quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Rolex

Esta história identifica de modo muito claro a que ponto chegou a mentalidade de muitos responsáveis deste pobre país a quem confiámos as rédeas do nosso destino.

Avelino recebeu como prenda de aniversário um belo relógio em ouro pago com dinheiro das freguesias do concelho de Marco de Canavezes. Avelino acha que foi um ato perfeitamente legal já que foi decidido pelas juntas de freguesia. Ele diz que não sabe porque razão os autarcas vão ser julgados.
Tudo isto se passou no dia do seu aniversário que não se sabe bem se foi em janeiro ou em novembro dado que a data que consta no bilhete de identidade parece ser falsa.
Como era o último ano do seu mandato (2005) deu uma festinha e convidou alguns autarcas. Todos sabemos que quando somos convidados para um evento deste tipo devemos sempre levar qualquer coisa para oferecer ao aniversariante. Se for uma senhora fica bem oferecer um belo ramo de flores, para um cavalheiro talvez um vintage de boa marca, por exemplo.
Não me custa nada imaginar a cara de espanto do Sr. Presidente quando abriu o embrulhinho com o belo “clock” de 18 quilates.
- Oh! Oh!... Mas que surpresa mais agradável!?
Sim, porque segundo ele próprio afirma, não sabia de nada. Nem sequer sabia que ia receber uma prenda.
Parece que a imprensa já estava informada, mas ainda hoje não se sabe quem deu com a língua nos dentes.
Tendo a atribuição das verbas sido decidida pelas juntas de freguesia o Sr. Presidente acha que tudo está conforme com a legalidade.
Mas o mais interessante é o uso do velho hábito de perguntar “qué dele os outros?” para tentar justificar ou pelo menos amenizar o crime cometido. Então mete os exemplos de Sampaio e Catroga que acham não ser peculato aceitar prendas. Pagas com dinheiro do erário público?
Ah! Pois! Um Rolex de 15 mil euros? Caramba, ainda se fosse uma casa?
Claro que se fosse um automóvel utilitário também não estava mal.
E um Breguet Pocket Watch como o da figura que dava para comprar duas casas? Seria melhor?

Nota: Dei-me ao trabalho de verificar que Marco de Canavezes tem 29 freguesias e parece que só 26 contribuíram para o presentinho, donde posso legitimamente concluir que houve freguesias dissidentes, isto é, não sacaram 500 euros do erário público.
No País onde reina a falta de ética e a ilegalidade proponho que sejam julgados e condenados os únicos resistentes.

8 comentários:

Carlos disse...

Rolex???
A mim (que não percebo nada disso), pareceu-me que o que ele mostrou foi um Rado de ouro (não sei precisar de quantos kilates) e cerâmica (que acaba por ficar mais caro que se fosse de ouro tout-court).

durindana disse...

Esse foi o que ele mostrou colocado no pulso acrescentando para os jornalistas:
- Também foi carote!

José Leite disse...

Aos pobres só dão... impostos!!!

Cambada de IMPOSTORES!!!

José Leite disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
omitodesisifo disse...

O pior é o julgamento destes "pardais" acaba sempre provando que só comeram alpista...

durindana disse...

Então e o "líricos do campus"?
Ficamos assim deste jeito?
Há problemas de acesso ao dito?
Aparece.
A.M.

durindana disse...

O dono da fotografia do rolex que decorava o texto, cioso da sua posse e indignado com o seu uso abusivo resolveu chamar-me a atenção e creio que muito bem.
Na verdade eu não fui "captar" a fotografia ao seu blogue e limitei-me a copiá-la dos milhares de fotos que aparecem quando no google procuramos uma imagem qualquer.
De facto, talvez eu devesse ter consultado as propriedades para me certificar da sua origem, e, não o tendo feito, mas tendo já feito 74 anos de idade, não me sinto nada bem com a reprimenda. Resolvi substutuí-la por este meu relógio de cuco, já que nem uso relógio de pulso há muitos anos.
Nem sequer um swatch dos chineses.
Muitas felicidades para o irmão brasileiro e para o seu blogue.
A.M.

Carlos disse...

E eu sem saber...
Diga só se quer automático ou de quartzo, que a malta manda-lhe um.
Só não temos Rolex.
Quanto ao outro, diga-lhe que enrole a foto do relógio e a enfie no... muro das lamentações.