos mais velhos, e não tendo o “bichinho” que nos empurra para esclarecer e investigar, ficam quadrados.
Estas afirmações surgem quando ocorrem alguns casos, de que é exemplo a corrupção, que, neste lindo e primaveril Abril, floresce por entre os meandros das redes familiares produzindo extensos e belos jardins de múltiplas espécies vivazes.
É nesta altura que uns e outros (acima referidos) dizem:
Antigamente isto não acontecia.
Ora bem, tendo tomado conhecimento, através de investigações recentes feitas por laboriosos historiadores, de que o Marquês de Pombal desviava água do aqueduto para ele e para os amigos (os familiares não são referidos) dei comigo a pensar que no século XVIII não havia Felícias, Vieiras, Carvalhos e Anas (leais ou mesmo desleais) porque também não havia o Independente, o Jornal do crime, o Correio da manhã e a TVI que os pudessem alimentar.
O meu “foco” (desculpa lá ó Vitória) é informar que antigamente os poderosos da política e os seus amigos não eram anjinhos, quanto mais serafins e não evitariam mandar para a fogueira os agentes investigadores e delatores.
Ao ver a sanha com que os políticos se atiram uns aos outros, a qual só é comparável com aquela com que mutuamente se atiçam os comentadores de futebol nos inúmeros canais de televisão durante horas a fio, lembro-me de um caso que o meu avô nos contava.
Um seu vizinho tinha dois cães que passavam o tempo a lutar e a morder-se. Um dia, incomodado com a barulheira fechou-os num barracão que tinha no quintal. Só quando regressava do fim-de-semana passado na praia, se lembrou que os tinha enclausurado. Quando chegou a casa foi abrir a porta do barraco e os cães tinham desaparecido. Concluiu, então; que se tinham comido um ao outro.
Que tal fecharem os atiçados mais os atiçadores no Campo Pequeno?
Pode ser que se comam uns aos outros e possamos, por fim viver em paz!