Será que terei de ir a Almeirim para comprar um melão?
Foi quando me lembrei duma conversa, tida não sei onde, sobre a quota-parte de responsabilidade que cabe a cada cidadão dos 190 mil milhões da nossa dívida externa. Feitas as contas em cima do joelho cabe a cada português contribuir com 19 mil euros para ficarmos com o défice a zero.
Quando se fala de estatísticas vem
sempre à baila a história do consumo de galinhas “per capita”, em que se
conclui que uns comem uma e outros engolem duas ou três.
Também no caso da distribuição da
responsabilidade pela dívida externa é uma falácia atribuir a todos o mesmo
grau de responsabilidade. Existe gente numa ilha de Portugal Insular que nunca viu o mar e no continente haverá muitas pessoas no interior que também não o viram. Todavia, muitos outros já viajaram pelos sete mares, hospedaram-se em bons hotéis, talvez até tenham comprado um apartamento em Paris ou em Benidorm. Não vou falar da ladroagem que anda por aí e de forma encapotada desvia o produto do seu “trabalho” para paraísos fiscais, sobrecarregando cada cidadão honesto e trabalhador e fazendo disparar a dívida pública para valores insuportáveis.
Não fui eu que importei os melões de Marrocos e não me passaria pela cabeça atravessar o Estreito para lá ir. Então porque se importam tantos produtos que podíamos produzir?
Procurei informar-me melhor como funciona a importação de frutas e legumes cá no “burgo” e fui dar aqui: http://dre.tretas.org/dre/1230/.
Fiquei esclarecido e quando não encontrar batatas nacionais, não me sentirei tão culpado por comprar espanholas ou francesas.
E não se esqueçam de ler os considerandos. Entenderão melhor esta complicada engrenagem do import/export business.