“A minha alma está parva”
Juro pela minha honra que a primeira vez que ouvi a expressão “a minha alma está parva”, foi da boca da minha mãe, lá para os anos quarenta do século passado. Por isso não venha a Clara Ferreira Alves acusar-me de plagiar o título do seu livro porque é falso e mesmo que fosse verdadeiro, não tinha moral para me criticar. Como é evidente também não creio que tenha sido a minha mãe a autora; por certo era dito popular, que indicia enorme surpresa por qualquer acontecimento.
O meu “amigo” das linguísticas, Orlando Neves, também não inclui no seu “Dicionário de Expressões correntes” qualquer alusão a esta frase.
Deste modo vos digo que a minha alma está parva por saber que já circula pela net uma petição pública para se investigar uma coisa que já foi investigada e propagada nos media por um processo que se chama jornalismo de investigação. Mas afinal temos que fazer uma petição pública para obrigar o ministério público a fazer o trabalho que lhe compete.
Deve andar por aí uma pandemia qualquer que baralha os neurónios aos seres pensantes. A pandemia "peticionária". Parem por favor.
Eu assisti ao programa da TVI sobre a investigação da jornalista Ana Leal. Quando confrontados com as acusações que são feitas aos três principais autarcas de Pedrógão, o presidente Valdemar Alves, à vice-presidente Maria Margarida Lopes Guedes e ao vereador Nelson Fernandes, denunciam um comportamento deveras comprometedor. O ar absorto do presidente, o sorriso malévolo/trocista da vice-presidente e o silêncio do vereador perante os factos que lhes são imputados, meus amigos… são comprometedores.
Mas, o que mais me entristece e indigna são os contornos destes atentados.
O presidente Valdemar Fernandes foi inspetor da PJ e ali trabalhou com Moita Flores de quem era amigo. De tal modo que Moita Flores o levou como assessor quando se tornou presidente da câmara de Santarém. Valdemar Fernandes foi o candidato do PS nas últimas eleições mas já tinha feito um mandato anterior como candidato do PSD. É primo do Tomás Correia presidente da Associação Montepio que considera como um irmão, o qual esteve envolvido no velho problema das Colinas do Vale Meão em Coimbra. O caso já foi encerrado; era tudo legal, de moral e éticas irrepreensíveis.
Mais um caso como tantos outros que em catadupa vão acontecendo no nosso país. Depois não há culpados. Os processos prolongam-se através de recursos e mais recursos, que acabam por alimentar a existência de tantos escritórios de advogados (só a Itália tem mais advogados per capita do que Portugal) com dinheiro que foi sonegado ao erário público pelos arguidos. Na Itália até se justifica por causa da máfia. Mas por cá? Onde andam eles?
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