Quem criticou a intervenção do ocidente (europeu e
americano) no problema da Ucrânia, apoiando as manifestações em Kiev, que de
forma mais que previsível levou à intervenção da Rússia na Crimeia, não teve
que esperar muito para ter a prova do verdadeiro motivo dessa intervenção
Notícia: “Empréstimos do FMI à Ucrânia dependem de
austeridade dura”. E segue-se: “FMI aceitou transferir 18 milhões de dólares
para Kiev, mas governo interino terá de aplicar medidas impopulares e duras”.
Se pensarmos que as razões apresentadas a ocidente quanto à
intervenção russa na Crimeia se centravam na violação do direito internacional,
da constituição ucraniana, da própria democracia e até da declaração universal
dos direitos do homem, estranharemos que o ocidente não intervenha e até nem se
pronuncie sobre a situação noutros países, como por exemplo na Guiné Equatorial,
onde o sistema é ditatorial, ao contrário da Ucrânia onde havia um governo
eleito democraticamente.
Infelizmente a razão de uma e outra atitude dizem respeito
ao interesse económico. Na Guiné Equatorial, os americanos exploram o petróleo
de um dos maiores jazigos do continente africano, mas omitem as violações
diárias dos princípios que dizem defender; por outro lado, juntamente com a EU,
procuram alargar o seu espaço económico subtraindo-o à Rússia.
Parece que a Ucrânia se dividiu e os manifestantes perderam o
gás depois de lhes faltar o apoio internacional. A “nova Ucrânia” irá certamente
aderir à UE e quiçá ao euro, como dizia pretender. O limite aos apoios começa
cedo, exigindo-se muita austeridade, muitos sacrifícios e depois logo se vê…
Vai certamente levar algum tempo e já não estarei presente
para o testemunhar mas virá o dia em que portugueses e ucranianos ficarão
unidos para saírem do Euro, se entretanto a própria Alemanha não se tiver
antecipado.
E o velho ditado popular “Julgavam que se benziam e partiram
o nariz” será evocado mais uma vez.