Dizem
que o português é língua muito traiçoeira. Eu sei que é, pois já uma vez, por
prometer trazer “palha de Abrantes a uns amigos, quando fosse à terra, me vi em
palpos de aranha para lhes explicar o equívoco.
Desta
vez a traição da língua traz o folheto informativo do produto tal como aquele
que vem dentro de qualquer caixa de medicamentos, pelo que, toda a gente pode
ficar rapidamente esclarecida.
Vejamos
então:
A
Entidade Reguladora para a Comunicação Social aprovou por três votos a favor e
dois contra, uma deliberação na qual concluiu que Miguel Relvas não fez pressões
ilícitas ao Público.
Se
“ilícitas” está a adjetivar “pressões” é porque aquela entidade entendeu que de
facto tinham existido pressões, dado que, se assim não fosse, bastar-lhe-ia ter
dito que não tinham existido nenhumas pressões.
Tanto
bastou para que o Ministro-adjunto esboçasse sorrisos de satisfação.
Nem
o pormenor do resultado da votação ter sido de 3 - 2 lhe amarelou os sorrisos.
Vou
esperar sentado que alguém nos venha explicar com clareza qual o ponto exato em
que uma pressão deste tipo se torna ilícita.
Cá
para mim este “ilícito cheira-me a colete salva-vidas” que apenas serviu para
salvar o náufrago.
Nota:
A composição do Conselho é outro assunto.