terça-feira, 3 de agosto de 2010

Desânimo


Descendo o rio num velho barco à procura de um pesqueiro aprazível na margem direita, onde instalar os apetrechos, deu em entrar água a bordo pelas frinchas da madeira que o calafate descuidara.
Nestas alturas agarra-se no vertedouro e toca de devolver ao rio a água que se vai acumulando no fundo. Se a inundação não for muito grande, tirando o incómodo, não vem daí mal ao mundo e a missão será cumprida até que se volte ao porto para reparar com pez e estopa as feridas do casco.

Passa-se o mesmo com a nossa vida.
Mas quando, com as longarinas desgastadas e a quilha a desfazer-se, a água entra em jorro pelas cavernas, não há vertedouro, que a salve.

A.M.

2 comentários:

mulher lua disse...

OLá

Todos os dias, falamos de vocês, e dizemos que à noite te vamos ligar, mas... depois, ou por isto ou por aquilo, esquecemo-nos, e depois já é muito tarde...

Vamos lá ver se hoje falamos.

Beijinhos

Carlos disse...

Há que ser optimista.

Se o barco deixa de se ver, é porque adquiriu capacidades de submersível.

Se bem que não tenha grande utilidade, passa a valer uma pipa de massa.

De resto, pode-se sempre navegar "à vista", em vez de andar perdido no meio do oceano.

Os portos seguros ainda não estão todos fechados.